QUE BRASIL CONSTRUÍMOS AO LONGO DO TEMPO?

PELAS "GAMBIARRAS" DAS VIDAS.

Antes de começar a explanar meu sentimento, o que me veio fortemente ao tomar conhecimento das estatísticas sociais do nosso último CENSO DEMOGRÁFICO, eu gostaria de deixar claro que pretendo discutir apenas um tema: CIDADANIA CONSTRUÍDA.

Aqui não aponto o dedo a absolutamente ninguém a não ser...a "nós mesmos".

Dizem que vivemos num país cujo cujo regime é DEMOCRÁTICO, portanto, se algo não deu certo, a responsabilidade é de todos nós, direta ou indiretamente, bem ali, nas urnas.

Desde que haja escolhas.

Penso que, ao nascer, as primeiras necessidades do Ser Humano, para no mínimo se cumprir o DIREITO FUNDAMENTAL à " VIDA", são: alimentação e um teto SALUBRE sobre nossos corpos.

Foi com muita tristeza, mas com nenhuma surpresa, que li a informação de que somos 16.390.815 (dezesseis milhões , trezentas e noventa mil e oitocentas e quinze pessoas a residir em domicílios denominados FAVELAS E COMUNIDADES URBANAS.

Digo que não me foi surpresa porque, aqui em São Paulo, capital, na sequência dos últimos dez anos, basta constatarmos com "olhos de ver" que a situação de moradia se agravou impressionantemente; é só olharmos para o outro lado do "céu", acima das calçadas das dores, para enxergarmos o cenário dum "inferno maquiado" ao longo de DÉCADAS, com as "benfeitorias das bondades" gestoras .

O que chama a atenção é o marketing promovido pelos responsáveis por cuidar das gentes.

Hoje, morar em situação difícil é interpretado , "via propaganda massiva" , como prêmio, haja vista a imensa população em situação de rua...pela calçadas e sob marquises do país inteiro.

Quem chega por aqui e ouve os discursos e as propagandas, a exemplo das últimas eleições municipais, acredita na intenção dos "cuidadores das gerações" em melhorar a dignidade de vida das pessoas, da qual a MORADIA é um marcador essencial, pois, bem subliminarmente, nos tentam convencer de que morar nas favelas é o melhor marcador do índice de desenvolvimento humano (IDH). É como se fosse um progresso de vida!

Há um MARKETING POLÍTICO que empodera a tristeza social imponderável se valendo de um impulso perene na contracultura, a fazer com que as pessoas acreditem que ascenderam na qualidade de vida porque reivindicam direitos em vários movimentos, participam de uma Economia local forte, têm isso ou aquilo, enfim, a impressão que temos é que é necessário "fingir" um amortecedor de bem estar social para que as pessoas não percebam que, na verdade, nada pelo tempo , ou muito pouco num olhar mais otimista, foi feito pela dignidade de suas vidas.

É como reivindicar por um direito que nunca lhes chega.

Sim, as favelas e comunidades têm gente como toda gente, só que ninguém conta que , como não se conseguiu resolver, ao longo do tempo, o Déficit BRUTAL de moradias urbanas dignas ; já que ninguém conta que a dramática situação fugiu totalmente do CONTROLE SOCIAL E POLÍTICO dos poderes, então só resta aos administradores convencer a população que "sim nós podemos, porque somos dignos!"." "Vamos desviar a atenção sobre o caos", é a leitura que vigora.

É, a meu ver, um triste mecanismo de manipulação do sentimento social, a se manter a triste inconsciência da dramática situação de si mesmo.

A DIGNIDADE DE TODA PESSOA HUMANA é intrínseca ao SEU SER.

Todos somos dignos. Basta estarmos aqui. Tal é mais que óbvio.

Mas, eu pergunto:

É digno ser "dignificado" , aos quatro ventos do país, pelo "cultural marketing político", onde todo o primordial digno falta às tantas vidas?

Inclusive por aqui, na mais rica cidade do País (imaginando o que ocorre no demais espaços do Território Nacional, nos locais impermeáveis aos nossos olhos perplexos, estupefatos!), seria digno se morar de forma insalubre e violenta, em aglomerados sem saneamento básico, cuja violência social corre sem controle do Estado, dentre crescentes áreas de risco de grandes tragédias anunciadas, com gambiarras de energia elétrica, com falta de água nas torneiras, sem coleta de lixo, sem possibilidade de chegadas de correspondências e de logística efetiva para a circulação de mercadorias, cenários onde uma enorme gama de doenças infecto- contagiosas se instalam sob o agravo de uma dinâmica epidemiológica que ninguém controla?

Só por Deus...

Mas o Marketing político, com a ajuda do MIDIÁTICO, maquia tudo isso.

Por aqui se vende a miséria como "dignidade construída" , inclusive se vende mundo afora...para além das fronteiras "terra/mar".

Lá fora, nossa miséria virou indústria do turismo das surrealidades...

Por aqui, promove-se vários festivais, disso e daquilo, campeonatos de tudo são anunciados nos territórios das dores, shows desse ou daquele, dando a entender que não temos problemas algum pelas áreas onde 16.390.815 pessoas vivem de forma tão triste.

Talvez esse número esteja subestimado posto que , pelos entornos dos nossos caminhos, nossos olhos contam um número supostamente bem maior...basta pegar uma rodovia e esticar os olhos ao seu entorno.

Decerto é preciso saber amortizar as dores "pelos circos montados já sem pão possível"...na tentativa de vedar os olhos e os corações das pessoas, cidadãs dum País de todos nós, como sempre nos foi cantado em verso, mas nunca versejado nas entrelinhas, na prosa da vida real.

Afinal, ao longo das últimas três décadas, ou melhor dizendo, após a nossa abençoada redemocratização, que BRASIL CONSTRUÍMOS PARA NÓS E PARA AS PRÓXIMAS GERAÇÕES?

Qual o verdadeiro legado SUSTENTÁVEL para o nosso falido museu do futuro?

Quanto mais de maquiagem demandaremos para disfarçar as tantas dores da situação tão dramática da nossa emergência social?

Quem realmente cuidará de todos nós, já que já nos foi ensinado "que nenhum Homem é uma ilha?"

Quando vamos acordar para o fato de que não queremos circo mas sim uma mesa sustentável, com preços justos a quem produz e a quem consome?

Quem educará a inconsciência?

Quando, enfim , faremos um mutirão pela ressuscitação social, sem maquiagem tipo "boa noite Cinderela"?

Até quando enxugaremos o gelo de tantas dores a altos custos sociais, sem efetividade alguma?

Temos solução ou já perdemos o "fio da meada" rumo a uma verdadeira cidadania, sem gambiarras existenciais?

Como é difícil enxergar uma crônica e crescente "natimortalidade social", nunca impactada a melhor pelas sucessivas vontades vontades políticas históricas.

Porque DIGNIDADE HUMANA mesmo...é nascer num alicerce geracional de perspectiva de vida real para todos.

Ninguém engana tantos para sempre...em lugar algum.

Porque é o cenário quem sempre grita a verdade.