“DELINCRENTES”
O ridículo caso do joio que se acha trigo!
Por *Antônio F. Bispo.
Neste ensaio, chamo de delincrente, todo aquele que, em nome de Deus, de sua fé ou de sua igreja, age em função de delinquir as relações pessoais ou a paz de outros seres nos ambientes nos quais estão inseridos.
Pervertidos, degenerados e hipócritas, esse tipo de gente não vive em função de cumprir, em suas próprias vidas, os mandamentos daquele a quem dizem ser o salvador. Mal o conhecem e pouco sabem de sua história ou propósito, mesmo sendo este um mito ou não.
A função de um delincrente é justamente vigiar e punir; perseguir e abater; encontrar, condenar e julgar indivíduos que, ao seu próprio ponto de vista, estão fora dos “desígnios do Senhor”.
Qualquer um pode entrar em sua mira, basta o “Espirito Santo” lhes mostrar.
Esquizofrênicos e havidos em poder, desejam sempre tomar as rédeas da vida e da opinião alheia, de modo que pensam ser a causa ou razão de tudo o que ocorre ao redor.
Tomam posse de toda simbologia dita sagrada para extravasar o que de pior flamula em seu próprio interior, e dizem ser isso, furto do espírito de Deus.
Por meio dessa suja interpretação da vida, o Deus deles está sempre irado com os outros, pronto a descer o porrete nos que O desagradam. Já que a divindade está longe demais para isso, eles se prontificam para essa “árdua tarefa” em nome do bem.
São capazes de profanar qualquer gesto ou interação humana. Já que nada os agrada, portanto, nada também deve agradar a Deus. Daí eles surgem a fim de pôr ordem na casa!
Quando não são tarados, são pervertidos, podem ter certeza!
Pervertem a moral, a justiça e o juízo conforme as circunstâncias e oportunidades, a fim de que, em suas taras ou em seus sonhos mais tenebrosos, se vejam tolhendo a liberdade, o intelecto e a personalidade alheia.
Muito cuidado: a vida de quem cruza o caminho deste tipo de gente jamais será a mesma se te deixares convencer de tal missão e propósito nefastos, como se divino fosse.
Se, diante de um inquisidor desta categoria, não fores forte o bastante para sugerir que eles vão tomar bem no meio do próprio orifício rugoso (olhando bem nos olhos), marcas dolorosas ou um remorso profundo te afligirão por anos a fio, quem sabe até o fim de seus dias.
Provavelmente, eles te farão gastar muito tempo e dinheiro com profissionais de psiquiatria, se fores exposto por muito tempo aos seus sermões.
Autodenominados mensageiros do altíssimo, eles alegam ser atalaias dos céus, soldados especiais, “espiões da fé” ou até guardiões angelicais dentro de suas próprias famílias, empresas ou ambientes de trabalho.
Até em conversas de grupo da família, eles estão ali para infernizar e constranger.
Suas opiniões são raramente solicitadas.
Porém, como faca quente na manteiga, eles adentram no humor, nos costumes ou na vida de suas vítimas, tentando moldar, ao seu próprio gosto, a conduta e a opinião dos que querem apenas evitar atrito com pessoas que se comportam como delinquentes.
Confundem o silêncio dos outros com a certeza de que estão no caminho certo e que Deus os está usando para ensinar, corrigir e redarguir, quando, de fato, alguns evitam apenas descer ao nível de suas loucuras.
Quanto mais ferem alguém com discursos moralistas vazios, mas sentem-se completos em sua “missão divina” e dobram a meta em suas intenções.
Se a autoestima de alguém foi afetada com suas sandices, mais forte eles se tornam, pois pensam ser a extensão da ira do próprio Deus a quem dizem servir.
Um Deus que, por sua vez, reflete justamente o desajuste mental do seu porta-voz.
Fazem da felicidade alheia o próprio sofrimento e vice-versa.
Afirmam, sem pestanejar, que somente por conta de suas orações, conselhos ou até presença física em certos ambientes é que aquela estrutura (família) continua de pé, e se assim não fosse, o diabo já teria ceifado a vida de muita gente que está sob sua “guarda espiritual”.
Dizem que raramente dormem e que vivem 24 horas por dia, orando, jejuando e intercedendo a Deus por determinado alvo.
Desejam orar por você (obrigam-te) até em redes sociais, pois na tua vida sempre falta algo. Na deles nunca!
Sempre se referem à sua pessoa com desprezo, como se você sempre estivesse à beira de algum abismo imaginário.
Acham que sua vida e paz dependessem exclusivamente deles, sendo que o oposto disto é o que mais se aproxima da verdade.
Acham que são a última bolacha do pacote, e que o resto do mundo deve-lhes algum favor e aguardam honrarias no pódio de suas próprias mentes.
Eles são o motivo de qualquer pessoa sã tomar asco pelas coisas ditas sagradas; nojo de igrejas; antipatia por pastores, obreiros ou líderes religiosos em geral; inclusive desdém pela própria Bíblia, Deus e deuses.
Após libertos das ilusões e ameaças daqueles que vivem da exploração da fé e da ingenuidade alheia, qualquer pessoa sensata terá consciência de que os deuses e agremiações religiosas são frutos da mente, do medo ou do desejo humano. Nada, além disso.
No máximo, um ateu verá uma igreja ou a mitologia que a envolve apenas como sendo um objeto de estudo do comportamento coletivo.
Um gatilho emocional é ativado, porém, em todo aquele que já foi abusado, explorado, extorquido, humilhado ou teve sua honra, ou imagem vilipendiada justamente por aqueles que alegavam ser interlocutores do divino.
Mágoas, raiva, ódio, rancor, crises de ansiedade, de choro, medo ou desejo de vingança...
Todos esses sentimentos são acionados ao ouvir simples vocábulos como “Deus”, “Jesus”, “igreja”, “Bíblia”, “céus” e tantos outros que compõem o repertório de falas de certas liturgias.
Coisas que não deveriam feder e nem cheirar podem fazer eclodir os mais variados temperamentos naqueles que um dia depositaram sua confiança em um delincrente (ou grupo deles) e foram tratados como escória. Depois de não mais terem serventia para o grupo, ou simplesmente por expressarem desejo de respeito mútuo, foram banidos do recinto e tiveram seus nomes ou imagens vinculadas a tudo que de profano existe.
Pessoas (desigrejados, desviados, ateus), que explodem ao ouvir falar das “coisas santas”, têm quase sempre uma dor encoberta e que por vezes não tiveram a chance de se defender quando estavam sob a mira desse tipo de anjo da morte.
Ateístas que sentem com frequência a necessidade do embate verbal e do confronto com gente escrota que se esconde atrás da bíblia, podem estar apenas aliviando suas próprias tensões, já que “quando salvos”, foram enterrados sepultados ainda em vida por aqueles que juraram amor fraternal e eterno.
Ao se estudar a causa de vários desequilibrados sociais ou de distúrbios mentais de muitos que dentro ou foram das igrejas estão em sofrimento, sempre haverá um “ungido”, “um guardião da fé” ou uma “pessoa usada por Deus” por trás de todo trauma que a religião causou ou tem causado a muitos.
Apesar de enxergarem como guardiões da fé, estas criaturas mais se encaixam como parceiros do capeta, cavaleiros negros, vindos do próprio inferno para roubar a paz dos homens.
Gente chata, intolerante, intrometida e por vezes “burras ao cubo”.
Uso “por vezes”, porque geralmente, eles sabem justamente o que estão fazendo.
Alguns até possuem mais de um curso universitário e seria infantil atribuir a estes a falta de conhecimento técnico ou das leis que regem um país, um ambiente familiar ou de trabalho.
Certamente, em algum ponto de sua vida, você foi obrigado a conviver com alguém assim.
Para impor o que pensam e sentem a seu respeito, sempre usam frases do tipo: “Deus está me usando para”; “o Altíssimo acabou de falar ao meu ouvido que”; “O Espírito Santo está me revelando”; “Jesus me ordenou”; “cale-se, ouça e obedeça, pois estou sendo um mensageiro de Cristo para sua vida”!
Citações assim sempre vêm acompanhadas de um pedido (uma ordem) para que você se ajoelhe para ele (a), este ser iluminado possa orar por ti.
A prece sempre será em tom de desdém, de ultimato ou de humilhação, fazendo com que muitos entrem em um círculo emocional e passem a achar que realmente dependem de tudo aquilo para seguir suas vidas.
São como pragas.
Ervas-Daninhas por natureza, mas tem por certo que são lírios-do-campo, portadores do maná celestial e água fresca para o sedento. Não passam de pessoas imundas, sepulcros ambulantes, cujo fedor percebe de longe.
Estão sempre invocando algum tipo de praga apocalíptica para a sua própria geração ou desejando a volta de um suposto messias, não para apaziguar as nações ou resolver os maiores problemas sociais, antes, sim, quando dizem “Maranata”, o fazem com o intuito de que seu suposto Deus e aliado, faça sofrer e lance no inferno, todos os que não foram subservientes às suas loucuras.
Por mais que pareça engraçado, os que se encaixam nesse perfil e, porventura, leem textos como estes, jamais percebem que são os causadores disso tudo e pensam em “trocentas” outras pessoas que possivelmente estão agindo assim, menos nelas mesmas.
Se Lutero dizia que Sola Scripitura Salva, eu penso que nada, além do enfrentamento a cada ataque individual que eles fazem, podem salvar essas pessoas delas mesmas.
Em outras palavras, a sanidade destes e nossa, por vezes, dependerá do afastamento de gente com esse nível de impiedade.
Nunca é demais lembrar que, em países descentes, “Deus” nunca usará os seus servos para ofender, humilhar ou perseguir quem quer que seja.
Lá, “o Senhor” precisa obedecer às leis e à constituição vigente. Portanto, o mesmo não sai usando malucos para impor sua fé e devaneios mentais, como se remédio fosse.
Em locais cuja percepção de liberdade religiosa vale somente àqueles que se enxergam no “topo da cadeia alimentar da fé”, a intolerância, a falta de bom senso e a perversão das interações humanas tendem a prevalecer.
Em ambientes assim, cabe espaço até para traficantes evangélicos, que quase sempre apoiados por algum líder religioso tão doentio quanto muitos de seus liderados, enxergam até mesmo na desordem social causada por essa gente, a oportunidade de lucro incessante.
Entre todos os imorais, o pervertido da fé é o que mais enegrece o futuro de nossa espécie.
Migalhas de afeto são o que eles te dão em troca do controle de sua vida, opinião e liberdade.
Escapa-te por tua vida, é o que eu diria para os que andam flertando com gente assim.
Se algum dia “o Senhor” entrar em sua mente para dar pitacos na vida alheia, procure ajuda de um médico especialista. A sua paz e a de todos os que estão ao seu redor estará comprometida.
Aconselho atenção redobrada e confiança reduzida à qualquer um que diga ser usado por Deus ou ungido por Ele. Jamais baixe a sua guarda para gente assim, nem confie a eles suas finanças, família, negócios ou carreira.
Se a soberba precede a ruina, a desgraça e o escárnio será a paga dos que se deixam conduzir por aqueles que são auto denominam “guiados por Deus”.
Revejam Seus Conceitos.
Saúde e Sanidade à Todos!
Texto escrito em 24/11/24
*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia