ALGUNS FILHOTES E MUITOS FRICOTES!

Dizem os "experts" no assunto, que acontece com todo mundo!

Mas será mesmo, que só mudam os endereços?

Há tempos penso que, se existe uma situação em que todos "somos" é a tal condição de "filhos", então, obrigatoriamente todos temos uma opinião sobre o assunto. Nem que seja por uma auto avaliação!

Se não temos filhos, ao menos somos filhos!

Mas há que se fazer uma auto avaliação honesta!

Acho que é por isso que às vezes, olho o entorno, e não apenas o meu, e me pergunto: Será que eu fui exatamente assim? Será que é a lei do retorno?

Não sei, acho que os tempos e os filhos mudaram...e mudaram muito!

Por exemplo: Eu não me lembro em tempo algum de ter sido adolescente! E minha memória ainda é boa!

Vocês foram? Assim com tantas "mordomias'?

Ah não, essa fase, no meu tempo com toda certeza não existia!

Lembro-me que periodicamente arrumava minhas gavetas, todas!

Sem que ninguém pedisse.

Eu até as forrava com aqueles papeizinhos de seda, lembram-se?

Organizava minhas ' under wears', uma a uma, limpava meus tênis, os sapatos da escola, a fita do cabelo!

Mesada? Imagina! Era um dinheirinho para um yogourt na escola e ponto!

Roupa de grife? Acho que esse vocábulo nem existia na minha época!

Iniciar discussões sobre os "meus direitos", alterar o tom de voz, imaginem, o que havia era uma hieraquia Danada!

Embora fosse menina, acho que sei muito bem o que é servir ao exército!

Disciplina e hierarquia era o tom do pedaço!

E até pedia as "bençãos"!

Gente, e não faz tanto tempo assim!

Lembro-me certa vez, que demorei o dia todo para criar coragem de pedir ao meu pai para ir à missa das dezoito horas, pois era "tarde demais".

-Mas porque não vai à missa das nove? perguntou meu pai. A noite foi feita para dormir...

Nunca tive coragem de responder, que lá, na missa das dezoito, aos meus quatroze havia um outro interêsse, que não apenas a igreja.

A minha aurora estava lá, ao anoitecer...

Mas meu pai nunca foi poeta!

Vinte e duas horas era o marco de retorno...ao "forte", seja qual festa fosse!

Hoje às zero horas, nossos filhos estão pensando qual vai ser o programa da...noite?- Que nada! Da madrugada mesmo!

Não aguento o rítmo, não entendo os argumentos! Me "stresso".

-Mas mãe, agora é assim..helôo! Você quer que eu volte pra casa quando todo mundo está saindo! Assim não dá mãe!

Alguém que me lê, já tentou cair no pecado de pedir algum afazer doméstico aos tais pimpolhos? Mesmo que estiver nocauteado por algo, prestes a bater as botas?

-Filhinha , daria para lavar aquela loucinha para a mamãe, ou arrumar a cama, ou só separar a roupa que está por lavar? Minha cabeça está explodindo...

-Toma uma aspirina mãe, que logo passa!

-Filho, daria para lavar o carro, só hoje, que travei a coluna?

Ou simples copo d"água?

-Ai mãe, como você é folgada! Tô cansado!

Outro dia alguém me confessava:

-Relaxa! Lá em casa é assim também, já percebi que quando peço algo, eles sempre dizem que vão fazer, até fico feliz, só não consigo saber quando! Parece até coisa de político! Nunca dizem não!

-Arrumar o quarto, mãe? Ah, tá bom, mas pode ser depois do futebol? Pode mãe?

E o futebol passa...e o quarto fica, intransitável como sempre!

E arrisca dizer um "não"...assim bem timidamente fonado, que os filhotes viram puros fricotes!

-Ah mãe, por que você nunca me entende? Queria que você fosse que nem a mãe da fulana...ela sim é da hora...

Eu hein, não tenho o mínimo espírito para candidata à mãe do ano!

Olha, eu juro que tento!

Mas me respondam: Alguém de vocês consegue , digamos , entendê-los na íntegra, nesse borbulhar das transformações?

Mas não vale, se alguém que me lê for psicológo! Embora eu saiba muito bem que "santo de casa" nunca faz milagres.

Agora entendo porque certa vez conheci uma mãe que teve uma crise histérica, depois de uma "viagenzinha básica" com os filhotes adolescentes.

Logo depois da volta , descompensou...e ensaiou cortar os pulsos...

-Mas o que houve? alguém perguntou inconformado.

-Meus filhos cresceram...viraram adolescentes e me excluiram totalmente da vida deles.Só sirvo para a "infra".

Penalizei-me.Achei que estava exagerando.

- Calma, é assim mesmo! Afinal, não são nossos...

Mas há que se estar preparado para tais mudanças dos filhotes...sem tantos fricotes!

No fundo, são boas "crianças".

Apenas o fruto da transição da nossa geração...que admitamos!- perdeu -se "um pouquinho" na delimitação dos espaços e das funções de cada um.