Estudo sobre a estupidez humana
“Graças a Darwin, sabemos que compartilhamos nossa origem com os membros inferiores do reino animal, e minhocas, assim como elefantes, têm de suportar sua cota diária de problemas, situações desagradáveis e provações. Seres humanos, porém, são privilegiados ao ponto de terem de carregar um fardo extra – uma dose a mais de tribulações originadas diariamente por um grupo de pessoas no interior da própria raça humana. Esse grupo é muito mais perigoso que a máfia, o complexo industrial-militar ou o comunismo internacional – é um grupo desorganizado e não regulamentado, sem chefe, sem presidente e sem estatuto, e ainda assim consegue operar em perfeito uníssono, como se fosse guiado por uma mão invisível, de modo que a atividade de cada membro contribui fortemente para reforçar e amplificar a efetividade da atividade de todos os outros.”.
Essa afirmação foi feita por Carlo M. Cipolla (1922 – 2000), historiador econômico e medievalista italiano,. na introdução do seu livro “As leis fundamentais da estupidez humana”.
Ele prossegue, “uma das forças sombrias mais poderosas que impedem o crescimento do bem-estar e da felicidade humanos.”.
Das suas observações sobre esse mal, Cipolla formulou cinco leis fundamentais que o regeriam:
1 - “Todo mundo subestima, sempre e inevitavelmente, o número de indivíduos estúpidos em circulação.”
2 - “A probabilidade de determinada pessoa ser estúpida independe de qualquer outra característica dessa pessoa.”
3 - “Uma pessoa estúpida é uma pessoa que provoca perdas para outra pessoa ou um grupo de pessoas enquanto não obtém nenhum ganho para si mesma, e possivelmente incorre em perdas.”
4 - “Pessoas não estúpidas sempre subestimam o poder de causar danos dos indivíduos estúpidos. Em particular, pessoas não estúpidas se esquecem constantemente de que em todo momento e lugar, e sob qualquer circunstância, lidar e/ou se associar com pessoas estúpidas resulta infalivelmente em um erro altamente custoso.”
5 - “Uma pessoa estúpida é o tipo mais perigoso de pessoa.”
De onde se conclui que
“Uma pessoa estúpida é mais perigosa do que um bandido.”
Apesar de ter apenas 96 páginas e mostrar inclinação para a comicidade, o livro de Marco M. Cipolla nos diz muito sobre a estupidez humana e pode nos ajudar a refletir sobre o alcance do comportamento expresso por uma palavra de uso tão comum no nosso dia a dia, mas que quase sempre ou sempre a usamos apenas para descarregar alguma frustração momentânea em relação às pessoas de nosso convívio ou conhecimento.