A noção da natureza pelos pré-socráticos na filosofia

A natureza para os pré-socráticos foi o grande objeto de estudo para a filosofia nascente na Grécia, o que gerou várias controvérsias de reflexões a respeito da origem do mundo com sua devida visão cosmológica a respeito, que foram na verdade, primeiros pensamentos sobre natureza ( φύσis = phisis), os quais buscavam a causalidade eficiente e a teleologia da ordem do mundo como produto da experiência humana pela sua inteligência

Três pensadores se destacam para abordar as reflexões cosmológicas: Anaximandro, Pitágoras e Demócrito.

Anaximandro foi um dos filósofos pré-socráticos que concebeu a multiplicidade do mundo, como algo que se desdobra como essência primordial, o ilimitado, o que faz no fundo, demonstrar a alteração de compreensão do mundo em si.

Anaximandro, ao apontar o ápeiron (Απείρων), como a própria indeterminação da essência, ele próprio não determinou ou apontou a determinação da origem do cosmos, seja pela água, pelo ar, pela terra ou pelo fogo (os chamados quatro elementos fundamentais do mundo antigo).

Ao apresentar o problema do indeterminável, este pode e deve ser pensado como aquele de onde nascem os contrários determinados, o quente e o frio, o seco e o úmido, o começo e o fim, o dia e a noite, o homem e a mulher, o que faz o indeterminável ser o indeterminado, o que transforma em algo não propriamente indeterminado.

Obviamente, que é algo que Anaximandro apresenta como ideia monista, na direção de um ser em que a pluralidade e o movimento são contrários, ora da posição dos eleatas, que reforça “de nada, nada vem”, o que implica o modo permanente e o modo eterno.

Já, Pitágoras de Samos, que viveu de 580 a 497 a.C., descobriu que intervalos musicais se expressam em relações numéricas, o que é então a chave para compreender todas as diferenças qualitativas nas demonstrações quantitativas. Pois, todas as variações quantitativas se relacionam nas diferenças qualitativas.

Pitágoras encontrou sentido na razão, como relação entre duas medidas numéricas, na forma fracionária e na forma de porcentagem, o que percebeu, então, uma relação do denominador sempre igual ao número 100. E obviamente, que da relação entre razão, deduziu-se, devidamente a proporção.

Daqui, pode-se dizer que “o céu todo é harmonia e número”, relações de razão, proporcionalidades expressas em números, o que fez Pitágoras perceber que tudo que se relaciona a natureza e a própria vida são números, seja em forma de conjuntos ou subconjuntos, o par e o ímpar e relação básica de expressar tudo e todos de forma numérica.

Com a relação básica entre números, que se expressam numericamente, a mônada (Μονάδα = algo único e simples), que, portanto, já é uma relação de uma díada (Δíada = algo que se refere ao par, ao casal, a um vínculo). E, diante essa diferença de princípios do único e par é a base e a “indutora” de toda multiplicidade das coisas.

O par sempre se refere e reúne tudo quanto é parelho, coisa que se destaca ou resta, algo que é um, separado em metades, iguais para ambos os lados, e que todos se dissolvem na indistinção.

Já, o ímpar, ao contrário, diz respeito ao que não é sem par, de forma irredutível, a unidade que se sobrepõe a paridade. Os dois princípios se articulam e se fundam no reino da geração e no reino da corrupção.

A tal oposição em relação ao par e ao ímpar se expressa numa tábua dos dez contrários: entre o limite e o ilimitado, o par e o ímpar, o um e o múltiplo, a direita e a esquerda, o masculino e o feminino - todos em repouso e em movimento, o reto e o curvo, a luz e a escuridão, o bom e o mau, a forma e a matéria, o ying (英)e o yang (楊) - como se corresponde no Oriente.

Apesar de toda racionalidade a respeito dos números, observou-se com o tempo os números irracionais, principalmente, o número π (pi) e as raízes quadradas que não tinham soluções e representações em frações.

E Demócrito de Abdera, que viveu de 460 a 370 a.C., o que apresentou a teoria do Átomo, como princípio da descontinuidade pitagórica, que é determinado como a descontinuidade dos corpos no vazio. Assim, o não ser (vazio) também é assumido e determinado.

Tudo que é descontínuo da experiência comum são compostos de corpos menores, divisíveis em outros menores, numa regressão que vai bater em corpúsculos simples, não mais divisíveis por serem simples, o que são denominados não divisíveis (Άτομα = Á-tomos), o menor corpo da matéria sempre existente e incorruptível.

Assim por ora, os átomos sempre em movimento se chocam entre si, e que, em algum momento, por acaso, fixam-se em aglomerados formando mundos, como o nosso, que têm como todos os corpos compostos de nascimento e morte, de composição e decomposição, caos e ordem, expansão e retração, evolução e regresso.

Referências

ROUANET, Luiz Paulo. Curso de Licenciatura de Filosofia. História da Filosofia I. Storyboard. Unidade I. São João Del Rey: UFSJ/Nead, 2021.

Lúcio Rangel Ortiz
Enviado por Lúcio Rangel Ortiz em 29/10/2024
Código do texto: T8184693
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