Quanto tempo dura um poema?

Como um negócio, a arte de versar segue as linhas e conceitos empresariais e comerciais. Originalidade, apelo popular… unicidade. Ser o único a versar em uma faixa de quilômetros já seria o bastante para que um poeta, talentoso ou não, fosse eternizado. Talvez assim muitos poetas tenham conquistado sua cadeira cativa na ilustre academia literária atemporal da eternidade, e talvez por isso seja quase um conceito unânime entre os artistas o de que “antigamente era melhor”, justamente por serem as artes literárias feitas por poucos.

Mas e hoje? Como ser eterno?

Veja, não digo famoso. Rico. Laureado. Mas eterno. Lembrado em 50, 100 anos, ou enquanto durar a eternidade. Como fazer seu nome ser pronunciado por jovens, numa sala, numa aula sobre expoentes da literatura e da poesia?

Ao longo dos meus 31 anos, já passei por várias e infames ocasiões que me marcaram, física ou psicologicamente. Provavelmente, a topada na borda do sofá hoje cedo esteja mais viva e memorável do que o episódio em que eu, ao pular um muro para pegar uma bola, fui perfurado frente ao esterno, recebendo pontos, ralhas de meus pais, e a benção divina de continuar vivo. Hoje, o peito não sangra, nem dói. Porém, ficou a marca. E aprendizado.

Então, eu peço a Deus e às musas, e Àquele que me perdoe por recorrer a estas divindades pagãs, que meus poemas acertem seus peitos, causando desconforto, arritmias, sudorese, e deixem marcas. Que incomodem, como um acidente ou um vídeo do Abujamra, que cause asco ou amor, que cause náusea ou dissabor, pois só assim eles serão eternos em vossas memórias.

Jefferson Carnaúba
Enviado por Jefferson Carnaúba em 28/03/2025
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