Como se nada fosse
Como se nada fosse, sua vida se desfez diante de um projétil que, num instante fugaz, reduziu toda a sua metafísica a um emaranhado inerte de pólvora e concreto. No mesmo segundo, Sócrates, Platão e Aristóteles tornaram-se poeira de uma sabedoria extinta, dissolvida na tinta do corpo do filósofo caído. Kant não poderia estar mais certo: tudo é fenômeno, e a morte, a última experiência da existência humana, revela a camada final da busca pela verdade.
E como se nada fosse, talvez a única verdade se torne inalcançável àquele que, baleado e tombado ao chão, já não pensa sobre sua ausência…