🔴 Cadastro animal
O Senado aprovou, agora depende da sanção presidencial o cadastro nacional de animais de estimação. Os principais dados a ser fornecidos (nome completo, CPF, endereço, telefone etc) são do proprietário; como os “pets” nunca são “batizados” com um sobrenome, será uma profusão de Duque, Lady, Toy, Mingau etc. Quando sua cadela ou gata estiver prenhe, acabará a expectativa de uma ninhada de filhotinhos tremendo; haverá a preocupação com a burocracia estatal de filas, formulários e carimbos.
O objetivo expresso é cadastrar os donos e os animais. É claro que toda lei precisa de ajustes, portanto, estou aproveitando a incipiência, bem como, a estupidez da lei, para apresentar a teoria do caos.
Um possível efeito colateral é o abandono. Tenho certeza que, por motivos inconfessáveis, muitas pessoas quererão escapar do cadastro oficial, e não serão cães e gatos que servirão como instrumento de monitoramento governamental.
Com medo das garras do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), será descartada uma população de papagaios cantando músicas da Xuxa, falando palavrão e gritando nome de time de futebol.
Não é difícil prever que iguanas, araras, serpentes, aves de rapina, anfíbios, répteis, felinos de grande porte e outros animais exóticos ou em extinção que andam, voam, pulam ou arrastam continuarão mais invisíveis num apartamento do que no Cerrado, na Floresta Amazônica ou na Mata Atlântica.
Os gatos sempre se recusaram a morar na rua, mas os cachorros topam a vida nômade, desde que recebam um cafuné, uma tigela de água e outra de comida. Com essa lei, os moradores de rua serão obrigados a participar da “festa da burocracia”. Isso é impraticável para quem rompeu com a sociedade.
Hoje não tenho nenhum bicho; no entanto, desde a infância passou pela minha casa uma diversidade bíblica de animais somente observados no Globo Repórter, no Discovery Channel ou em algum documentário da TV Cultura, de modo que, dessa vez, não enfrentarei nenhuma fila de repartição pública.