A direita no Brasil: a oposição que não sabe ser oposição

A direita brasileira vive hoje um momento paradoxal: embora tenha consolidado uma base popular expressiva, encontra-se politicamente fragilizada, fragmentada e, em muitos casos, presa a um ativismo reativo que mais alimenta o discurso dos adversários do que fortalece sua posição institucional. O erro mais recorrente está justamente na forma como tenta enfrentar o sistema: ao invés de pensar em termos estratégicos, pautando suas ações por inteligência política, planejamento e construção de narrativas sólidas, muitos de seus representantes optam por gestos performáticos, discursos inflamados e, não raramente, por confrontos diretos com instituições como o STF, que têm reagido com dureza e, em alguns casos, com questionável imparcialidade. Contudo, o ponto central não deve ser apenas denunciar a assimetria de forças, mas reconhecer que a direita tem contribuído, muitas vezes, para esse estado de coisas ao agir de modo amador, desorganizado e, em certos casos, ingênuo.

Não se combate um sistema que opera com lógica institucional e domínio narrativo com base em impulsos ou arroubos ideológicos. O que falta à direita é, em primeiro lugar, união em torno de um projeto nacional de desenvolvimento. Não se trata de um slogan, mas de um plano viável, objetivo, que ofereça ao país uma alternativa concreta ao modelo intervencionista e fiscalmente irresponsável do atual governo. A direita precisa apresentar propostas claras de desburocratização do Estado, de incentivo à produtividade por meio da reforma tributária e da racionalização do gasto público, que reduzam o custo Brasil e ampliem o poder de compra da população sem recorrer à inflação ou ao aumento da dívida. É preciso que o discurso se torne propositivo e não apenas reativo. A crítica aos erros do lulopetismo é legítima, mas já conhecida. A novidade deve estar na capacidade de oferecer respostas melhores, mais eficientes e sustentáveis. E para isso, comunicação é chave: o marketing político precisa ser reformulado, saindo do palco da provocação para o campo da construção.

Figuras como deputados combativos devem entender que não estão indo a um debate, mas a uma arena de guerra simbólica, cuidadosamente orquestrada por setores da grande mídia para desestabilizá-los ou ridicularizá-los. Participar de programas ou painéis ao lado de jornalistas militantes — cuja autoridade é construída mais pela repetição midiática do que pela argumentação sólida — pode parecer um gesto de abertura democrática, mas tende a ser uma armadilha que confunde o eleitorado e mina o capital político. A direita precisa, com urgência, deixar de alimentar essa vaidade de confronto televisivo, de busca por likes e curtidas, e começar a investir em formação política, construção de base e argumentação técnica. A desconstrução da esquerda não será feita com memes ou ironias, mas com projetos sérios, com uma pauta econômica que funcione e com uma linguagem acessível ao povo, sem perder a firmeza dos princípios.

Para tanto, é necessário formar lideranças com preparo intelectual e emocional, capazes de dialogar sem ceder, mas também de propor sem hostilidade. A direita precisa parar de se comportar como oposição folclórica e se estruturar como alternativa de governo. E isso implica respeitar o jogo democrático sem ingenuidade, ocupando espaços com inteligência, criando meios de comunicação alternativos e, principalmente, falando diretamente com o povo — sobre os preços dos alimentos, o desemprego, os impostos altos, a insegurança pública, a má qualidade dos serviços — e apresentando caminhos reais de transformação. Sem isso, continuará sendo a caricatura que a esquerda tenta pintar, e não o projeto de país que tantos brasileiros esperam.

Elias dos Santos
Enviado por Elias dos Santos em 08/04/2025
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