Ser livre
O curso proposto por Robym estava terminando. Ao retornar da praia, ele convidou Samyra para debater o último tema da série.
- Samyra, alguma vez já refletiste sobre o significado de “ser livre”?
- Creio que sim, porém de forma superficial.
- Bem, então, vamos estudar a questão mais de perto. A liberdade é um estado de consciência, uma sensação íntima de alegria e bem-estar. Esta agradável sensação surge quando o indivíduo acha-se em razoável coerência consigo mesmo. Assim, para usufruir a liberdade é preciso estabelecer sintonia entre valores subjetivos e comportamento objetivo, entre o pensar e o agir.
- Isto é fundamental. Neste contexto, creio que é possível conquistar um maior grau de liberdade mediante o fortalecimento da paciência e da tolerância frente às frustrações em geral.
- Para ser livre, é preciso um maior conhecimento pessoal. Mesmo inspirado em um “ser ideal”, paradigma de virtudes, é fundamental que cada um tome a si próprio como parâmetro de referência.
- Concordo plenamente, Robym. Também entendo que “ser livre” é não se permitir escravizar por qualquer vício.
- Sim. No mesmo sentido, é não se deixar limitar por pressões injustificadas da família, da sociedade, da própria consciência.
- Vejo que outro grande entrave à liberdade é o medo, este fantástico “impostor”. Ele pode induzir as pessoas a manter, por uma vida inteira, relacionamentos insatisfatórios, por absoluta insegurança.
- Em continuidade, enfatizo que a liberdade deve sempre vir acompanhada da responsabilidade. Assim, “ser livre” é também não se vincular a compromissos para os quais não se está preparado.
- Sem dúvida!
- E mais: “ser livre” é desenvolver a criatividade, descobrindo sempre novas possibilidades. É ser inocente, sem ser ingênuo. É aumentar a cada dia a sensação de vitalidade. É sentir-se desobrigado a agradar constantemente os outros. É não precisar justificar-se a todo o momento.
- Muito bem, Robym! E é comportar-se como Fernão Capelo Gaivota, que rompeu com seu bando, rebelando-se contra regras repressoras. Com isso, expôs-se a sérias conseqüências. Mas, descobriu uma nova razão para viver. Passou a voar além dos limitados horizontes impostos pelas convenções sociais do seu grupo.
- Para concluir, cito Charles Chaplin:
“Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para seu infortúnio. Por que haveremos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaços para todos.
A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza...
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos da humanidade, mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Não sois máquinas! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em suas almas.
Vós tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa.”
Do livro: "Encontros ao Entardecer"