O que mantém a chama acesa

O amor, aquele sentimento tão poderoso e transformador, parece, por vezes, condenado a nunca alcançar o cume da Montanha que almeja.

E então, a pergunta lateja: de que vale tanto sentir, tanto sonhar, se a resposta do mundo é o desdém? Se os braços que se estendem, plenos de paixão e poesia, ficam vazios no abraço que nunca chega? A alma se veste de versos, inunda-se de rimas, mas parece não pertencer àquela vida que deseja, àquele coração que se recusa a acolher.

O amor, por sua natureza, não exige reciprocidade, mas quando o silêncio é a única resposta, o coração se encolhe. Talvez seja isso o que dói mais: não a ausência do amor correspondido, mas a ausência de qualquer eco, qualquer resposta que confirme sua existência no outro.

E assim, o espírito que um dia acendeu tantas lanternas de esperança e paixão, aos poucos, vai se apagando. As lágrimas, aquelas que antes refletiam a luz, agora parecem ter o poder de extinguir o fogo que restou. Mas, por mais que o desejo de apagar-se seja forte, há algo nas profundezas do ser que sempre reluta em desaparecer completamente. Porque, no final, é a própria dor que mantém a chama acesa, ainda que trêmula, ainda que pequena, pois ela, ao menos, prova que o amor existiu. E enquanto houver dor, há amor — mesmo que distante, mesmo que inalcançável.

Por isso, sigo sendo eu: poeta do amor, tecelã de palavras, dedicada e incansável, mas que, apesar de toda a sua habilidade, não consegue erguer o tecido de poemas até o Sol e as outras estrelas.