Qual é o seu maior medo?
A poucos dias atrás, enquanto trocava cartas com uma amiga, lembrei de uma frase que sempre me marcou: “Para você deixar uma marca duradoura e significativa no mundo, você deveria plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho.” Essa frase insiste em martelar minha mente a cada dia. O desejo de deixar algo palpável e bonito no mundo é um impulso humano profundo. No entanto, a jornada para alcançar isso é repleta de desafios e medos que muitos de nós carregamos.
Uma pergunta que costumo fazer às pessoas é: qual é o seu maior medo? Para mim, essa questão revela muito sobre a essência de cada um. O medo, segundo muitos, é o preço que pagamos pela nossa própria evolução. A verdade é que sou repleto de medos. Não sou perfeito e, portanto, não escapo das incertezas que a vida apresenta. O meu maior medo é o medo de fracassar. Tenho medo de fracassar profissionalmente, amorosamente, e, acima de tudo, tenho medo de decepcionar aqueles que amo. Essa angústia de não corresponder às expectativas, seja a minha ou a dos outros, é uma sombra constante que me acompanha.
Refletindo sobre isso, percebo que não tenho medo da morte, mas sim de não viver o suficiente. Não viver intensamente, não experimentar tudo que a vida tem a oferecer, é o que mais me assusta. Em cada amanhecer, quando olhamos para o céu azul, somos confrontados com a beleza do presente e a fragilidade da nossa existência. Todo início de ano, nos lembramos da frase “Ano novo, vida nova”, mas será que realmente queremos uma nova vida? O que buscamos, na verdade, é um novo começo, um novo caminho que nos leve a ser a melhor versão de nós mesmos.
Mas a cada ano, são 365 dias para conquistar nossos objetivos e buscar esta versão idealizada. É uma forma bonita de enxergar o início de um novo ciclo, mas também é verdade que são 365 novos dias em que lutamos para não fracassar. Sinto que a maior coragem é ter a coragem de mudar, de enfrentar esses medos e abraçar a incerteza. A vida é feita de escolhas, e cada escolha nos leva a um novo caminho, um novo mundo de possibilidades.
Ao olhar para trás, na infância, recordo a inocência e a liberdade de uma criança que acreditava que tudo era possível. Mas, à medida que crescemos, essa criança se perde nas angústias da vida adulta. A solidão pode se tornar um refúgio, mas também é um fardo pesado. Em momentos de reflexão, me pergunto sobre o sentido da vida, se é que ele existe. A verdade é que somos todos um, conectados por nossas experiências, nossas alegrias e tristezas.
A memória de momentos passados e a esperança de um futuro melhor se entrelaçam no presente. Cada instante é uma oportunidade para amar, perdoar e seguir em frente, mesmo quando tudo parece sem saída. A vida é uma dança entre a partida e a chegada, entre o passado e o futuro. É um constante inventar e reinventar de nós mesmos, onde o sofrimento e a generosidade coexistem.
Sinto que o tempo é um ciclo, e a velhice traz consigo uma sabedoria que muitas vezes não valorizamos na juventude. Em cada erro, há a necessidade de aprender. Em cada despedida, há a promessa de um reencontro. Assim, sigo refletindo sobre tudo isso, buscando respostas para as perguntas que, talvez, nunca tenham uma resposta definitiva. O importante é continuar caminhando, mesmo que em meio a dúvidas e incertezas. Porque, no fim das contas, a vida é feita de instantes, de memórias, de amor e de esperança. E, enquanto houver um amanhã, sempre haverá a possibilidade de reescrever a nossa própria história.