HIPÓCRITA SIM, (QUEM NÃO É?)

O mais engraçado é que aquele que diz não ser hipócrita, nesta mesma hora está sendo o pior deles. Porque? Ora, porque a hipocrisia infelizmente é um mal necessário para “bem viver em sociedade” (que foi coisa que os humanos inventaram, mas ainda não sabem bem como lidar com isso). E por isso fingem. A hipocrisia não é nada mais que isso: fingimento. Às vezes por não querer magoar alguém, às vezes por querer, sim. Outras vezes, por não querer que alguma coisa nos magoe, a nós próprios. Às vezes um fingimentozinho, outras vezes uma vida toda de pequenas “mentirinhas” (ou omissõezinhas, – esqueci que você não mente, apenas omite!) e lá está ela instalada, a hipocrisia; na nossa casa, na nossa cara, no trabalho, na academia, na faculdade.

Ou, quem sabe você, não-hipócrita, seja tão sincero a ponto de olhar pro cabelo da sua feliz e exultante mulher, recém-saída do cabeleireiro onde ficou três horas,  e dizer simplesmente: “Ficou horrível!” ?? Ou talvez você diga, sem qualquer pudor, “na lata” do seu chefe déspota, que não vai à sua festa porque já não aguenta ver a sua cara o dia todo, quanto mais ter que vê-lo e ter que puxar o seu saco, em pleno sábado à noite!!? Ou quem sabe ainda, quando aquela sua amiga balofa (mas tão prestativa) do escritório, comenta sobre estar “um pouco gordinha” você consiga dizer a ela: “Você está é estourando, menina, vai fazer um regimezinho!!?? Você consegue? Não? Então é um hipócrita, pronto. Sem mais muita discussão.

Acho até que hipocrisia a gente aprende quando é bem pequenininho, em casa. Isso é coisa de lá do tempo em que a gente ouvia a mãe dizer prá visita que deixou cair e quebrou a xícara de porcelana do seu jogo preferido: “Não tem importância, imagina”!!! Claro que tinha! Senão, porque ela faria um escândalo na hora em que a visita punha os pés prá fora do portão de casa? E quem pagava o pato? A gente, que nunca tinha podido sequer encostar naquelas xícaras!

Hipocrisia a gente aprendeu e começou a “ensaiar” quando via pai e mãe se degladiando em casa, por causa do tio que não lhes pagava uma dívida há meses, e quando este lhes dava uma desculpa qualquer, no fim do mês, prá não pagar, diziam: “Não faz mal, não, deixa pro outro mês. Não estamos mesmo precisando agora”. Como não estavam precisando? E aquelas discussões intermináveis no meio da noite? E o dinheiro prá nossa viagem de formatura, que dependia do tio honrar seu compromisso? Qual é! – a gente pensava, roendo nossos botões! E mal sabíamos que estávamos aprendendo “a arte” da hipocrisia, meio que por osmose. Sim, arte, porque saber mentir, representar assim tão bem, é uma arte. Alguns o fazem muito bem, outros nem tanto, mas a maioria o faz, de alguma maneira, disso eu estou convencida.

A hipocrisia “é o ato de fingir ter crenças, virtudes e sentimentos que a pessoa na verdade não possui”, foi essa a definição que achei no dicionário, entre outras. E a que melhor representa minha maneira de pensar.  Infelizmente eu sou hipócrita, em algumas situações, sim... Como queria não ser! Como queria que os outros não o fossem comigo!

Sabendo, (como eu sei) que nem todo mundo pensa igual a mim (graças a Deus!) quem sabe então, se alguém me mandasse um e-mail quando acabasse de ler esta crônica dizendo: “Que porcaria de texto você escreveu hoje, hein?”, talvez assim eu me convencesse de que nem todo mundo é hipócrita. Eu sou!

PS: Por favor se  o fizer (me escrever), não o faça aqui, talvez eu não tivesse outra saída "mais bonitinha", (e hipócrita)  do que elogiar a sua atitude!!!