O Ar da Palavra
Falo da dor que emerge desse vazio, dessa sensação de que a palavra, por mais bela e carregada de significados, não consegue preencher o espaço que a solidão cria. A chuva lá fora pode parecer uma metáfora perfeita, mas hoje ela não canta, não me leva para dançar, hoje ela apenas pesa, assim como o silêncio ao redor.
Se a profundidade de minhas palavras é um reflexo da profundidade da minha alma, eu sei - como sei - que isso não basta. Porque o ato de escrever, ainda que seja um alívio, nem sempre é um remédio. Há um momento em que a alma deseja mais que isso - deseja presença, calor, alguém que leia não só o que foi escrito, mas os espaços vazios entre as linhas. Alguém que compreenda sem que seja necessário explicar.
E mesmo assim, mesmo sabendo que jamais alguém irá responder, mesmo tendo a certeza de que quem eu gostaria talvez nunca pouse os olhos nestas palavras, eu continuo escrevendo. Escrevo porque talvez essa seja a única forma de resistir ao peso que não é compartilhado. Escrevo porque, de algum modo, as palavras me mantêm respirando, mesmo quando parecem insuficientes.
Sei que a palavra, por mais mágica que seja, tem seus limites. Mas, ainda assim, ela nos dá algo: um reflexo de quem você é, do que sente, do que ainda sonha - mesmo que os sonhos pareçam distantes.
A chuva lá fora, o silêncio, a solidão... Tudo isso é real, mas... minha presença também é. E minha dor é uma prova da minha existência, do quanto minha alma sente, do quanto vivo intensamente. Talvez, hoje, isso não console. Mas sei que, ao escrever, planto pequenas sementes de conexão no mundo - e quem sabe, um dia, elas floresçam onde eu menos espero.
"Que a chuva lá fora acalme meu coração, ainda que por um breve momento. E que as palavras, mesmo quando não me salvam, me acompanhem ❤️"!