Tratado sobre Amor-Próprio

O que será que significa isso?

Passo todos meus dias tão atribulado, que reparei agora, nunca ter parado para refletir sobre o que é realmente o amor-próprio. Dizem que é uma das coisas mais importantes que temos na vida. E que devemos sempre ter amor-próprio, temos que nos amar para então sermos amados, ouço pessoas, com boas intenções, dizendo, ame a si mesmo.

Apesar de todos esses bons conselhos, minha maior dúvida com relação a este tema, era se escrevemos “amor-próprio”, ou ‘amor próprio’. Quer saber... não vamos pensar nisso...

Amor-próprio, amor meu, amor por mim mesmo, amor de si. Formas não faltam para falarmos de um sentimento tão comum, mas que, por incrível que pareça, é levado tão pouco em conta em nossa vida.

Se existe um sentimento que seu significado é distorcido em nossos dias, é este, sobre o qual discuto aqui. E não é por poucos não, é mal entendido por todos.

O erro mais comum a se cometer, é confundir o amor próprio com o orgulho. Assim como confundimos orgulho com brio e brio com moralidade... (bom... não vou me enveredar por esse caminho, pois é muito longo).

Vou me ater à confusão que causamos quando pensamos em orgulho e amor próprio. Obviamente que não considero essa confusão nenhum absurdo, ou nenhuma falta grave, mas considero sempre pertinente, termos para nós o verdadeiro significado das coisas.

Falaremos sobre orgulho. Se procurarmos em um bom dicionário, veremos uma definição parecida com, elevado conceito que alguém faz de si próprio. Sentimento elevado da sua dignidade pessoal, soberba, vaidade e até amor próprio exagerado.

Em minhas poucas experiências de vida, percebo que o orgulho é como o rosnar de um animal acuado. Você por alguma desventura ou destemperança da vida, passa a perceber que é importante valorizar a si mesmo, mas geralmente essa conscientização vem tão carregada de ira, mágoa, desilusões ou outros sentimentos negativos, que acabamos nos embebedando com um vinho chamado amor próprio. Podemos dizer que amar a si mesmo é como degustar um bom vinho. E o orgulho é como manter a boca cheia desse vinho e mesmo assim querer degustá-lo.

Pois bem, passamos uma etapa, já sabemos a diferença entre orgulho e amor próprio. Mas pergunto: Onde está o amor próprio nessa história?

Vamos à resposta que conseguimos inferir, com essa base de pensamento ainda pouco estruturada. Se pensarmos no que diferencia o orgulho do amor próprio, conforme vimos são os sentimentos ruins. Então o que estabelece e personifica o amor próprio, são os bons sentimentos (e 2 + 2 são 4). Se o caminho para encontrar essa “fonte da juventude e felicidade” são os sentimentos bons, como faço para me amar se estou em profunda crise existencial, amorosa ou familiar? (poderia facilitar mandando você procurar um psicólogo, um padre ou um terapeuta). Mas acredito que você é capaz de conseguir, então recomendo.

Existem dois caminhos, de fora para dentro, ou de dentro para fora. Vamos esmiuçar isso.

De dentro para fora: Você pode começar fazendo boas sessões de meditação, mas para isso não precisa ir a nenhum templo messiânico. Basta acordar, respirar fundo antes de levantar da cama, se espreguiçar longa e demoradamente, a meditação vem em seguida, no banho, ou enquanto abre a janela e absorve os primeiros raios solares do dia. Então você inspira vida e expira todo e qualquer sentimento negativo.

Então, nada de briga no trânsito, mesmo que esteja atrasado, nada de reclamar do chefe antes do meio dia e brigar com o colega de trabalho nem pensar. Deixe fluir de dentro para fora aquela sensação gostosa que sentiu ao se levantar no dia maravilhoso que iniciou. Se precisar recarregar as baterias durante o dia, pare um minuto ou dois para contar ou ouvir uma história engraçada, para rir e sorrir com alguém que gosta. Deixar a vida fluir de dentro de você para o mundo, quando menos esperar, estará transformando o ambiente ao seu redor.

De fora para dentro: Se você pensa que tudo está uma droga, mas que também não vai deixar ninguém pisar na sua cabeça. Eu concordo com você, mas também não é necessário adotar uma postura defensiva, ou como disse antes, de animal acuado.

Assim você começa a regrar seus atos, sua conduta. Mesmo se sentindo sem vontade de dar um bom dia às pessoas, se cobre um pouquinho e dê um bom dia, um olá como vai? É bem provável que receba um sorriso de volta. Mas estou falando de um BOM DIA! E não de um “bum dinha” (aquele bom dia que falamos com cara de bunda). Tente contagiar as pessoas, se o seu dia não está bom, faça pelo menos o dia da pessoa bom. Seja gentil, educado, evite também brigas no trânsito, falar mal do chefe e amigos, tenha uma boa conduta. Não mate ninguém, não fale mal daquela loira sili-oxigenada que deu em cima do seu paquera. (quer dizer, isso tudo bem, essas merecem).

Se sentir que suas energias não estão boas, tente pelo menos não transmiti-las aos outros convivas. Então, se não pode oferecer, recomendo que receba. Não há mal nisso, deixe que as pessoas que amam você, te contagiem com boas energias e sentimentos. Mas não se esqueça de se policiar, para não ser um amigo chato, para baixo, porque desses todos fogem. E com o tempo você vai percebendo que o mundo a sua volta e as pessoas que te gostam, vão te colocando para cima e você acaba ficando bem e passa a valorizá-las e se valorizar.

Em suma, de dentro para fora é essencialmente do sentimento para o mundo e de fora para dentro é do mundo para seus sentimentos.

Acho que essa é uma pequena reflexão do que pode vir a ser AMOR-PRÓPRIO.

E para atar o último nó a este texto, rusticamente escrito, amor-próprio tem o hífen. Mas fiz questão de me descuidar dessa regra na hora da escrita. Pois o que importa é o que o sentimento de amor-próprio realmente exprime e não o que ele simplesmente significa para nós.

Fabi, esse texto escrevi pensando em você e nada mais justo que dedicá-lo a ti, minha amada amiga!

Queria também expressar o quanto essa amizade que estamos cultivando há tantos anos tem sido especial para mim, nesta fase que vivo. Com você estou descobrindo uma nova maneira de manter um elo intenso de amizade, mesmo estando longe.

Esteja sempre com Deus e com os que te amam!

beijos

Paulinho

Paulo Martiniano
Enviado por Paulo Martiniano em 12/03/2008
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