QI, QA, QV
QI, QA, QV
QI
Os testes de inteligência surgiram na China, no século V, e começaram a ser usados cientificamente na França, no século XX.
Em 1905 Alfred Binet e o seu colega Theodore Simon criaram a Escala de Binet-Simon, usada para identificar estudantes que pudessem precisar de ajuda extra na sua aprendizagem escolar.
Ná há, todavia, um só tipo de inteligência mas múltiplas.
A teoria das inteligências múltiplas foi desenvolvida, a partir da década de 1990, por uma equipe da Universidade de Harvard liderada por Howard Gardner. Ela identificou e descreveu originalmente sete tipos de inteligência nos seres humanos e obteve grande impacto na educação no início dessa década. Acrecentou-se à lista, depois, um oitavo tipo, a inteligência naturalista.
Seriam, pois, as 8 inteligências:
1. Lógico-matemática - abrange a capacidade de analisar problemas, operações matemáticas e questões científicas. Medida por testes de QI. Matemáticos, engenheiros e cientistas...
2. Linguística - caracteriza-se pela maior aptidão para a língua falada e escrita. Também medida por testes de QI: oradores, escritores e poetas.
3. Espacial - expressa-se pela capacidade de compreender o mundo visual de modo minucioso: arquitetos, desenhistas e escultores.
4. Musical - expressa-se através da habilidade para tocar, compor e apreciar padrões musicais: mais forte em músicos, compositores e dançarinos.
5. Físico-cinestésica - maior aptidão de utilizar o corpo para a dança e os esportes: mímicos, dançarinos e desportistas.
6. Intrapessoal – faculdade de se conhecer: em escritores, psicoterapeutas e conselheiros.
7. Interpessoal - habilidade de entender as intenções, motivações e desejos dos outros: políticos, religiosos e professores.
8. Naturalista - sensibilidade para compreender e organizar os fenômenos e padrões da natureza: paisagistas, arquitetos e mateiros.
Uma atenção mais abrangente e mais fecunda para o comportamento humano trará o conhecimento do afetividade e da vontade.
QA
Afetividade
“...todo fato psíquico pode ser decomposto em dois elementos: o intelectual e o afetivo.
O primeiro é simplesmente gnóstico, constitui o conhecimento de uma situação, isto é, informa o conteúdo e a natureza dos objetos percebidos ou representados.
O segundo, o afetivo, exprime os valores, na acepção ampla desse termo, que a situação vivida significa para o sujeito. Designam-se com os nomes de sentimentos e emoções.” Garcia, J. Alves, Princípios de Psicologia, p. 134.
“... a emoção e o sentimento se distinguem apenas em grau e intensidade de suas expressões... a tendência é o instinto modificado pela inibição inteligente”. Idem, Ibidem, p. 141.
Existe outro aspecto da afetividade: “A paixão é uma inclinação que persiste e domina a atividade mental.” P. 142.
Uma extraordinário progresso na Psicologia Contemporânea é a afirmação da necessidade de de identificarem os sentimentos e expressá-los. Evitar os ressentimento e mágoas, pois.
QV
Livre-arbítrio
Antes de falar de livre-arbítrio, vou falar de desejo e de vontade.
Se eu disser: desejo comer uma feijoada e tenho vontade de comer feijoada ou disser desejo comer uma feijoada, mas não vou comer por força de vontade, está tudo certo. Vemos que a vontade ora pode significar desejo ora seu oposto. O desejo de alguma coisa não se modifica, mas a vontade sim. Em outras palavras: você poder não comer por força de vontade, mas o desejo persiste.
O fato de uma pessoa desejar comer uma feijoada, ter vontade de comer uma feijoada, mas se lembrar de ser uma comida forte, gordurosa, com muito colesterol, e, como tal, prejudicial a sua pressão já um tanto alta, leva-a a não comer a feijoada. Tendo isto em mente a pessoa não come a feijoada, o que demonstra ter força de vontade. A palavra vontade, pois, como tantas outras, significa o que é e o oposto de si mesma.
Muitas pessoas são levadas a comer certos alimentos por desejo, quando não deveriam comer; isto quer dizer que lhes falta força de vontade.
Quando um fumante diz que desejaria largar de fumar revela ter vontade fraca. Se uma pessoa quiser largar de fumar, de fato, se tiver vontade de largar de fumar, ela vai em busca de técnicas ou de pessoas que lhe ensinem a largar o vício. A pessoa tem livre-arbítrio para saber que o vício de fumar é mau, mas não tem força de vontade para abandoná-lo.
Nós compreendemos como vontade todo ato ou conjunto de atos
que foi pensado antes de ser executado. Esta antecipação é que confere especificamente ao fenômeno da volição humana. Quando uma pessoa diz que não fez isto por vontade, que não teve a intenção de o fazer, afirma que praticou atos cujos fins e conseqüências não previu com antecedência.
(GARCIA, J. Alves, Princípios de Psicologia, 1956, p. 241)
A vontade é capacidade de autodeterminação no tocante a fazer ou não alguma coisa, bem como de perseverar em sua decisão até completar tal coisa. O exercício vontade é uma faculdade distintiva do ser humano.
Vai além da atividade instintiva, ainda que os seres vivos desprovidos de cérebro, e mesmo naqueles que não atingiram ainda o estado de diferenciação em que surge o sistema nervoso, constata-
se uma atividade dirigida para um fi m e, por conseqüência, uma vontade elementar. (FOULQUIÊ,Paul, A vontade [1976?], p. 11)
Desejo e vontade.
Numa determinada idade, a criança torna-se capaz de apreciar o valor
relativo dos objetos do seu desejo. Em lugar de se deixar dominar pela
atração do momento, compara entre si as diversas possibilidades que se lhe oferecem e escolhe aquela que lhe parece preferível. Só então temos a vontade humana. (FOULQUIÊ, ,[1976?], p. 18)
Vontade racional e vontade moral.
Paralelamente à vontade puramente racional desenvolve-se a vontade
moral: a primeira limita-se a coordenar a ação com fim à satisfação das
tendências instintivas ou espontâneas; a segunda é racional desde a sua origem e implica a tendência para o bem. Sem dúvida o ser vivo não tende senão para o que percebe mais ou menos claramente como bom para ele; mas, com o desenvolvimento do espírito, o círculo do bem alarga-se e desloca-se dum modo singular; no limite, logo que atinge o nível da santidade, a vontade esquece o seu próprio bem pelo bem, ou, mais exatamente, é no bem que encontra o seu único bem. (FOULQUIÊ, [1976?], p. 18)
Uma bela maneira de domar a vontade é apontá-la na direção correta. “A obrigação de reconhecer o bem e ir atrás dele é absoluta”, (MUMFORD, Lewis, Conduta da Vida, 1959,
p. 187). A faculdade da vontade pode ser treinada como a musculatura. O fortalecimento da vontade é o fim principal da educação. A atividade voluntária é inteligente, refletida e livre. O exercício da liberdade e da vontade são os dois trilhos da bitola/educação. Sobre esses trilhos, o comboio/ser humano tem consciência clara e conveniente do lugar para onde se destina e aonde quer chegar.
A grande maioria das pessoas jamais ouviu falar da distinção entre desejo e vontade e sobre a necessidade de se fortalecer a vontade. O conhecimento precisaria estar vinculado à formação, ao desenvolvimento e à vivência da consciência. O objetivo das escolas, pois, deveria ser mais que ministrar o saber, enquanto o saber vale pelo emprego que dele se faz. Alguém chegou a afirmar: “Ciência sem consciência não é mais do que ruína da alma”. Consciência,
sabedoria e atitudes. No exercício da vontade há três fases:
• Deliberação. Uma pessoa sob a faculdade da vontade decide livre de hesitação e de exaltação. A pessoa examina o problema, desafio ou a atitude a tomar, considera as alternativas, os prós e os contras de cada uma e toma a decisão.
• A decisão põe fim à deliberação. A deliberação é um passo, a decisão é um outro e a execução é o terceiro passo do exercício da faculdade da vontade. A vontade precisa estar suficientemente forte para sustentar a execução do que foi decidido. A pessoa é livre quando consegue exercitar a vontade de maneira suave.
• A liberdade pode ser livre de e ser livre para. Uma pessoa pode ser livre da prisão e de ideologias, e não ser livre para conhecer o bem e ser livre para praticá-lo. Falta a essa pessoa a força de vontade, autodisciplina. Fortalece-se a vontade quando se faz aquilo que não se está disposto a fazer.
Livro ESCANDIR, p. 52 a 54
O fato de nós humanos termos vontade nos torna responsáveis pelas nossas decisões e ações. A dimensão moral do homem decorre do fato de ele ter vontade.
A vontade pode ser fortalecida através de pequenos atos é a maneira que convém.
Enquanto uns têm força de vontade suficientemente forte para a prática de esportes, a ponto de se tornarem vencedores, ganhadores de medalhas, batedores de recordes, a outros falta força de vontade para não tomar o sorvete que não deve.
A vontade é faculdade do espírito, da mente e do corpo. “Fazei penitência porque está próximo o reino dos céus”. A pessoa sabe ser necessário largar o vício do fumo, mas não tem força de vontade para fazê-lo. A pessoa decide fazer ginástica, mas o corpo não ajuda, ou comer menos...
Toda crítica será bem-vinda.