" O Retorno " Parte l (Inicio dos Capitulos)
Sejam Bem Vindos ao ensaio de deste livro ele está na sua forma primitiva, original, sem alterações ou revisões.
Está na forma em que eu todas as noites escrevo, e agora eu o convido para ser coadjuvante nesta aventura.
Leia!
Comente!
Faça a sua critica!
Ela será parte muito importante na continuação deste Livro.
Divulgue!
Um abraço.
Que a luz esteja com você.
Carlos Ventura
O Romance É uma viagem aos anos de chumbo em que um ex-militante faz uma analise de tudo que passou e viu.
Visualizando tudo dos dias atuais.
A "Esquerda no Poder" Será?
A analise é sua, boa leitura!
“O Retorno”
By
Carlos Venttura
Esta obra é uma obra de Ficção qualquer semelhança é mera coincidência
No silencio da madrugada na beira do grande lago apenas os sapos promoviam a sua festança.
Gotas de orvalho caiam sobre as folha do grande jequitibá.
Do outro lado do lago se via as luzes do casarão, que também eram refletidas pelo grande espelho natural que é o lago.
Ele notara que muito pouco mudou naquele lugar que há muito só fazia parte do seu imaginário e lembranças da sua infância.
-Julinho! Julinho! Vamos correr até a beira do lago!
- Vamos.
Corria a bela adolescente de tranças junto com o seu melhor companheiro e amigo João.
Ao chegarem à beira do lago quando estava preparando-se para pular se depararam com algo que muito chamou a atenção deles, uma mulher jovem estava na margem do lago com o tronco sobre a beira do lago e o resto do corpo sob a água e um ferimento na cabeça que ainda sangrava.
Roberta ou Beta, Assim que se deparou com aquele quadro soltou um agudo grito.
João que chegara primeiro a beira do lago estava mais próximo e mesmo assustado fez sinal de silencio para que beta não mais gritasse.
Julio que chegou logo atrás também estava tremulo, mas não querendo demonstrar a Beta o seu terror disse: Calma! Beta. É só uma moça, parece que ou caiu acidentalmente no lago e bateu com a cabeça em alguma coisa.
João disse para Julio baixinho para que a Beta que estava mais distante não ouvisse:
Julinho! Julinho! Ela está Arm..
Julio se aproximava da moça, ela acordou atordoada e com um revolver na mão apontou para Julio e depois para o João. Beta mais uma vez gritou. Julio que estava próximo chamou a atenção de beta pedindo que ela se acalmasse. Olhou para a Jovem que apontava a arma para ele e disse: Calma moça! Nós moramos aqui e só queremos ajudar. Meu nome é Julio este é meu amigo João e a minha prima Roberta.
A Jovem tentava manter a mira mas o braço não se sustentava apontando a arma para os garotos, baixou o braço e desmaiou.
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- Acorda! Acorda! Seu comunistazinho de merda você vai fazer uma viagem.
A cela úmida do Dops é aberta e uma enorme luminosidade invade os olhos de Cardoso.
- Para onde vocês estão me levando?
– Você tirou a sorte grande seu bosta, alguém muito influente conseguiu se responsabilizar por você e colocou seu nome na lista dos apiedados mas antes, eu tenho uma lembrancinha para você levar na viagem.
Disse o Seu torturador antes de levá-lo para mais uma seção de horror e tortura na famosa sala do pau de arara.
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- Não tem jeito Lúcia! Já foi decidido você vai para a Bahia lá você junto com o companheiro Carlos mobilizar alguns companheiros para a luta. Lá as coisas estão desorganizadas, mas o *Aparelho é seguro e afastado da cidade uma fazenda de um antigo coronel do cacau.
- Eu não queria ir para lá agora, queria ficar aqui.
- Olha Lúcia todos votaram a favor da sua ida para lá, pois você tem experiência no trabalho de mobilização de campo e já enfrentou situações parecidas em minas e no interior do Rio.
- Jonas quando tudo isso acabar eu vou tirar umas férias sob o sol da liberdade.
Respondeu Lúcia e todos riram.
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- Julinho você vai para a casa dos seus avôs para passar uma temporada por lá, pois as coisas por aqui não estão muito boas, estamos vivendo dias politicamente difíceis e a sua mãe vai com você, logo, logo eu irei para lá e ficaremos juntos novamente.
A conversa é interrompida por Marta a mãe de Julinho.
-Julio César! Seu irmão está aqui!
Entra pela porta da cozinha um homem alto com um uniforme verde-oliva - Olá Julinho como você vai?
– Vou bem tio Paulo.
- César! Temos que conversar!
- Olá Paulo a que devo a honra? Vamos para a sala, você quer beber alguma coisa? Julinho, mais tarde conversaremos.
- Não quero beber nada ainda tenho que ir para o quartel. César eu não vou mais poder ficar livrando a sua cara dos problemas que você mesmo anda se metendo, o que é que você quer?
Ser preso? Ou pior?
(Julio) : – O pior que você está se referindo é ser assassinado? Não é isso que vocês estão fazendo nos porões dos quartéis e delegacias?
(Paulo): – Eu não sei de nada disso que você está falando. O que eu sei é que está havendo uma guerra ai fora os comunistas estão querendo implantar o horror aqui e está usando os nossos jovens para isso transformando esses loucos em terroristas. O que nos estamos fazendo é defendendo você e a sua confortável vida pequeno burguesa, e o nosso pais da invasão comunista.
Portanto numa batalha existem baixas e isso é inevitável.
(Julio) : - Baixas? Jovens mortos em salas de torturas presos amarrados e indefesos? É essa a guerra que vocês estão lutando? Dentro das salas de torturas? Isso é vergonhoso! Escutar você dizer que é esta a guerra que você está lutando. É este o bravo soldado que como em canudos exterminaram velhas mulheres e crianças e se gloriaram com a vitória sobre o feroz inimigo. Eu não imaginaria que algum dia iria escutar isso vindo de você. Como eu já te falei eu não tenho nenhuma ligação com partidos ou qualquer coisa ligada a essa “Guerra” sou apenas um professor de matemática e física. E meus alunos quando me procuram ou falam comigo é para tratar de assuntos da universidade.
(Paulo): - Não adianta me falar que você nada tem haver com o que seus alunos andam fazendo e que é um simples professor e não se envolve em política. Eu vi fotos suas e da sua mulher conversado com perigosos terroristas fantasiados de alunos. Então vê se cai fora, vai lá para a fazenda dos seus sogros na Bahia e esquece a universidade e tudo que possa ligar você a ela.
Pois além disso, eu estou para ser promovido a Major e não quero que essa sua conduta e seus pensamentos políticos e ideológicos possam atrapalhar de alguma forma isso. Já não basta estar sendo questionado pelos meus superiores sobre você e a sua mulher. E para o seu bem e da sua família é o melhor a fazer.
Ou você quer que estes comunistas sequestrem o seu filho e o transforme também em terrorista. Pois é isso que eles estão fazendo enfiando merda nas cabeças de meninos assim como o Julinho e pondo armas na mão deles em nome de uma liberdade que nem eles têm lá na Rússia. O que eu estou te dizendo Julio é que isso que está acontecendo é real não é uma fantasia. Eles estão partindo para a luta armada para o enfrentamento, assaltos, sequestros, estão indo para cuba para treinarem e quando voltam, voltam totalmente mudados. Não reconhecem a família, as autoridades constituídas e nem acreditam em Deus. Voltam dispostos a matar e se estão dispostos a matar sabem que podem morrer também.
Por isso é que nós estamos sendo mais duros. Não se trata só de passeatas estudantis e sim de anarquia e crimes contra o país e contra o nosso povo. Estão se infiltrando em todos os cantos, nas artes, nas escolas secundaristas e igrejas até nas forças armadas. Temos que impedir este avanço com todas as armas.
Para garantir a segurança das nossas famílias e do nosso país.
(Julio): - Estou vendo você fazendo esse discurso para a sua tropa. Só que eu não sou seus soldados. Então não me venha com esse discurso reacionário e ditador. Pois eu sei sim o que está acontecendo com o país que você prega defender com a própria morte! E o que vocês milicos estão fazendo com os nossos jovens dentro e fora dos quartéis.
Vocês deram um golpe no País e o que seria "temporário" agora é o poder pela força e a todo custo. Vocês nao tem um plano para o País e sim um plano de poder. Não se preocupe pode ficar tranqüilo nada vai acontecer com a minha família e nem comigo. A Ana e o Julinho vão para a casa dos pais dela e eu vou continuar a dar as minhas aulas neste semestre e assim que ele terminar eu irei ficar com eles por lá.
(Paulo): - Quanta inocência? Você acha que se estes que dizem lutar pala democracia, se um dia chegarem ao poder neste país não terão um plano de poder? Será mesmo que na Russia eles de fato dão o poder ao proletariado, como dizem?
Olha Julio, o futuro a Deus pertence mas haverão dias neste país em que seremos lembrados como os Salvadores da Pátria.
Espero de fato que você vá para a Fazenda e fique por lá até que as coisas se acalmem por aqui. E as reuniões?
(Julio) : - Que reuniões?
(Paulo): – As que de vez em quando você tem feito aqui com os seus amigos comunistas? Ou você pensa que não se sabe disso? Só não invadiram aqui ainda por que eu impedi. E disse que eu estava monitorando a situação.
(Julio): – Você agora vigia a minha casa! Isso é um absurdo nem receber amigos em casa não podemos mais! São amigos professores e alguns alunos e as reuniões são abertas não falamos de política e sim sobre teoremas, formulas e cálculos. Alguns estão escrevendo suas teses e vem aqui para discutimos sobre isso. Se você quiser pode vim para uma dessas reuniões não precisa avisar aparece e você verá.
(Paulo) : – Você sabe que se eu vier a uma dessas reuniões vou ter que levar todos para um interrogatório inclusive você e a sua mulher. Então não me convide! E encerre estas reuniões, pois se vierem aqui não vai levar vocês só para averiguações e eu posso estar viajando e ser muito tarde para poder ajudar a você explicar que as reuniões são sobre teoremas e etc..
Boa Noite!
(Julio) : – Boa Noite Paulo e obrigado por suas preocupações.
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- Cardoso você vai compor a equipe que vai fazer uma ação armada no banco, então como é a sua primeira ação externa vamos treiná-lo e por você a par de todos os passos. Vamos ter de Mudar de aparelho para esta ação, você já pegou em uma arma? – Perguntou a ele Lúcia num tom serio na frente de todos os companheiros que estavam no apartamento.
- Cardoso com um olhar assustado e surpreso responde – Sim! Eu já dei alguns tiros de espingarda lá na fazenda. Marcos “O mineiro” comentou: - Isso não vai ser as caçadas de Pedrinho, garoto. Você poderá morrer ou matar alguém já pensou nisso? Você está preparado para isso?
- Vai com calma Mineiro Você vai assustar o garoto. – Disse um Homem Mais velho que observava o a reunião e fazia parte da direção do partido.
- Calma? Calma é o caralho porra! Tem é que ser claro com ele, pois ele vai para uma missão que alem de importante para angariarmos recursos para a luta temos que ser muito cuidadoso pois é a nossa primeira ação num banco. Ele tem é que ter medo, pois tendo medo ele será mais cuidadoso.
Vociferou o Mineiro.
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Senhor! Senhor! Podemos agora seguir para a cidade?
Sim Podemos.
O homem entra no carro e segue silenciosamente para a cidadezinha observando o caminho que já estava começando a ficar iluminado pelos primeiros raios de sol.
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- João vai levá-la para o deposito até que ela acorde e possa nos dizer o que aconteceu com ela. Beta! Você vai até o casarão e pega a caixa de medicamentos do Vovô sem causar alvoroço. E se alguém fizer alguma pergunta você diz que um menino aqui da redondeza cortou o pé no lago e eu vou fazer o curativo. Leva a mala lá para o deposito velho nós estaremos lá.
Vamos João pega ela pelos braços e vamos carregar a moça.
Vai Logo Beta!
Eu acho melhor falar para a sua mãe Julinho! – Disse Beta-
Respondeu Julinho: Vai e faça o que eu te falei! Eu sei que você pode e sabe guardar um segredo.
(Então Beta saiu correndo em direção ao casarão enquanto Julinho e João levavam a moça para o antigo deposito de cacau)
João comentou quando chegaram ao deposito: - Julinho, ela está muito ferida, parece que esses ferimentos são tiros. Ela está sangrando muito na perna e logo ali nas costas temos que chamar um doutor ou alguma coisa assim. Isso é muito serio. E tem mais! O que é que uma moça bonita e que não é dessas bandas esta fazendo aqui ferida a bala e armada. E por falar em arma o que é que vamos fazer com este revolver?
Respondeu Julinho: - Vamos ficar com ele até esclarecermos as coisas e não podemos de maneira nenhuma enquanto não falarmos com ela chamar ou com alguém sobre ela. Ela está ferida e desarmada nada vai nos fazer de mal, vamos tentar cuidar desses ferimentos só vamos chamar alguém se ela piorar.
Comentou João: Mais ainda? Ela quase que não respira direito e perdeu bastante sangue. Quem vai tirar a roupa dela? Temos que tirar toda a roupa dela e arranjar alguma coisa mais leve menos apertada para ela vestir.
– Vai lá onde à tia graça Guarda as roupas secas entes de levá-las para passar, deve ter lençóis e algum vestido daquele que a vovó usa pra dormir. Pegue Também um cobertor bem grosso se não tiver eu trago do casarão.
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- Pessoal! O aparelho foi descoberto tem militares por todo os lados temos que sair daqui agora e fugir! Vamos! Onde está o companheiro Carlos?
Uma jovem magra e loira que estava sentada tomando café numa caneca esmaltada azul, falou com voz tremula: - Ele foi fazer a ronda pela fazenda mais o Antonio.
-Bem vamos fazer o seguinte peguem as armas e sem muito tumulto vamos sair daqui não vão para a cidade de maneira nenhuma. Peguem à estrada pra fora daqui sempre pela mata vamos para Ilhéus e lá nos encontramos na casa do professor Coelho. Eu vou tentar ver se encontro o companheiro Carlos. Lúcia venha comigo! O resto de vocês boa Sorte e cuidado! Vão Logo!
Neste momento um tiro ecoou la fora, a jovem Loira empurrou a mesa e gritou: - São eles! Eles já chegaram aqui estamos perdidos E agora? Todos entraram em desespero, Lúcia e Zé Sergio que era um militante vindo de Salvador pediram que todos se acalmassem, a jovem loira era a que estava mais nervosa e gritava: - Vamos morrer! Vamos todos morrer! Lucia se aproximou dela e deu uma tapa no rosto dela e disse: Cala a boca Joana! Você tem que manter à calma, pega a sua arma e mantenha o silencio!
Foi quando começou a se ouvir vários tiros e o barulho estava mais próximo da casa que o primeiro disparo, Zé Sergio Olhou para fora pela janela e disse: - Apague este candeeiro e se abaixem! Vamos sair daqui agora!
Nunes que era chamado de Padre pois era seminarista, repetia baixinho: Viva la revolucion! Viva lá revolucion, Viva..
Escutaram passos na varanda e todos ficaram tensos, alguém tentou balbuciar algo e foi repreendido pela voz firme de Lucia : - Se alguém aqui falar alguma coisa eu dou o primeiro tiro em quem abrir a boca!
Os passos estavam próximos da porta, Zé Sergio engatilhou a sua arma com cuidado e apontou para porta. Ouviu-se uma voz vindo do lado de fora: - É o Carlos não atirem abram a porta!
Zé, se aproximou apontando a arma na direção da porta e o Carlos disse: Sou eu companheiro!
Zé abriu a porta e o Carlos entrou rápido fechou a porta e disse: Mataram o Antonio eu consegui fugi e levei um grupo de Soldados até a cachoeira Despistei-os e vim pelo outro lado eles estão por toda a mata temos que sair agora, pois eles estão na fazenda, mas estão vindo pelo lado dos depósitos de cacau. Vamos agora!
- Levantou-se e tomou a direção da porta seguido por Zé, Lucia e Nunes, que continuava a sua ladainha: Viva lá revolucion... Todos saíram aproveitando-se da escuridão e seguiram correndo para a parte de trás da cassa onde havia uma pequena colina que dava para o lado sul da fazenda. Quando já estavam no meio da pequena colina a Lucia olhou para trás e disse: - Gente! Onde está a Joana? – O Zé Sergio falou: Porra! Sempre essa menina apronta alguma e agora essa ela ficou apavorada e não saiu da casa. Vocês seguem na frente eu volto pra buscar ela, vão!- Carlos Disse: Tudo bem companheiro, vai lá buscar a companheira Joana. Vamos seguindo na frente.
O Zé desceu em direção a casa, subiu à varanda, a porta estava entre aberta e ele falou: - Joana! Sou eu O Zé não atire voltei para te buscar.
O silencio continuava dentro da casa ele empurrou a porta e olhou para dentro da casa como estava muito escuro ele tirou o fósforo do bolso e acendeu. Com a luminosidade que se formou dentro da casa ele pode ver a Joana que estava embaixo da mesa sentada segurando os joelhos e com os olhos petrificados, olhava em direção ao nada. Ele foi à direção dela abaixou-se e olhou dentro dos olhos dela e disse: Joana Vamos! Temos que sair daqui segure a minha mão e levante, não temos mais tempo.
Ela o segurou no braço dele e disse: - Quando eu era pequena eu sempre tive medo do escuro tinha medo de olhar em baixo da minha cama à noite e agora sinto que eu era para enfrentar aquilo, olhar debaixo da minha cama, pois o que eu estou sentindo agora é muito maior que eu ou aquele medo do escuro que eu tinha. Estou com medo e esse sim é o verdadeiro medo, medo de morrer, medo de ser torturada, medo de passar por todo esse tormento por nada. Medo que essa ditadura seja muito mais longa que possamos imaginar. Eu queria poder agora ver a minha mãe meus irmãos meu pai. Que saudades deles! Uma saudade com o gosto de certeza. A certeza que não mais verei nenhum deles.
Zé disse a ela: - Nada disso Joana, nós vamos sair daqui sim e agora. Vamos rir depois deste seu medo.
Joana o puxou para perto dela e falou: Eu queria ver nos seus olhos esta certeza.
Ele acendeu, mas um palito de fósforo e ergueu a mão para iluminar seus olhos e disse: Nós vamos sair desta!
O fósforo apagou e Joana comentou: Este brilho dos seus olhos reflete o meu medo e o seu temor. Não é o mesmo brilho que fez com que eu largasse tudo depois que te ouvi falar naquela reunião do partido em Salvador. O brilho que você direciona a cada um que te escuta quando você tem a palavra nas reuniões. O brilho que você direcionava para mim quando me olhava me desejando e que sempre você desviava quando eu respondia com o mesmo desejo no meu olhar, querendo beijar a sua boca. Cheia de desejo de fazer amor que aflorava em cada pequeno instante que estávamos sós, e você mergulhava tudo isso em nome do movimento em nome de uma liberdade que neste momento sabemos que pertence agora aqueles que estão lá fora a nos cassar como animais. Vejo que este é o nosso momento de liberdade. A nossa liberdade está nos olhos de todos os companheiros a nossa liberdade é o Medo!
Tenente! – Sim! Respondeu um jovem tenente que estava a observar a movimentação dos soldados. O Sargento que acabara de chegar ao seu lado continuou: - Um soldado viu lá naquela casa focos de luz como se alguém estivesse lá.
- Reúna os homens e vamos averiguar, se houver algum comunista lá hoje teremos carne vermelha no jantar.
-Cabo! Disse o Sargento: Reúna os homens e vamos avançar com cuidado em direção aquela casa.
No momento em que o sargento passava as ordens para o cabo chegava ali o comandante da operação o temido Major Campos, vindo do Rio de Janeiro para esta operação.
-Tenente! O que está acontecendo aqui?
O jovem oficial tomou posição de sentido fez uma formal continência e respondeu com a sua voz tremula: -Um soldado viu alguma movimentação lá naquela casa e estamos nos dirigindo para lá major.
- Antes reúna os homens que eu quero dar uma palavrinha com eles. Disse o major com a sua voz calma e ao mesmo tempo firme.
– Sim senhor! Pelotão! Sentido!
Pronto Major os homens já estão formados!
Pelotão! Descansar!
O Major começou a andar por entre os soldados que estavam formados em quatro colunas e começou a falar observando cada olhar e a postura de seus subordinados. Com um pequeno bastão todo trabalhado em madeira e detalhes em metal polido ele batia contra a sua mão esquerda e quando passava por algum soldado que estava com o rosto inclinado para o chão com a ponta deste bastão ele erguia o queixo do saldado.
- Homens! Esta é uma operação de suma importância! Vale lembrar novamente a vocês que o nosso país está sendo ameaçado por estes comunistas, que estão fazendo de tudo para destruir a nossa soberania e cabe a nós o braço forte da nossa sociedade impedir que isso aconteça. O nosso país, os nossos filhos e toda a sociedade espera que nós cumpramos o nosso papel que é zelar e guardar a nossa soberania! Somos a trincheira que separa e protege a nossa soberania destes comunistas, homens e mulheres que não sentem pena, dor ou remoço. Estão aqui para destruir tudo aquilo que nós acreditamos. Todos os valores que nós defendemos! A honra! Deus e a Família!
A Família! O nosso bem mais precioso, esta sendo dilacerada pois jovens estão sendo cooptados e corrompidos por estes comunistas. Pois no comunismo a família não existe e nem o respeito a ela, eles fazem sexo com as mães irmãs e filhas. Tudo é dividido entre eles, trocam entre si as suas mulheres e filhas. E querem fazer isto aqui também! Nós não podemos deixar que isto aconteça! Nós que acreditamos em Deus no governo na moral e nos valores familiares não podemos deixar que esta praga vermelha invada o nosso país!
Não podemos deixar que a nossa Bandeira símbolo do nosso belo e lindo Brasil, nas suas cores Verde, Amarelo, Azul e Branco seja substituída pela bandeira Vermelha com a foice e o martelo do Comunismo!
Estes terroristas que estamos procurando não são brasileiros! Não! Se fossem brasileiros não estariam lutando contra as instituições, contra a família, e nem estariam lutando contra Deus e tudo que temos como sagrado! Esta célula comunista que está tentando se instalar aqui é extremamente perigosa estes comunistas foram treinados em Cuba na terra do demônio barbudo. São fanáticos! Vocês não sabem mas quando se vai pra Cuba lá eles fazem uma lavagem cerebral nestes homens e mulheres que pra lá são enviados. Que esquecem quem é de onde vem, não sabem mais quem são seus parentes ou quem é Deus!
Passam vinte e quatro horas em câmaras fechadas sem a luz do sol escutando por uma alto falantes doutrinas comunistas.
Então homens! Este é o inimigo mais perigoso que um Exercito regular pode enfrentar, pois eles não tem sentimentos ou compaixão pelos inimigos, matam mulheres e crianças. Estão fortemente armados.
Portanto muito cuidado!
Se puderem pega-los vivos, ótimo! Poderemos tirar deles informações valiosas para defendermos a soberania nacional. Se não puderem pegar estes comunistas vivos só parem de atirar quando tiverem certeza de que eles não se mexem mais!
O Brasil é nosso e ninguém vai tomar ele de nós!
Sentido! Tenente! -Sim Senhor Major! – Separe os homens em quatro grupos eu quero homens lá naquela colina atrás da casa vamos fazer um cerco e se houver qualquer pessoa naquela casa não terá como escapar.
- Homens! Disse o Tenente: Eu quero um grupo agora naquela colina, e o restante segue comigo vamos cercar a casa. Não façam nada sem a ordem do major ou minha e eu quero silencio total. Eu quero pegar esses comunistas vivos se possível pois a minha prima foi sequestrada por eles e tenho que saber onde ela está antes que eles a mandem para cuba para limpar a cabeça dela!
Acelerado!
- Eles estão demorando muito! (Comentou o Padre) - Vamos seguir em frente eles virão logo atrás! Disse Carlos.
Lúcia o segurou pelo braço e disse: - Por enquanto estamos num lugar seguro e privilegiado podemos ver qualquer movimentação lá em baixo vamos aguardar só mais um pouco.
Lucia era muito respeitada pelo Carlos, ele sempre escutava as opiniões dela.
- Olha! Soldados estão indo em direção a casa - Alertou o Padre.
E agora o que vamos fazer?
- Atenção homens! Disse o Tenente ao se aproximarem da casa.
O Major que estava encostado na alvenaria que havia ao lado da escada que dava para a porta de entrada da casa gritou: - A casa está cercada! vocês não têm para onde ir! Aqui quem é o Major Campos! Saiam com as mãos para o alto e se entreguem, nós iremos sem violência escolta-los até a capital, para as devidas averiguações!
O silencio era total dentro e fora da casa, Joana disse para Zé: Agora raiou a nossa liberdade! - Zé disse: Calada! Vamos ficar em Silencio.
- Cabo! Chamou o Major. - Você vai subir a escada e da varanda vai jogar uma granada lá dentro leve mais um homem com metralhadora pra te dar cobertura! Sim Senhor! – O Major deu um sorriso e olhou para o Tenente, que perguntou: - Major! O objetivo não é prendermos estes comunistas vivos? O Major olhou com um ar de quem não gostou da pergunta do jovem oficial e disse: Quem prende é a policia! Nós somos soldados! Somos treinados para guerra e isso aqui é uma operação de guerra Tenente, e numa guerra a surpresa é um elemento que pode ser o fator de vitória ou derrota de um exercito. Vamos levá-los se eles estiverem ai dentro como der para levar.
Vivos ou motos. Não vou aceitar nenhuma baixa do nosso lado então não vamos arriscar.
Ou você está questionando as minhas ordens? – Não senhor em absoluto! Eu só pensei que...
O major disse: Oficias subalternos e praças não podem perder tempo pensando sobre a ordem dada por um oficial superior vocês cumprem!
Um dia se você não dificultar a sua ascensão na carreira como oficial do com questionamentos impróprios, vai entender melhor sobre o que eu estou te falando.
- O que é isso? Uma pedra? - Perguntou Joana a Zé, ele respondeu: Não! É uma Granada! E cobriu o corpo de Joana com o dele ela gritou e em seguida ouviu-se a explosão.
Joana estava completamente surda e atordoada sentia também uma dormência na pernas e que seu corpo estava sendo molhado por um liquido morno, era o sangue que jorrava da cabeça de Zé vários estilhaços atingiram em cheio a cabeça dele. O corpo pesado de Zé César estava sobre o dela, ela estava sem poder se mexer e não sentia a sua perna direita. Mesmo assim pegou a arma de João que estava próxima a sua mão e começou a atirar em direção a porta e gritar. O major deu a ordem para os soldados abrirem fogo. E o barulho das metralhadoras e tiros de fuzil ecoou pela mata.
Lá do alto da colina Lucia, Carlos e o Padre observavam perplexos os clarões dos tiros dados pelos soldados em direção a casa.
Suspendam o fogo! – Disse o major. O Tenente repetiu a ordem dada pelo Major mais umas cinco vezes até que os soldados suspenderam o fogo por completo.
Mas um Click intermitente vinha do interior da casa. Era Joana que com o seu revolver vazio continuava a atirar com os olhos fixos na porta, ela não estava mais ali e sim num estado de choque total. Na sua cabeça ela ainda estava atirando, o gesto motor de apertar o gatilho era um misto de ação reflexiva e total estado de animação suspensa. Ela estava muito ferida, sentada diante da porta com o corpo do seu companheiro no seu colo, atirava, atirava, atirava...
Um soldado foi até a porta da casa rastejando e olhou para dentro e em meio à escuridão viu a sombra de Joana e deu uma rajada de metralhadora na direção dela. Então o Click parou. Logo atrás do soldado vinha agachado o major que ordenou que ele atirasse novamente para o interior da casa e assim ele fez novamente até que o carregador da sua sub-metralhadora “ Thompson 45” ficou vazio.
O Major disse para o Tenente: Traga uma lanterna! O Tenente passou para as mãos do Major que iluminou o interior da casa e viu o corpo de João em baixo da mesa por cima do corpo de Joana.
E comentou é isso que é ser guerrilheiro comunista ele foge para de baixo da mesa e é a mulher que se encarrega de defendê-lo?
Covarde! - E deu uma gargalhada!
Ficou de pé e deu a ordem para o Cabo e mais dois Soldados para entrarem na casa, O Cabo logo voltou-se e disse: A casa está vazia Major! Só tinha estes dois terroristas!
- Ótimo! Faltam agora só três que devem estar escondido pela mata, mas nos vamos encontra-los.
Um soldado que estava com uma lanterna Disse: - Senhor ela ainda respira!
- Que bom! Respondeu o Major.
- Vamos batizar o Tenente.
Tirou a sua pistola do coldre, uma “Colt 45”
Fez o recuo do ferrolho alimentou a câmara, destravou e deu ao Tenente dizendo: - Ai está a sua prova de fogo atire na cabeça! Acabe com o sofrimento dela.
O Tenente tremulo pegou a pistola da mão do Major apontou em direção a Joana fechou os olhos e atirou.
O Major ordenou: Tire esse covarde de cima da comunistazinha soldado!
Quando o Soldado arrastou o corpo de Zé para o meio da sala, o Major iluminou o rosto de Zé e disse: - Oba! Pegamos um peixe grande! Só não sabia que ele era tão covarde! Este é O Miguel Abones Ferreira, codinome “Zé Cesar” Eles não usam o nome verdadeiro. Não confiam nem mesmo em seus companheiros e acham que vão tomar o poder.
Deu uma risada e continuou - Este já esteve nas minhas mãos, mas escapou foi solto antes que a Marinha o identificasse.
Foi solto a pedido de um tio que é Coronel da reserva da Aeronáutica.
Quando eu soube quem ele era fiz uma promessa de pega-lo novamente. Este covarde esteve em Cuba! E aqui está ele nos meus pés morto! Que ironia do destino não é Zé Covarde! Traga a prostituta comunista Tenente! Vamos ver quem é essa ilustre!
Quando o Tenente se aproximou junto com o Cabo para puxar o corpo de Joana ele tomou um Susto! Joana era nada mais nada menos que a sua prima que havia segundo a família sido sequestrada pelos comunistas. Ele desmaiou, o Cabo segurou o Tenente pela cintura e trouxe-o para a varanda o Major disse: - Isso é que dá mandar um menino fazer um serviço de homem! Pega essa piranha e traz pra cá.
Um soldado pegou Joana pelos cabelos e arrastou até a sala. O Major iluminou o rosto de Joana e comentou: - Essa eu nunca vi, é até abonita ou era. Cabo! O tenente está melhor? Traga ele aqui para olhar pra cara da terroristazinha!
Neste momento escutou-se um tiroteio vindo da colina o Major saiu pra fora e disse Cabo me acompanhe, tenente se recomponha e fique aqui com alguns homens para tomar conta do local e aproveita para olhar a cara daquela piranha! Vamos homens!
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- Moço já chegamos! Aqui é o Hotel São José, tem boa comida e é o melhor que tem na cidade.
O homem respondeu: Muito obrigado eu devo precisar dos seus serviços amanhã onde posso encontrar você?
- Na parada de táxi aqui em frente ou na rodoviária é só o senhor perguntar pelo filho do dentista, que logo as pessoas me procuram e eu venho te buscar.
- João Dentista?
Balbuciou o homem, pagou a corrida saltou do carro e entrou no hotel. O hotel era um hotel de cidade pequena. Uma pequena recepção com uma televisão, uma mesinha de centro um sofá um balcão e do outro lado do balcão dormia um homem de meia idade, que como num despertar de um pesadelo ele levantou coçando os olhos e disse: - Pois não senhor! Seja bem vindo ao hotel São José. Temos quarto com água quente e televisão com controle remoto.
- O homem pediu um quarto com água quente pegou a chave e subiu as escadas para o quarto, o dia já raiava e ele pegou a toalha tomou um banho bem demorado e deu uma olhada pela janela na cidade que já havia acordado. Pessoas caminhavam em direção a praça outras passavam montadas em cavalos e jumentos, ele vestiu uma cueca deitou na cama olhou para o teto e fechou os olhos.
(Segue Continuação das Correções*)
- Beta pensei que você tinha ido até a cidade para pegar essa mala de medicamentos?
Porque tanta demora?
- Foi porque a tia Ana estava perguntando por você eu tive que dar uma desculpa e esperar ela sair da sala estava lendo o jornal e você sabe que isso é para ela sagrado todos os dias ela espera o jornal do dia anterior que vem de ilhéus só para ler as noticias do sul
- Pois é ela fica querendo saber se aconteceu alguma coisa com o Papai as coisas estão muito perigosas no Brasil tem coisas que estão acontecendo que parece que o mundo vai girar de ponta a cabeça.
- Beta, existem coisas acontecendo que foge a minha e a sua compreensão.
Pessoas e coisas estão mudando de direção e comportamento.
Lá fora está sendo travada uma guerra de idéias e conceitos onde estão morrendo pessoas, Beta. Eu vi e ouvi Papai comentando e chorando com a Mamãe sobre estas mortes e esta guerra. Então é por este motivo que nós eu e a mamãe vinhemos pra cá e você tambem. os Tios seus pais e o meu pai, estão também as voltas com esta guerra.
Por isso é que eu quero que você e o João, por enquanto guardem segredo sobre esta mulher e as condições em que ela foi encontrada. Pois podemos estar expondo ela a um grande perigo inclusive de morte, e a nossa família também.
Então Beta todo cuidado é pouco.
- Você está me assustando Julinho, Eu não sabia sobre esta guerra que você está falando, sobre mortes e outras coisas e nem o porquê da minha vinda pra cá e sobre os meus pais estarem às voltas com esta guerra.
- Beta eu vou tentar te explicar o que eu sei, mas com calma. Vamos primeiro cuidar deste nosso problema imediato que é esta mulher aqui, que está muito ferida e desacordada. – Neste momento chega o João com algumas roupas e lençóis.
- João Até que fim! - Dona Ana estava lá na área onde a roupa estava guardada não achei o cobertor você vai ter que pegar lá dentro do casarão.
- Beta! Vamos ter que tirar a roupa dela e você vai nos ajudar João! Vamos virar ela para a Beta poder tirar a blusa dela.
- Julinho ela está acordando! – A jovem abriu os olhos e olhou para Beta e tentou esboçar uma reação, mas, estava muito fraca e voltou a desmaiar.
- Desmaiou novamente!
- Nossa!
- O que foi Beta?
- Julinho ela está muito machucada está com um buraco na barriga e outro nas costas.
- Beta! Pega esta gaze e tenta fazer um curativo que diminua a quantidade de sangue que ela está perdendo. João vamos tirar a calça dela.
- A calça? – Perguntou assustado o João - Sim! É claro! Temos que ver a extensão desses ferimentos. – Mas! Mas, eu nunca... Deixa pra lá. Beta poderia tirar a parte de baixo da roupa dela e nós ficamos de costa.
- João! Deixa de besteira! Temos que tirar esta calça e fazer estes curativos, pois isso não é hora de ficarmos com nove horas. – Julinho ela está muito quente o que vamos fazer isso é febre, temos que fazer umas compressas e dar algum chá ou coisa assim pra ela.
- Levanta! Vamos corre! Corre! Estou com Frio, Fui atingida. Água! Água!..
- A jovem por conta da febre começara a delirar num jogo de confusas palavras
- Julinho! Roberta! João! Venham almoçar! Onde estão estes meninos!
- E agora ? Como vamos fazer para que a Vóvó e a sua Mãe desconfie do que está acontecendo? Ela está piorando, como vamos deixá-la só aqui?
- Eu tenho uma idéia! Vamos todos subir para o casarão para comer e quando chegarmos lá eu vou para cozinha fico por lá fingindo ajudar Dona Ana, faço uma marmita e assim que ela se ocupar eu volto pra cá trago água fresca para ela e fico tomando conta dela, enquanto vocês almoçam e depois de almoçarem e a Vô e a sua Mãe forem descansar, vocês voltam pra cá sem deixar que todos no casarão desconfiem qualquer novidade eu dou um jeito de te avisar Julinho.
- Isso! João! Então vamos todos agora que ela está mais calma, só que vamos ter que amarrar ela, pois ela pode tentar levantar e se machucar e sair e piorar a situação em que ela se encontra.
- Bem menino agora não tem mais jeito! Você agora não pode e nem tem como dar pra trás! Vamos entrar no banco e você fica aqui fora pra dar cobertura qualquer coisa você é responsável pela nossa retaguarda, segura a arma por baixo da pasta e fica aqui em pé.
Nós vamos entrar quando estivermos saindo o André vai parar o carro aqui na porta do banco você só sai aqui da frente quando todos nós estivermos ido embora no carro não volte para o *aparelho não esqueça isso, continua aqui no centro o companheiro Armando te encontra lá naquele botequim. O seu papel é só este. Mais nada! Fique atento e não faz besteira que ninguém vai se machucar.
Viva o Movimento!
O Jair que acabara de repassar as instruções ao Cardoso se afastou rapidamente tirou o lenço do bolso e se dirigiu junto com os outros para o banco.
Marcos que era quem ia coordenar a ação já se encontrava no interior da agencia aguardando o gerente chama-lo, juntamente com a Ligia uma gaúcha muito bonita que se integrou ao movimento através do teatro, veio tentar a carreira no Rio e se juntou a uma companhia de teatro, com alguns universitário cariocas então passou a freqüentar as reuniões do partido e se uniu a luta e estava indo para a sua primeira ação armada.
- Professor! O que vamos fazer? A universidade foi invadida! Tem milico por todos os lados! E estão com uma lista de nomes e fotografias para prender todo mundo e o seu nome encabeça uma dessas listas, o senhor tem que sair daqui agora!
Vamos! – Quando eles estavam indo em direção a área do estacionamento foram cercados por um grupo de policias do Dops, um policial com um terno amarrotado e algumas fotografias na mão se aproximou do grupo e num sorriso cínico e um olhar de satisfação disse: Enfim! Todos juntos e com um presente que eu não esperava o professor! E em consideração a uma figura tão ilustre eu vou abrir mão dos cumprimentos calorosos aqui, para não causar tumulto, mas pode ter certeza que quando chegarmos lá no Dops eu darei um demorado e caloroso abraço em cada um de vocês. (Risos)
- Isso é ilegal você não tem nada de concreto contra nós. Eu não posso admitir que. – o professor é violentamente golpeado dor um policial que dá uma coronhada com a metralhadora em suas costas. Ele cai ao chão e escuta o chefe da operação dizer: Não estamos aqui te perguntando nada, você tem é que ficar calado quem você pensa que é? Seu professorzinho de merda! Levanta e calado você vai me acompanhar, pois eu estou te dando um tratamento que não costumo dar a ninguém.
Vamos! Você e seus filhotinhos de comunistas.
- O telefone toca violentamente com o pensamento ainda confuso entre o sono que ainda atuava no seu corpo juntamente com as imagens do seu estranho sonho retidas na memória – Alô!- Bom Dia senhor! É que já passam da 13:00 horas e nós estamos ligando para informar que o almoço aqui encerra as 14:00 horas.
- O quê?
Ta bom obrigado!
Estarei descendo já, já.
- João como ela está?
– Nada bem, com febre e falando muita coisa sem sentido, olha se ela continuar assim com essa febre alta não passa desta noite! – Nem vamos pensar numa coisa desta, vamos nós empenhar para que ela melhore. O que é isto?
- É um chá com ervas que a minha mãe faz quando alguém está assim com muita febre. - Onde está a beta? – Ficou lá no casarão ajudando a vóvó e a minha mãe, assim que elas forem descansar como fazem todas as tardes ela vem para nos ajudar.
- Padre! Padre! Corre! Corre!- Caralho!
-Porque ela não veio com a gente?
- Temos que nos separar Lucia, eles não vão descansar enquanto não nos encurralar.
- Carlos, não podemos fazer isso agora pois estamos em menor numero e não conhecemos muito a região, o padre é o único que conhece alguma coisa pois viveu por aqui quando criança.
Enquanto se desenrolava esta discussão Eles estavam completamente atônitos a correr por dentro da vegetação de mata atlântica, tendo os saldados como cães perdigueiros atrás da caça, volta e meia se escutava um tiro e isso deixava cada vez, mas o Padre aterrorizado e vinham às imagens que ele tinha visto momentos atrás da fuzilaria sobre o companheiro Zé e a companheira Joana e mil outros pensamentos o que mais o visitava era a imagem do Senhor Morto, nos braços de Maria que na sua visão era representada pela nossa pátria que não é masculina e sim mátria, Maria Brasil.
Um Jesus com o rosto do companheiro Zé e de muitos outros companheiros e uma Maria que tinha a docilidade da companheira Joana e a força e coragem da Lucia e das muitas Marias do nosso Brasil, e ele continuava com a sua cantilena em meio à mata e a falação de Lucia e do Carlos: ”Viva la revolucion! Viva la Revolucion! Enquanto mantinha a sua mão no bolso numa agonia sem fim. E isso chamava a atenção da Lucia que cada vez mais se intrigava com o fato desta mão do padre ao bolso mesmo correndo na mata.
- Não! Não! Porra! Filhos da puta! Não! Deus é isso que você é? Um mero observador! Porra!
- Tampa a boca desta mulher Julinho ela está delirando e lá de fora está escutando o que ela está a dizer.
– Não posso Beta! Assim eu posso matar ela sufocada.]
Calma moça!
Calma!
Você está segura!
Como é seu nome?
Pega esta toalha e refresca a testa dela João!
A Roberta e o João se entreolhavam como quem via no Julinho um líder alguém que passava uma segurança para eles. Isso sempre acontecia quando eles se encontravam de férias na fazenda quando se metiam em alguma aventura, o Julinho sempre liderava e assumia todos os erros quando alguma das aprontações desta turma era descoberta pela vó ou pelo avô já falecido. Que tinha sido militar, havia na grande sala do casarão uma foto do Coronel o avô de Julinho e da Beta de uniforme enfeitando a sala de estar do solar. Ele tinha sido amigo do presidente Getulio Vargas.
- Julinho! Vamos chamar a *Móca ela é rezadeira e parteira pode nos ajudar e ela é nossa defensora sempre que aprontamos alguma coisa séria, ela nos defende !
- Beta, vamos manter a calma, vamos esperar o efeito da fusão que o João está dando a ela dar resultado, se nada adiantar eu já estava a pensar nesta possibilidade chamar a *Moca
(*D.Morena “Moca” assim chamada carinhosamente pelos meninos) Uma velha negra que além de grande kituteira e cozinheira era benzedeira e parteira além de ser para os meninos uma Vó, que sempre contava historias e causos além de mimar os meninos com muito carinho e seus doces e comidas maravilhosas que ela preparava com muita alegria para receber os meninos principalmente nas ferias de Julinho e Beta que vinham do Rio e de S.Paulo.
O João que nasceu na fazenda pelas mãos dela, não saia de lá era um neto sempre presente.
- Neste momento o carro presidencial toma a direção da esplanada dos ministérios e é impressionante a participação do povo que segue correndo o carro por trás do cordão de isolamento numa alegria jamais vistas aqui em Brasília. o Presidente é aplaudido pessoas se espremem para ver o Presidente e participar da festa da posse, algumas rompem o cordão de isolamento e correm ao lado do carro presidencial e são contidas pelos seguranças algumas conseguem pegar na mão do Presidente.
O líder Sindical que após anos de luta chega a Presidência do Brasil.
- Isso é emocionante você não acha? Após muitas lutas e um período negro finalmente à esquerda no poder!
– Será?
Será mesmo? Olha vamos ser cautelosos, pois o outro o neoliberal fudeu mais ainda o Brasil com privatizações mal explicadas e outras coisas mais e se dizia de esquerda dividiu o palanque com o torneiro tantas vezes.
E o Paz e Amor este é uma caixinha de surpresa e a corte que o acompanha (Risos) essa turma nós conhecemos de velhos carnavais então é muito cedo para darmos alguma opinião.
- Você passa a maior parte do tempo na Europa e quando volta para o Brasil, volta para ver um momento histórico o qual naqueles anos de chumbo nós sonhávamos e lutamos para que isso hoje fosse possível, à esquerda no poder!
- Será mesmo a esquerda que nós lutamos e sonhamos no poder? Uma coisa eu posso dizer é que o trono não faz a majestade e sim o caráter a força e a vontade política de mudar.
Portanto temos que ser cautelosos pois este oba, oba, da posse pode ser prejudicial para avaliações futuras, o Brasil não pode e não deve agora entrar num estado de torpor, ele tem que esta é muito acordado para construir eeste novo despertar.
- Bom dia! Em que posso ajudar? Perguntou o gerente do banco ao casal que estava a sua frente, Jair e Ligia. O Jair se aproximou do gerente sacou um revolver e apontou para o gerente e disse:
Olha porra isso aqui não é brincadeira e em nome da MVPR estamos fazendo esta expropriação e você não banque o herói seu porra, pois estamos aqui com o propósito de fazer esta expropriação sem que tenhamos que apelar para a violência, mas se preciso for vamos matar ou morrer para concluir e efetivar o nosso objetivo. Ligia se aproximou do gerente o abraçou e se dirigiu junto com ele para a parte de trás dos caixas e o restante do grupo se posicionou e anunciou a operação surpreenderam o vigilante e começaram a encher as sacolas com o dinheiro, enquanto isso lá fora o jovem Cardoso estava a observar o que estava acontecer no banco e também à movimentação na rua tudo isso o deixava extremamente nervoso, ele não sabia se olhava o relógio ou segurava a pasta na qual estava à arma que ele deveria usar se algo desse errado. Ligia observava cada movimento dos companheiros e dos reféns os olhares de espanto e reprovação, Ligia teceu o seguinte comentário: Vocês estão cegos e surdos! Enquanto vocês estão fingindo não saber, pessoas estão morrendo! Sendo torturadas! Nos porões desta ditadura que vocês alimentam com este silencio! – O gerente assustado mas, atento ao que acontecia via e ouvia tudo e algo naquele discurso que aquela jovem dizia lhe era familiar.
O sol se esfacelava em mil cores era o primeiro banho de sol de Lucia após a sua prisão, o dia estava com um céu azul e fragatas sobrevoavam o pátio do *PRESMAR, ela tomou seu primeiro banho com água corrente.
Não sabia ela que todo este preparativo era para que fosse transferida para a Policia Federal, até então o seu tormento não havia começado estava nas mãos do *SENIMAR há apenas um semana e teve a sorte de não ter sido interrogada por eles só foi ouvida uma vez, tomou alguns tapas e socos mas, sem receber a cortesia completa a qual eles se orgulhavam muito em oferecer. Eles estavam muito ocupados nos dias em que ela estava presa haviam chegado alguns peixes graúdos e ela naquele momento não interessava para eles estavam interogando alguns militantes do MR8 por isso resolveram passar este caso para a PF do Rio .
Pois eles tinham maiores informações sobre as ações dela no movimento.
Enquanto Lucia observava o vôo das Fragatas sobre a Ilha das Cobras ela estava a pensar sobre tudo que estava a ocorrer no país, prisões, mortes, torturas. E um total desalinhamento das estruturas como um todo.
E uma sociedade que a tudo assistia alheia as verdades e mentiras que eram discutidas e emitidas pela imprensa que só transmitia o que interessava ao regime, pelo menos as grandes transmissoras emissoras de opinião manipulada.
Lucia pensava no que ela estava fazendo na noite do dia 31 de março de 64 o fatídico dia do golpe.
Aluna do ultimo ano do instituto normal.
Estava em sua casa quando seu pai gerente de banco chegou em casa e com um ar de apreensão disse: Os militares tomaram conta de Brasília as tropas que chegaram de minas para apoiar o novo governo chegou ao Rio de Janeiro.
Ela que estava na cozinha, bebendo água, correu para a sala e ficou a escutar o que seu pai dizia. – O Robertinho ligou lá pro banco e me disse que as coisas estão sob controle e que se as coisas continuarem assim ele virá para casa no fim de semana. Robertinho o seu irmão era aluno do ultimo ano da Escola Naval, o qual ela chamava de filhote da ditadura.
Na noite anterior a sua transferência fez uma visita a Ilha das Cobras para solicitar que deixassem ele a interrogar para que não a machucassem mas, foi em vão soube que ela seria transferida para a PF.
O Tenente (*FN) Roberto, estava no piso superior do PRESMAR. Quando ela saiu para o banho de sol. ela estava mais magra mancava um pouco e mesmo assim continuava com seu jeito de menina. E fez com que ele se lembrasse da infância ao lado da irmã.
- Lucinha! Volta! Papai disse que era para a gente não demorar.
- Betinho você como sempre um bobo com essa mania de ser muito rígido, eu vou só falar com Ana e já, já vou para casa se você quizer me esperar ótimo se não! Eu enfrento a lenga, lenga do papai, como sempre sozinha.
- Você sempre a arrumar confusão Lucinha. Você sabe que o papai não suporta ser contrariado eu prometi a ele que chegaríamos cedo desta festa que você insistiu que eu te acompanha-se e eu não suporto estas festinhas.
- Roberto! Chega! Se você quer ir para casa vai! Sempre é isso você fica a falar, falar e eu não consigo agüentar. Vai! Fala para a mamãe que não fique preocupada eu estou bem.
Tudo que eu queria Roberto é que você pudece se enturmar conhecer pessoas normais e não aqueles seu amiguinhos fardadinhos do Colégio Naval. Que só pensam em militarismo, gostaria que você enxergasse o mundo de uma forma diferente. Só que tudo que você quer é esta vida então eu desisto apartir de hoje não precisa mais vir me acompanhar mesmo que o papai não deixe que eu venha só, eu darei um jeito e vou sair sim.
- Você não vai mudar! Lúcinha este seu mundinho de bicho grilo não me serve, um bando de caras que nada querem da vida! Um monte de garotas que acham esses caras o maximo. Olha este mundinho de universitários que querem a vida livre é um sonho. Vivemos sobre regras e o mundo não vai se moldar a estas liberdades que vocês querem e pensam ter.
Lucia fumava o seu cigarro e imaginava como é que os companheiros estavam. Será que todos foram presos na operação que culminou com a sua prisão.
Como estaria o Cardoso? E os outros?
Derrepente ela lembrou da ultima vez que viu a sua mãe.
Foi numa rua do centro. Ela esperava um contato, quando foi abordada pela sua mãe : Lucia minha filha por onde você anda? O que você esta fazendo da sua vida minha filha?
- Mãe, agora eu não posso explicar mas, o que eu quero que você entenda é que eu amo todos vocês.
Um dia você vai me entender eu sempre quis muito mais que estar a assistir as coisas passarem por mim sem que eu participasse dos acontecimentos..
- Volta pra casa Lucinha! Vamos fazer de tudo para proteger você minha filha. O seu pai ainda chora só. a noite apesar de negar que sente saudade de você.
- Mamãe, as coisas são como são, Papai nunca vai mudar ele ainda acredita que o Governo Militar é a salvação da nação! E que nós os outros que lutam para mudar esta atual situação estamos errados e loucos, que os comunistas conseguiram fazer uma lavagem cerebral em nós.
E quando a Lucia estava falando com a mãe um companheiro militante se aproximou deu um olhar e ela deixou a mãe com um olhar triste e o seguiu.
- Boa noite professor!
Uma voz por traz da forte luz que estava direcionada para o seu rosto com um hálito de conhaque barato, surgiu depois de quase três horas em que ele havia chegado ao Dops.
- Que honra ter tão ilustre e renomado matemático do pais nos visitando!
A voz fez este comentário, num tom sarcástico.
- E o que muito me anima é que o senhor veio acompanhado de seus alunos, e o melhor é que poderemos aproveitar a estada de vocês aqui para aprender matemática. Quem sabe poderemos montar um teorema.
- Gostaria de saber o que eu estou fazendo aqui? ]
Porque eu estou preso?
Onde estão meus alunos?
Por favor!, Você pode apagar está luz?
Onde estão os meus óculos?
- Tudo a seu tempo professor! Eu não disse que você poderia dirigir a palavra para mim. Aqui você só responde quando for perguntado, se não quiser ter problemas aqui na sua estada, o que eu espero que o senhor colabore com a gente para que o senhor volte para sua casa e para sua mulher, voltar a viver a sua vida normal e poder dizer para os seus netos que colaborou com o seu país no processo de luta contra a praga vermelha, este mal que nos atormenta.
Bem professor, vamos ao que interessa!
Ligia foi a primeira a sair do banco seguida pelo companheiro Jair, e depois os demais . O Cardoso estava muito nervoso mas, ficou como combinado, o gerente do banco estava pálido sem sangue no rosto,
E só pensava em sua casa e na sua filha que fora recrutada pelo movimento e que ele há muito não ouvia falar. A expropriação estava concluída, Cardoso deixou o local como o combinado e se dirigia para o local combinado quando viu um corre, corre de pessoas e sons de tiros ele desviou o caminho, estava com uma sensação de estar sendo seguido temendo isso evitou olhar para trás., apressou os passos e entrou num ônibus e pode ver quem ele achava que poderia o estar seguindo, um homem de meia idade com um terno e uma pasta na mão, ele olhou nos olhos do homem e logo desviou o olhar.
havia um lugar vago prossimo a janela sentou e fingiu estar interessado na paisagem assim que o ônibus entrou em movimento e dobrou a esquina logo diminuiu a velocidade, pois havia uma Blitz na rua e soldados do exercito estava a revistar os carros suspeitos e os ônibus ele entrou em desespero quando um soldado entrou no ônibus e acompanhado de outros pediu que todos que estivessem no ônibus descessem para serem revistados ele pensou em sair pela janela, mas, o ônibus estava cercado por militares.
(Segue no Capitulo II)