Valores X “valores”

Quando os valores não monetários, como História, Cultura, Religião, Família e Honra são esquecidos ou ignorados o que sobra são valores materiais que em última instância podem ser negociados, não em uma condição de "se", mas de apenas "quanto custa".

A História, Cultura, Religião, Família e Honra são pilares que sustentam a coesão social e o senso de propósito nas comunidades humanas. Eles não podem ser quantificados ou negociados como bens materiais, pois representam identidades, tradições e princípios que transcendem o valor econômico. Quando esses valores são esquecidos ou ignorados, o que resta é uma visão de mundo centrada no materialismo, onde tudo se resume a transações financeiras e ao "quanto custa". Nesse cenário, até mesmo a dignidade humana pode ser reduzida a uma questão de preço.

Quando esses valores são deixados de lado, as implicações são profundas.

Sem História e Cultura, perdemos a conexão com nossas raízes e com o que nos torna únicos. Isso pode levar a uma sensação de vazio e à falta de identidade coletiva. Quando a Religião (ou sistemas de crenças) é ignorada, perdemos um guia moral que orienta comportamentos éticos. A ausência de Família enfraquece os laços de apoio emocional e social, enquanto a falta de Honra pode corroer a integridade e a responsabilidade individual.

Quando só os valores materiais importam, tudo se torna negociável. Isso pode levar a uma sociedade onde a ética é sacrificada em nome do lucro, e onde a corrupção, a ganância e a exploração se tornam comuns. Nesse contexto, até mesmo direitos humanos e justiça podem ser "comprados" ou comprometidos.

Uma sociedade que esquece seus valores não monetários é mais vulnerável a crises. Sem um senso de propósito compartilhado, as pessoas podem se sentir desconectadas e desmotivadas a contribuir para o bem comum. Isso pode resultar em apatia cívica, polarização e até mesmo no colapso de instituições que dependem de confiança e cooperação.

A educação deve ir além do ensino de habilidades técnicas e incluir a valorização da História, Cultura e ética. A arte, a literatura e a música também são ferramentas poderosas para manter viva a memória coletiva e inspirar reflexões sobre o que realmente importa. Sistemas educacionais que impõem um julgamento negativo da História, Cultura e mesmo da ética como instrumentos de uma "classe dominante" para manter a "opressão" na Sociedade, cria um ambiente de antagonismo e desordem social e ao mesmo tempo, dão respaldo para a hipocrisia de muitas pessoas privilegiadas socialmente se colocarem como a "consciência dos oprimidos".

A Família e as comunidades podem promover conversas entre gerações para transmitir tradições, histórias e lições de vida. Isso fortalece os laços e garante que os valores não monetários sejam passados adiante. A pretensão de substituir a Família por um "estado pai e mãe", onde o governo é exemplo do que existe de pior em ética e moral, só pode resultar em degradação progressiva das gerações.

É importante criar momentos para que as pessoas possam refletir sobre seus valores e como eles se aplicam no dia a dia. Isso pode ser feito através de práticas religiosas, meditação ou simplesmente conversas significativas com amigos e familiares. Como isso pode ser possível numa sociedade sem referências religiosas e sem a instituição Família?

Líderes, seja na política, nos negócios ou na comunidade, têm um papel crucial ao demonstrar que valores como Honra e integridade não são negociáveis. Quando figuras de autoridade priorizam o bem comum sobre o ganho pessoal, isso inspira outros a fazerem o mesmo.

Confúcio disse “Guie-o (o povo) pela virtude, mantenha-o na linha com os ritos, e o povo, além de ser capaz de sentir vergonha, reformará a si mesmo”.

Por outro lado, um governo que tem a mentira e a corrupção como norma de conduta, prega o parasitismo social como conquista e valoriza abertamente o que o ser humano tem de pior, pretende um povo sem referência dos verdadeiros valores e que vive a espera de um momento oportuno para “se dar bem”.

Os valores não monetários são como o solo fértil que sustenta uma sociedade saudável. Quando os ignoramos, corremos o risco de construir sobre areia movediça, onde tudo pode ser comprado ou vendido, mas nada tem valor real. Em um mundo cada vez mais focado no “quanto custa”, lembrar e cultivar esses valores é um ato de resistência e uma forma de preservar o que nos torna verdadeiramente humanos.

Argonio de Alexandria
Enviado por Argonio de Alexandria em 19/04/2025
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