Ensaio Sobre a Vida

Viver é, no mínimo, curioso.

São três anos que não sabemos bem o que ocorreu, doze anos de escola, e de quatro a sete na faculdade. Isso sendo o obrigatório ou socialmente esperado. E depois disso o quê?

Na minha opinião, é, no mínimo, curioso que realmente não há sentido algum na vida. Digo isso podendo ser católica, niilista, ateia, não importa. A vida não faz sentido algum.

Somos ensinados desde pequenos que um direito garantido pela ONU, um direito presente na Constituição Brasileira é o Direito à vida. A questão é que enquanto algumas pessoas nascem num berço de ouro e conseguem tudo que querem com um estalar de dedos, outras pessoas sobrevivem com dois reais mensais, e sinceramente, por que passar por uma vida centrada na fome, na miséria e na doença?

Não digo que não gosto da minha vida nem que quero acabar com ela, mas me pergunto o porquê de eu estar passando por tudo isso. Qual o sentido de estudar dias e noites para conseguir boas notas na escola, batalhar por uma boa faculdade, acordar cedo e trabalhar sete dias na semana. Em alguns anos tudo isso acaba. Em alguns anos a vida acaba e tudo isso fica para trás.

Escrevo isso em busca de respostas. Sei que não sabemos o sentido da vida e muito menos o da morte, mas se nasci um ser racional é esperado que eu me pergunte o que estou fazendo aqui. A minha vida é finita, assim como a sua, e será que realmente vale a pena todo o sofrimento por algo que dura tão pouco?

Qual o sentido de prolongar o tempo que temos aqui? Quem sofre é quem fica e não quem vai. Qual é o sentido da quimioterapia, das cirurgias, do marcapasso, do antibiótico? Por que insistimos tanto em prolongar a expectativa de vida do ser humano? Por que nos orgulhamos de ter colonizado a Terra?

Por que temos tanto medo de morrer? O corpo humano funciona assim como o celular que você usa para ler esse texto. Uma peça principal controla o funcionamento de todas as outras - e você pode chamar ela de cérebro ou de placa mãe - uma abertura recebe energia, que serve para alimentar as funções do organismo - o você pode chamar esse processo de alimentação ou de carregamento - e no final cumprimos nosso papel, conforme o que fomos programados para fazer - e ele pode ser compor uma sociedade ou receber ligações.

Ou seja: o que acontece quando morremos? Simples, nada. Dependendo de como foi a morte, a sequência de ações pode se alterar, mas basicamente as mesmas coisas acontecem. O coração para de bater, o sangue para de fluir, o pulmão não faz mais a troca gasosa, os neurônios param de funcionar e você já não é nada além de um corpo frio sem consciência. E para onde a consciência vai? Para lugar algum, ela morre junto ao seu cérebro.

Para aqueles que se apegam à religião, digo que morrendo no primeiro segundo de vida ou setenta anos depois, você vai passar pelo pós-morte. Não estou dizendo que não importa o que é feito em vida, pois estou ciente do significado de "Céu e Inferno", estou dizendo que sendo uma "pessoa boa", batalhando ou não pelo que acontece em terra, você irá para o Céu.

Em outras palavras, qual o sentido de viver? Não pergunto o sentido da vida, mas sim o sentido de viver. Tudo vai acabar e tudo que você fez não valerá de nada.