Experiências de vida

Refletindo sobre as inúmeras experiências que moldaram a minha vida, percebe-se que há muito a ponderar. Uma memória particularmente angustiante da minha infância destaca-se vivamente: caí da varanda da nossa casa. Durante o que me pareceu uma eternidade, fiquei perigosamente pendurada, com o vestido preso numa barra de ferro saliente. O pânico que se apoderava de mim era palpável, mas de alguma forma, saí daquela situação precária apenas com uma persistente sensação de incredulidade.

Houve também aquele incidente stressante durante uma viagem de navio. Lembro-me de sentir as ondas do oceano a subir e a quebrar à minha volta e, por um momento, pensei que poderia afundar-me. A emoção da aventura misturou-se com o medo, mas no final regressei à costa sã e salva.

A minha infância também foi repleta de tombos. Lembro-me perfeitamente dum acidente de bicicleta. Um dia, enquanto descia uma rua íngreme, perdi o controlo e caí, indo de encontro á quina da casa do padre. Fiquei sem fôlego, mas o riso veio logo a seguir, lembrando-me que estes momentos faziam simplesmente parte do crescimento.

Depois houve o meu acidente de mota. Viajando no lugar do pendura, recordo a emocionante rajada do vento e o medo que se apoderou de mim quando nos deparámos com um solavanco inesperado, fazendo-nos perder o equilíbrio e cair no chão. Milagrosamente, ambas estávamos bem e rimos a bom rir.

Não me esqueço da vez em que me enganei no comboio. Na ânsia de chegar ao meu destino, embarquei por engano no comboio errado e tive de desembarcar numa estação desconhecida. Após um longo momento de pânico e espera, dei por mim a regressar num comboio de carga.

Passados alguns dias, já ria do absurdo de tudo isto.

Agora já na fase adulta, houve também a experiência inesquecível de perder um voo. Ainda corri pelo aeroporto, num turbilhão de ansiedade e expectativa, mas já não me deixaram embarcar. Pouco depois o avião descolou. Fiquei ali, ofegante e perplexa, percebendo que, por vezes, simplesmente não se consegue fugir do tempo.

Ao longo de todas estas aventuras, apesar dos solavancos e dos confrontos com o perigo, saí ilesa, como se fosse guiada por um anjo da guarda invisível que cuida de mim - lembrando-me que a vida é uma tapeçaria ricamente tecida de experiências que muitas vezes equilibram-se à beira do caos e da alegria.

Maria D Reis

18/11/24

Portugal🇵🇹

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 22/11/2024
Código do texto: T8203147
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