Paradoxo, Preconceito e os Quatro Níveis de nossa Realidade.[AlexMarq]

O desejo de satisfazer nossa carência de amor e afeto nos leva à maioria de nossas dores e angústias. A dura, nua e perversa realidade nos coloca diariamente em cheque quanto ao que sentimos e desejamos, não temos referência segura nem tampouco um apoio infalível. As mesmas mãos que por hora nos afagam e nos apóiam; em outras, podem ser as mesmas que irão nos agredir e acusar nossas falhas.

Nossos maiores inimigos de hoje foram nossos amigos de outrora. Só é possível temer o fogo, depois de ter se queimado algumas vezes. Só é possível discernir o mal, se provarmos desse veneno. Só buscamos a serenidade, porque já estamos mais do que saturados das conseqüências de nossas atitudes intempestivas.

Ainda somos tolos, não conseguimos reconhecer o que é bom e virtuoso se não provarmos o gosto do que é ruim e insano.

Hoje, no início do terceiro milênio da era cristã, temos a maioria das religiões e outras entidades congêneres; buscando a paz de todos os modos, porque temos a história humana recheada de sofrimentos, torturas e perseguições das mais cruéis e imagináveis. O ser humano ainda não consegue aprender sem a dor e o sofrimento. Abomina tudo que lhe é danoso, porém não tem capacidade de medir as conseqüências, que seus atos acarretam em outras pessoas a sua volta.

Atemo-nos demasiadamente em detalhes fúteis e pueris, que mais causam aborrecimentos do que contribuem com nosso ambiente. Queremos a certeza de que nos é eternamente incerto. Exigimos de nós mesmos às respostas, ao que não temos ainda a mínima condição de aprender.

Queremos ter poder e controle sobre tudo e todos que estão à nossa volta. E não conseguimos entender como nossas estruturas desmantelam-se com tanta facilidade em detrimento de nosso controle.

Ainda não aprendemos que; a Natureza por si só é sábia o suficiente, o ecossistema funciona por ele mesmo, basta o homem querer ter controle sobre ela para causar desequilíbrios e desastres.

Queremos, e exigimos, que as pessoas a nossa volta sejam como nós queremos que elas sejam; e não como cada um prefere ser. Temos a tendência de discriminar todos aqueles que não sejam como nós: da nossa religião, da nossa posição social, da nossa cidade, do nosso time, da nossa raça...

Vemos com estranheza todos os que nos são diferentes, como se fossem seres de outra espécie. Nos fechamos em preconceitos radicais e irracionais, criando gigantescas barreiras que nos cegam, impedindo-nos de ver além de nossa própria barriga.

Ainda nos falta aprender a enxergar o ponto de vista do outro, mesmo discordando de suas posições; mas ao menos, tentando ter uma noção do que sentiríamos no lugar dele. Talvez faríamos coisa muito pior do que aquilo que criticamos.

Ainda temos o costume de ver e enfocar o que é mais fácil e cômodo; a cultura do mosaico, a informação fragmentada, que dá margem a suposições que fogem à realidade.

Balizar nossos argumentos no que está escrito, faz parte de nossa cultura; todos os estudos seguem sempre nesse sentido. Porém, nem tudo o que existe em nossa realidade; é passível de mensuração ou formulação.

Temos nossa realidade subjetiva que mexe diretamente em nossas emoções e em nosso raciocínio; ela independe de forma concreta. É a mesma vibração e energia que nos faz sentirmos atraídos ou repelidos por alguém; sem nenhum nexo no senso comum.

Vivemos em quatro mundos simultâneos e interdependentes; acreditando ou não... Temos nosso corpo carnal e palpável sujeito a todas as ações e intempéries do mundo em que vivemos. Temos também nossa consciência, que revela nosso conhecimento e nosso raciocínio (nível lógico); junto a esse temos nossas emoções, sentidas e absorvidas de nosso meio (nível emocional); estas energias emocionais tem um poder tremendo em nossas vidas e pouco sabemos administrá-las; é nesse nível que ficam armazenadas nossas energias cármicas, que conseqüentemente atraem energias semelhantes. É dessa energia que vem a causa de muitas doenças e também de muitas curas.

E no meio disso tudo, temos nosso espírito; no sentido de essência individual, eterna e indestrutível, com seu lastro em sua origem perfeita. Sem tamanho ou forma definida, somente essência; ainda muito distante de qualquer formulação nossa que possa explicá-la um pouco mais.

A essência nos faz existir e sermos seres distintos uns dos outros, nosso raciocínio e nossas emoções são as pernas que nos levam nessa nossa jornada chamada vida... Para caminharmos de modo satisfatório, temos que possuir ambas fortalecidas, em movimento continuamente sincronizado; e no máximo de equilíbrio.

Nosso corpo é o veículo dessa nossa viagem, ele traz em si toda experiência de nossas viagens anteriores e, em seu caminho, adquire as marcas das derrapadas e buracos encontrados nas estradas tortuosas de nosso caminho.

A única certeza que temos dessa vida é de que ela acaba, acreditar no que vem depois vai de cada um.

Viver, aproveitando cada minuto para aprender sempre um pouco mais; e investir sempre em valores perenes (os únicos que poderão ser levados conosco desse mundo) faz parte da missão de cada um.

As maiores riquezas do universo estão dentro de cada um de nós... Todos nós temos a nossa essência, feita à imagem e semelhança do Criador. A fé não se encontra nessa ou naquela denominação, mas no coração de cada um de nós.

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