O analfabetismo filosófico
António Gramsci (1891 – 1937) no seu ensaio “Todo homem é filósofo”, afirma que:
“É preciso destruir o preconceito, muito difundido, de que a filosofia é algo muito difícil pelo fato de ser a atividade intelectual própria de uma determinada categoria de cientistas especializados ou de filósofos profissionais e sistemáticos. É preciso, portanto, demonstrar preliminarmente que todos os homens são '‘filósofos’', definindo os limites e as características desta '‘filosofia espontânea’', peculiar a '‘todo o mundo’', isto é, da filosofia que está contida:
1. na própria linguagem, que é um conjunto de noções e de conceitos determinados e não, simplesmente, de palavras gramaticalmente vazias de conteúdo;
2. no senso comum e no bom senso;
3. na religião popular e, consequentemente, em todo o sistema de crenças, superstições, opiniões, modos de ver e de agir que se manifestam naquilo que geralmente se conhece por '‘folclore’'.”
Partindo desse princípio, a filosofia faz parte inseparável do ser humano que, com variações entre os indivíduos, constantemente examina o mundo a sua volta e elabora teorias ou tira conclusões pessoais.
O analfabetismo filosófico aparece justamente naquelas pessoas que obtêm um ou mais diplomas em Filosofia e outras disciplinas da área de Ciências Humanas e empolgados com suas escolhas leem centenas ou milhares de livros específicos e no final se sentem como se tivessem alcançado um estágio existencial acima de todos os outros “meros mortais” que passa a tratar como seres simplórios que precisam ser guiados por sua “suprema sapiência”, desde que o aceitem como “seu deus” ou pelo contrário, merecedores de seu desprezo se não o acatarem como guia.
Esses analfabetos filosóficos se tornam de tal forma fechados na sua “divindade” que se desconectam totalmente da realidade, de forma que mesmo que entre seus diplomas estejam o de Direito e Economia, por exemplo, não conseguem perceber como os fundamentos dessas ciências se encaixam com o mundo real e assim passam a fazer constantes afirmações desconexas. Eles esquecem o filósofo natural que existe dentro deles e que é marcadamente prático.
Um exemplo nítido dessa alienação é o ministro Luís Roberto Barroso do STF, que já há algum tempo vem fazendo declarações públicas indicativas de alienação intelectual e mental, porque não percebe que está extrapolando os limites do ridículo.
A última dessas declarações “sebosas” é a de que seu maior legado para o país será a “sua total recivilização”.
O ser humano é surpreendente tanto por suas criações positivas quanto negativas, porém essa capacidade de transformar informação, que em princípio deveria aumentar nosso conhecimento do mundo, em fonte de estupidificação é uma das mais “incríveis”.