Rodin: The Monument to Balzac, 1898
bronze. 270 x 120 x128 cm
S.1296
Museu Rodin . Paris
RODIN E A ARTICULAÇÃO ILUSÓRIA DE SOLIDEZ DE ESPAÇO NA ESCULTURA
Para entender-se o caminhamento estético da plástica moderna em relação à arte da Escultura, ainda como prática estética específica e tradicional, como categoria de arte e manipulação de materiais,diríamos assim, há que lançarmos evidentemente um olhar ao passado recente e próximo do século XIX ,quando a escultura então era praticada de forma acadêmica e ainda se encontrava aprisionada aos valores estéticos estabelecidos em séculos anteriores, quanto á forma, manipulação de meios,
função pública, moral, etc. O movimento denominado Impressionismo ocorrido na pintura à essa mesma época, (meados do século XIX), trouxe uma contribuição revolucionária, decisiva, quanto à ótica espacial pictórica, rompendo com a denominada rigidez espacial, pela fragmentação do olhar e captação fugaz da luz, da luminosidade atmosférica. O espaço do olhar, no tempo, antes sólido e rígido, perspectivo, é dissolvido pela efemeridade e fugacidade das pulsações da luz que cambiantes mutam as perspectivas, e fenomelogicamente atuam sobre percepção . Mas, se o movimento Impressionista revolucionaria o olhar pictórico do mundo ocidental e expressaria as tendências artísticas, filosóficas, de uma nova época, na arte pictórica, a Escultura por sua vez ainda se encontrava aprisionada pelos meandros dos postulados estéticos institucionais, arraigada em moldes neoclássicos e renascentistas. Rodin foi contemporâneo da mutação impressionista e por volta do ano de 1877 concluiu sua primeira grande obra de escultura aceita pelo salão, trabalho denominado "A Idade do Bronze"., no qual imprimia tratamentos originais à escultura.. Assim, foi com Rodin que ocorreram mutações basilares, intrínsecas, de novas perspectivas para o desenvolvimento da escultura moderna. Se o pintor Manet, com sua Olympia, no Salão de 1865 apresentava já um trabalho ainda com características renascentistas, mas, com uma liberdade de tratamento real, apresentando já uma preocupação para com a liberdade de tratamento e particularidades dos meios de execução da pintura, como óleo, forma retangular, etc..., antecipando-se ao Impressionismo, a argila modelada pelas maõs de Rodin movimentam, articulam um nova ótica espacial.Porém, o ponto de convergência com a manipulação do espaço impressionista na pintura e a comparação com a manipulação espacial do meio por Rodin não se cinge ao tratamento da luz, mas há uma afirmação da materialidade perceptível do meio, da superfície, característica esta até então não praticada pelos meios tradicionais da Escultura. Rodin enfatiza uma nova maneira de modelar, de usar a argila. Esta é trabalhada, reivindicada pela sua qualidade matérica como maciez, passividade, flexibilidade, potencialmente responsiva aos recursos. Dessa forma, a superfície espacial da Escultura de forma similar à fragmentariedade do olhar impressionista da pintura, adquire com Rodin maleabilidade, derrogando a rigidez e a ilusória solidez espacial perspectica até então articulada tradicionalmente com a argila, pela Escultura, como meio. Ocorre a independência da obra escultórica, no espaço e no tempo em relação ao tema, função específica, emergindo a preocupação com o material, a estrutura, e a gravidade como fins em si mesmos, desarticulando como na pintura, pelo Impressionismo a ilusão sólida de solidez espacial e rearticulando um novo olhar espacial e temporal que caracterizará a abertura de novas posturas à arte escultórica na modernidade.
bibliografia:
Tucker, Wiliam. A Linguagem da Escultura. Cosac & Naify, SP, 1999.
Greenberg, Clement. Arte e Cultura. Ensaios Críticos. Editora Ática, SP, 2001.
Rosalind E. Krauss. Caminhos da Escultura Moderna. Martins Fontes,SP, 1998.
www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
www.cordasensivel.blogspot.com
bronze. 270 x 120 x128 cm
S.1296
Museu Rodin . Paris
RODIN E A ARTICULAÇÃO ILUSÓRIA DE SOLIDEZ DE ESPAÇO NA ESCULTURA
Para entender-se o caminhamento estético da plástica moderna em relação à arte da Escultura, ainda como prática estética específica e tradicional, como categoria de arte e manipulação de materiais,diríamos assim, há que lançarmos evidentemente um olhar ao passado recente e próximo do século XIX ,quando a escultura então era praticada de forma acadêmica e ainda se encontrava aprisionada aos valores estéticos estabelecidos em séculos anteriores, quanto á forma, manipulação de meios,
função pública, moral, etc. O movimento denominado Impressionismo ocorrido na pintura à essa mesma época, (meados do século XIX), trouxe uma contribuição revolucionária, decisiva, quanto à ótica espacial pictórica, rompendo com a denominada rigidez espacial, pela fragmentação do olhar e captação fugaz da luz, da luminosidade atmosférica. O espaço do olhar, no tempo, antes sólido e rígido, perspectivo, é dissolvido pela efemeridade e fugacidade das pulsações da luz que cambiantes mutam as perspectivas, e fenomelogicamente atuam sobre percepção . Mas, se o movimento Impressionista revolucionaria o olhar pictórico do mundo ocidental e expressaria as tendências artísticas, filosóficas, de uma nova época, na arte pictórica, a Escultura por sua vez ainda se encontrava aprisionada pelos meandros dos postulados estéticos institucionais, arraigada em moldes neoclássicos e renascentistas. Rodin foi contemporâneo da mutação impressionista e por volta do ano de 1877 concluiu sua primeira grande obra de escultura aceita pelo salão, trabalho denominado "A Idade do Bronze"., no qual imprimia tratamentos originais à escultura.. Assim, foi com Rodin que ocorreram mutações basilares, intrínsecas, de novas perspectivas para o desenvolvimento da escultura moderna. Se o pintor Manet, com sua Olympia, no Salão de 1865 apresentava já um trabalho ainda com características renascentistas, mas, com uma liberdade de tratamento real, apresentando já uma preocupação para com a liberdade de tratamento e particularidades dos meios de execução da pintura, como óleo, forma retangular, etc..., antecipando-se ao Impressionismo, a argila modelada pelas maõs de Rodin movimentam, articulam um nova ótica espacial.Porém, o ponto de convergência com a manipulação do espaço impressionista na pintura e a comparação com a manipulação espacial do meio por Rodin não se cinge ao tratamento da luz, mas há uma afirmação da materialidade perceptível do meio, da superfície, característica esta até então não praticada pelos meios tradicionais da Escultura. Rodin enfatiza uma nova maneira de modelar, de usar a argila. Esta é trabalhada, reivindicada pela sua qualidade matérica como maciez, passividade, flexibilidade, potencialmente responsiva aos recursos. Dessa forma, a superfície espacial da Escultura de forma similar à fragmentariedade do olhar impressionista da pintura, adquire com Rodin maleabilidade, derrogando a rigidez e a ilusória solidez espacial perspectica até então articulada tradicionalmente com a argila, pela Escultura, como meio. Ocorre a independência da obra escultórica, no espaço e no tempo em relação ao tema, função específica, emergindo a preocupação com o material, a estrutura, e a gravidade como fins em si mesmos, desarticulando como na pintura, pelo Impressionismo a ilusão sólida de solidez espacial e rearticulando um novo olhar espacial e temporal que caracterizará a abertura de novas posturas à arte escultórica na modernidade.
bibliografia:
Tucker, Wiliam. A Linguagem da Escultura. Cosac & Naify, SP, 1999.
Greenberg, Clement. Arte e Cultura. Ensaios Críticos. Editora Ática, SP, 2001.
Rosalind E. Krauss. Caminhos da Escultura Moderna. Martins Fontes,SP, 1998.
www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
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