Entre palavras e poder
Em mais um dia de batalha nesta selva chamada Brasil, minha paciência já rara se esgota com a crise que enfrentamos.
Entre argumentos vazios, o lado amarelo prega "fora Lula, fora Dilma", adotando uma postura que lembra o golpe de 1964. "Vamos lutar contra o inimigo". Quem é esse inimigo? O lado vermelho? Em meio a tantas opiniões divergentes, ainda sou obrigada a ouvir que a Ditadura Militar foi a solução. Coitados. Os livros de história estão disponíveis para quem quiser ler. Nada me convence.
Enquanto isso, os vermelhos clamam "não vai ter golpe", insistindo que tudo não passa de uma "armação política". Para eles, o Brasil evoluiu, mas desde quando o desejo popular é golpe? Querem ridicularizar aquilo que tanto criticaram, mas sabem que a caneta é impotente diante de políticas pseudoassistencialistas. Toda a tinta acaba.
A verdade é que o inimigo não está nas cores amarelo ou vermelho, nem nas suas ideologias. A culpa é exclusivamente do ser humano. Quem os colocou no poder? Quem permitiu? Quem acreditou? Colocar um ou várias centenas no poder os faz sentir-se "deuses do Olimpo". Eles se acham fortes, com tudo nas mãos. A culpa é nossa. Se chegamos a esse ponto, foi tudo um desenho, nosso.
** Nota: O texto foi escrito em 2016, durante o período crítico do (golpe) impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Naquele momento, eu me sentia desconfortável com todas as opções apresentadas. Esse sentimento persiste, pois me identifico como um centrista no espectro político. Contudo, a história demonstrou que Dilma sofreu um golpe institucional que levou ao impeachment. Embora seja verdade que sua queda foi provocada pela falta de apoio popular e político necessário para manter o governo, em razão de decisões políticas erradas, é notável que ela foi destituída por muito menos do que outros políticos. Sua saída deveria ter ocorrido através do voto democrático e não por impeachment, que gerou uma crise política profunda e duradoura, da qual ainda não conseguimos emergir. Essa crise trouxe à tona uma ideologia perigosa e prejudicial que sempre existiu, mas agora se manifestou com maior força e voz em nossa nação. Mate o 08/01/23 que há em nós.