BRINDE DE COCA-COLA
A classe-média não vota libertária.
Vota conservadoramente.
Mesmo quando vota nos ditos setores progressistas, aplica o sufrágio em pautas próximas ao centro.
É assim o andar da carruagem dos nunca-burgueses, da não burguesia, ou, como é sonho, da burguesia-cotó.
A classe-média tem que ser entendida não como "classe" (embora a designação afirme), mas como "instituição", por sinal a mais bem acabada e organizada instituição legada pela burguesia.
Funciona como um instrumento de combate, e, permanentemente sob tutela da classe dominante, sua função é desintegrar qualquer movimento de conscientização de classe, e dentro desta ótica nunca o setor ascendente da Causa Popular vai conquistar qualquer êxito.
O termo "esquerda", embora pareça a contrapartida, é na verdade legitimador do Estado burguês, na expressão ideológica que se lança às massas: liberal.
E isso desde a Revolução Francesa quando recebeu a designação histórica, por agrupar-se à esquerda do Rei, na Assembleia Constituinte, e seguiu pelo mundo, sempre tropeçando nas dúvidas programáticas, ora mais aguerrida, depois mais reformista e "equilibrada", eventualmente sangrenta e definitiva, porém, quase sempre recreativa nas reivindicações frente ao domínio do Capital.
Portanto, para que a completa falta de programa de desenvolvimento, pelo inconfessável do propósito, a elite econômica não pode exercer o domínio sobre as massas trabalhadoras, sem que efetivo o controle do Estado e este controle só é possível com a disputa pelo assento gestivo, vamos chamá-lo assim, pois o Poder não é exercido nas presidências ou parlamentos, mas sim, por quem sustenta a máquina que funciona mantendo vivo o sistema, e quem sustenta é o proprietário dos meios de produção, que não é outro, que não o nosso "querido" burguês.
Sem a "esquerda", o que entendemos por "conservadorismo", "ultra-direita", não prolifera, pois cabe à "esquerda" a defesa de agendas bonitinhas, "civilizadinhas", sem as quais a "virilidade" conservadora não funciona.
Este é o ponto a ser atacado.
A Causa Popular não se sustenta sem o ataque preciso, na agressividade, aos fatores determinantes da miséria e da desigualdade econômica.
É determinante para um projeto de desenvolvimento nacional consequente, a definição dos sujeitos sociais abrangidos.
Os setores progressistas perdem um tempo enfadonho e inútil com a árida inserção dos gêneros comportamentais e raciais, sem se darem conta que os tais gêneros são atingidos minoritária, e portanto secundáriamente, pelas políticas públicas, já que relegada a massa estrondosa de sujeitos sociais, que por não se sentir atendida, migra para os setores conservadores, prontos a abrigarem reivindicações de grupos sociais heterogêneos, tais como jovens desempregados das periferias com domínio intelectual de novas tecnologias (este um setor no qual a nova direita prepondera), donas de casa, trabalhadores desempregados em idade avançada, portadores de síndromes de vários tipos.
A sociedade, desde os anos '80 do Século 20, muda a feição, com base no manuseio tecnológico, do qual é alijada, mas luta para ingressar.
Por causa disso adquirimos aparência de sociedade consumista sem nenhuma consciência de classe, como se a divisão estrutural das populações não existisse, Unidos todos por um mítico e imaginârio laço de Poder aquisitivo, excluindo -se com desprezo e até violência, a quem não participa da convocação do consumo, como se fora o Consumo o lugar superior de consciência humana.
Longe de ser um problema, é um projeto de Poder de longo alcance, desempenhado pela classe dominante para controlar às massas inferiores, não hoje, mas daqui a cem anos e mais.
Como interromper este ciclo, exige que o conhecimento da equação, calcule não mais, apenas o papel da força de trabalho pelo convite ao consumo massivo e maciço, mas o papel da Religião no domínio das classes dependentes das concessões da elite econômico, e seu agente operador de mudanças, o Estado, cuja função jamais se choca com direção capitalista, na verdade, existe para garantir o êxito de crescimento do sistema.
Qual o tamanho do aparelho estatal, depende do interesse da classe dirigente em avançar em outras terras, uma vez que um Estado Forte, produz dependência em relação a ele.
Em havendo vocação internacional, o papel de navegante institucional garante segurança articulatória ao aporte em outros países, que hoje se faz com associação à nova moeda, na capacidade das reservas minerais ou alimentares.
Dentro deste arcabouço de expansão, a "esquerda" desempenha abordagem mais ampla e confiável do que a direita, carecedora de estudos estratégicos sobre o tema.
Ou seja: cabe à esquerda, o papel de lavra.
Na hora de pesar a pepita, a direita é chamada a gerenciar os interesses do Patrão, cada vez mais pesado, de lucro.
É nesta hora que a Causa Popular deve se converter em Poder, e intervir para formar um nova hegemonia no controle do Estado, ou continuaremos brindando Coca- Cola!