CONQUISTAS FEMININAS: GANHOS OU CARMA?

Alguns acontecimentos muito próximos e recentes me trouxeram à presente reflexão.

Acredito que já escrevi por aqui, aliás, escrevo muito e às vezes posso parecer repetitiva, pois eu mesma não tenho total controle dos meus textos já escritos; mas é fato que nossa geração tem passado por grandes transformações sociais, na verdade antropológicas se quisermos ser mais humanistas.

Desde que éramos crianças...tudo mudou! E mudou muito.

As transformações acontecem a "toque de caixa", na sociedade como um todo, na concepção da educação dos filhos, nas relações entre os cônjuges, no novo "modelo' de família, na determinação já não muito clara dos papéis de cada um dentro do lar, e consequentemente da maneira de ver e pensar da sociedade.

O direito civil também corre atrás das transformações para a devida adaptação das novas ocorrências sociais.

Nós mulheres saímos de casa para a luta do dia a dia.

Estatísticas do IBGE mostram que a "nova família", nas quais as mulheres são as "provedoras financeiras", cresceu muito nos últimos tempos.Uso os asteriscos porque nós mulheres somos provedoras logísticas e emocionais! E agora financeiras também.

Mas o fato é que saímos...mas não saímos de casa!

Confuso? Não.Simples demais. Estamos fora... mas estamos dentro da total administração do lar!

Embora alguns homens já percebam a necessidade da divisão equitativa dos deveres domésticos ou da responsabilidade dos filhos, ainda são minoria.

Nossos homens, refiro-me aos da nossa geração, não foram educados para as demais tarefas do lar, que não as de provedor financeiro.

A mulher, além disso, muitas vezes tem um atitude machista a esse respeito e acaba assumindo cargas que não consegue carregar.

Mas o que tenho pecebido é algo muito interessante.

Semana passada conversando com um amigo amargurado pelas obrigações financeiras das "contas a pagar" que explodem no início do ano, disse-me estar exausto, e que tenta inserir a esposa no mercado de trabalho a revelia...dela!

"Pedi delicadamente para que procurasse um trabalho. Virou uma fera!Fiquei feliz quando a vi procurando emprego num jornal, mas...

-Querido, olha só o que tem aqui, um emprego "supimpa"...pra você!

-Outro? Mas eu já tenho quatro atividades, se queixou ele...QUASE CHORANDO...

E o tal fenômeno tem me chegado aos ouvidos cada vez mais.

Obviamente foi-se o tempo que os homens conseguiam prover sozinhos.

O custo de vida é altíssimo, e mesmo bem qualificados a situação complica (aqui falo das pessoas que vivem do trabalho e dele ainda pagam impostos!)

E se, pela fatalidade cada vez mais frequente, o fantasma do desemprego bater à porta, após os quarenta anos fica quase impossivel se reinserir no mercado de trabalho.

Quarenta sendo otimista. E as mulheres que querem "retornar" enfrentam a mesma problemática de mercado.

Então, vejo que os homens assumem a dificuldade, sem maiores problemas de machismo, e estão nos pedindo "arrego"!

Assumem a necessidade da composição da renda juto às esposas ou companheiras.

E tal necessidade, passa a gerar conflito, pois o modelo era outro. Muito diferente.

Enquanto era luta e conquista feminista por seu espaço, o sabor era outro...é o que tenho percebido.

Algumas mulheres que sempre trabalharam fora do lar, e que mantinham aquele famoso esquema "o que ganho é meu...o que ele ganha é nosso", percebem que a despeito da boa vontade do marido, já não conseguem dispor da sua renda apenas para seus supérfluos, ou mesmo para os dos filhos!

Reconhecida a tal necessidade, fica aqui só uma perguntinha?

-Será que algum dia conseguiremos a divisão justa de TODAS as provisões da casa?

Senhores homens...proponho a matéria para vossa reflexão.

A resposta, somente o futuro as terá.

Enquanto isso...socorro!

Também estou cansada!