AINDA SOMOS OS MESMOS???
Tive um momento de ousadia durante essa semana: estava ouvindo música tranqüilamente em meu quarto como sempre faço. Quando tocou “Como nossos pais”, achei absurdo Elis afirmar de forma tão convicta que “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Ahhhhhh, não...sou muito diferente da minha mãe...mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...a modernidade invade nossa vida a cada dia, somos muito diferentes de nossos pais, não é??? Não...não é... e não estou aqui tratando de genética, que afirma que todos os seres humanos têm 99,9% do código genético descrito de forma idêntica. Estou falando da constituição humana, de seus valores, suas regras. O que temos na verdade, são mudanças mínimas, e ousaria dizer que são pseudo-mudanças. Querem ver?
Cresci ouvindo minha avó me contar histórias de sua época. “No meu tempo, tudo era diferente. A mulher tinha obrigações com o marido, as pessoas iam à igreja sempre pois temiam a Deus, as crianças tinham respeito pelos pais”. As histórias de minha mãe não eram muito diferentes: “Mulher trabalha mas cuida da casa, você precisa estudar muito para ser alguém na vida, meninas brincam de boneca, mocinhas devem se comportar”. Meu pai era um pouco diferente: “Tome a benção do seu avô, não fale com sua tia assim porque ela é doente, ele é o chefe-logo ele tá certo minha filha”. Isso lhe parece familiar, não é??? Claro que sim.
A grande verdade, é que apesar de todas as mudanças ocorridas, que nos parecem satisfatórias, ainda somos os mesmos, e os valores impostos há séculos ainda prevalecem. Vibramos a cada caso de punição contra preconceituosos, achamos interessante uma mulher ou um negro assumir a presidência e cargos de poder, nos espantamos com cada superação de um deficiente físico e com vitórias dos “desfavorecidos pela hierarquia”, nos emocionamos com o pedido de perdão da igreja pela catástrofe gerada durante a inquisição. Por que isso ocorre? Elementar...Porque o que foge dos padrões surpreende os seres humanos. É como uma regra que foge à exceção. Fato é que enquanto nos surpreendermos de tal forma, é porque na realidade nada mudou.
Qual seria a solução então? Bom...apelando para a genética, seria deixar que 0,1% de genes que temos de diferença e que são responsáveis por milhões de características que nos difere possam atuar em favor das mudanças. Tratando do lado menos científico, talvez seria deixar o padrão de lado e ousar, começando por mudanças em você mesmo, por exemplo(tá certo, eu sei que é extremamente difícil, mas tentemos!!!). Lembrem-se: as grandes mudanças devem ocorrer de dentro para fora, apesar de termos nossa identidade construída de fora para dentro.
Enquanto isso, deixo meu questionamento de lado e passo a concordar plenamente com Elis: Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais, que vivem como os pais deles, que vivem como os pais deles, que vivem...