O Legado dos Anjos Caídos: Análise das Visões Religiosas e Ocultistas

Autor: João Paulo Nascimento de Souza

Data: 25/08/2024

Descrição: Este texto explora as diferentes visões sobre anjos caídos em tradições religiosas e ocultistas, oferecendo uma análise comparativa das crenças e narrativas associadas.

 

A queda dos anjos é um tema que aparece em várias tradições religiosas, especialmente no cristianismo, no judaísmo e no islamismo. Esse conceito geralmente se refere à rebelião de certos anjos contra Deus e sua subsequente expulsão do céu. Aqui estão alguns dos principais pontos sobre o tema:

 

1. Origem do Conceito:

 

Cristianismo: A queda dos anjos é mais notavelmente associada à figura de Lúcifer, que é frequentemente identificado como o anjo mais belo e poderoso antes de sua rebelião. Segundo a tradição, Lúcifer, movido pelo orgulho e pelo desejo de ser igual a Deus, liderou uma revolta contra o Criador. Como resultado, ele e os anjos que o seguiram foram expulsos do céu e se tornaram demônios.

Judaísmo: Embora a tradição judaica tenha conceitos semelhantes, como o de anjos rebeldes, a narrativa de Lúcifer é menos central. Em alguns textos apócrifos e midrashim, há referências a anjos que se rebelam ou caem, mas essas histórias não têm o mesmo papel central que têm no cristianismo.

Islamismo: No Alcorão, Iblis (ou Shaytan) é a figura que se recusa a se curvar a Adão por orgulho e é, portanto, expulso do paraíso. Embora Iblis seja frequentemente considerado um djinn, sua história tem paralelos com a narrativa da queda dos anjos.

 

2. Motivos da Queda:

 

Orgulho e Desejo de Poder: Em muitas versões da história, a queda é motivada pelo orgulho dos anjos rebeldes, especialmente de Lúcifer, que deseja ser igual ou superior a Deus.

Desobediência: Outro motivo é a desobediência direta à vontade de Deus. Isso se manifesta na recusa em cumprir ordens divinas, como na história de Iblis que se recusa a se curvar a Adão.

Corrupção e Malícia: Alguns textos apócrifos e tradições antigas sugerem que certos anjos caíram por causa de sua atração por prazeres terrenos ou por corrupção moral.

 

3. Consequências da Queda:

 

Expulsão do Céu: A consequência imediata para os anjos que caíram é a expulsão do céu e a perda de sua posição e status como seres celestiais.

Transformação em Demônios: Muitos desses anjos caídos são transformados em demônios, seres dedicados à maldade e oposição ao plano de Deus.

Condenação Eterna: Em muitas tradições, os anjos caídos são condenados a um destino eterno de tormento ou a serem aprisionados até o fim dos tempos.

 

Influência na Cultura Popular:

 

A queda dos anjos inspirou inúmeras obras de literatura, arte, música e cinema. Uma das representações mais famosas é o poema épico "Paraíso Perdido" de John Milton, que explora a rebelião de Lúcifer e a queda do homem.

Essa narrativa da queda dos anjos serve como uma metáfora poderosa para o perigo do orgulho, a desobediência e a corrupção, refletindo temas universais de moralidade e redenção.

 

Mais referências sobre a origem dos demônios do ponto de outras religiões antigas ou livros como o de Enoque

 

A origem dos demônios e a conexão com os Nephilim é um tema complexo que aparece em várias tradições religiosas antigas e textos apócrifos, como o Livro de Enoque. Vamos explorar isso em mais detalhes:

 

1. Os Nephilim e o Livro de Enoque:

 

Nephilim na Bíblia: Os Nephilim são mencionados brevemente na Bíblia, principalmente no Gênesis 6:1-4. Esses gigantes são descritos como o resultado da união entre os "filhos de Deus" (geralmente interpretados como anjos caídos) e as "filhas dos homens". Essa união resultou em uma raça de gigantes poderosos e malignos.

Livro de Enoque: Este texto apócrifo, amplamente respeitado em algumas tradições judaicas e cristãs primitivas, expande a narrativa dos Nephilim. Segundo o Livro de Enoque, 200 anjos, conhecidos como os "Vigilantes" (ou Grigori), desceram à Terra, se uniram às mulheres humanas e geraram os Nephilim. Esses seres eram imensos em tamanho e força, mas também extremamente corruptos e violentos, levando a humanidade ao pecado em grande escala.

 

2. Origem dos Demônios:

 

Espíritos dos Nephilim: O Livro de Enoque detalha que, após o Dilúvio que Deus enviou para purgar a Terra, os Nephilim, sendo criaturas híbridas, não tinham lugar nem no céu nem no inferno. Como resultado, seus espíritos ficaram presos na Terra, vagando como entidades malignas e se tornando os demônios que atormentam a humanidade. Esses espíritos são descritos como insaciáveis e perversos, sedentos por influenciar e corromper os vivos.

Tradições Judaicas: Em algumas tradições judaicas, os demônios também são vistos como os espíritos dos mortos que não encontraram descanso ou como seres criados durante a criação, mas que ficaram "incompletos" por não terem sido finalizados por Deus. Esses demônios são frequentemente associados ao caos e à desordem, contrastando com a ordem divina.

 

3. Outras Religiões Antigas:

 

Mesopotâmia: Na antiga Mesopotâmia, existiam crenças em espíritos malignos conhecidos como utukku ou lamastu, que eram responsáveis por doenças, morte e desastres. Embora não diretamente ligados aos Nephilim, esses espíritos eram vistos como seres caídos ou malignos que se opunham aos deuses e à ordem cósmica.

Persianismo (Zoroastrismo): O dualismo do Zoroastrismo apresenta os daevas, que são espíritos malignos seguidores de Angra Mainyu (ou Ahriman), o espírito do mal. Esses daevas, embora não sejam Nephilim, compartilham uma função similar de oposição ao bem e à luz.

Mitologia Grega: Na mitologia grega, alguns semideuses ou seres híbridos, como os gigantes filhos de Gaia e Urano, se rebelaram contra os deuses do Olimpo. Esses seres, após serem derrotados, são frequentemente associados ao submundo ou às forças malignas. Embora não sejam demônios no sentido cristão, eles representam o caos e a destruição.

 

4. Influência e Interpretação Posterior:

 

Com o tempo, as interpretações sobre os demônios se expandiram, incorporando ideias de diferentes culturas e religiões. A visão dos demônios como espíritos dos Nephilim, por exemplo, influenciou várias tradições místicas e esotéricas, onde esses seres são vistos como intermediários entre o mundo material e o espiritual, mas sempre com uma inclinação para o mal.

 

5. Conexão com o Cristianismo e Demonologia:

 

O cristianismo primitivo e a demonologia medieval incorporaram essas ideias, interpretando os demônios tanto como anjos caídos quanto como espíritos malignos que vagam pela Terra. A tradição de que os demônios são espíritos dos Nephilim ofereceu uma explicação adicional para a origem de certos espíritos malignos que não se encaixavam completamente na categoria de anjos caídos.

Essas tradições revelam uma complexa rede de crenças sobre a origem e a natureza dos demônios, entrelaçando mitos antigos, escrituras religiosas e interpretações esotéricas. A ideia de que os demônios podem ser espíritos dos Nephilim oferece uma visão mais detalhada de como o mal é personificado e entendido em diferentes culturas ao longo do tempo.

 

Incorporação de: Espíritos, entidades e anjos caídos segundo as religiões monoteístas como: Cristianismo, islamismo e judaísmo

 

Nas principais religiões monoteístas — Cristianismo, Islamismo e Judaísmo — a ideia de anjos caídos que podem incorporar em seres humanos não é amplamente aceita da mesma forma que a possessão demoníaca. No entanto, vamos explorar as nuances e diferenças em cada tradição:

 

1. Cristianismo:

 

Anjos Caídos vs. Demônios: No Cristianismo, os anjos caídos são geralmente identificados como demônios após sua queda. A crença na possessão demoníaca, onde demônios podem incorporar e controlar um ser humano, é bem estabelecida, especialmente no catolicismo e em várias denominações protestantes. Exemplos bíblicos incluem o episódio em que Jesus expulsa demônios de pessoas, como o homem possuído em Gadara (Lucas 8:26-39).

Anjos Caídos em Forma Física: A ideia de anjos caídos se manifestando fisicamente ou incorporando em humanos não é central, mas é uma área de especulação teológica e mitológica. Alguns textos apócrifos, como o Livro de Enoque, falam sobre anjos caídos que tomaram formas físicas para interagir com humanos, mas essa visão não é dogmática.

Exorcismo: A prática do exorcismo no Cristianismo visa expulsar demônios, não anjos caídos em sua forma original, uma vez que a crença comum é que os anjos caídos já se transformaram em demônios.

 

2. Islamismo:

 

Iblis e Djinn: No Islamismo, Iblis é frequentemente comparado a Satanás e é um ser que se rebelou contra Allah. No entanto, Iblis é identificado como um djinn e não um anjo. Djinns, em contraste com anjos, têm livre-arbítrio e podem se manifestar fisicamente e até possuir seres humanos. O Alcorão e a tradição islâmica (hadith) falam sobre a influência e possessão de seres humanos por djinns, mas não anjos caídos.

Possessão Djinn: A possessão por djinns é uma crença aceita em muitas tradições islâmicas, e há práticas de exorcismo específicas, conhecidas como ruqyah, para expulsar esses espíritos malignos. Djinns podem se disfarçar ou enganar, mas a ideia de anjos caídos incorporando em humanos não é uma crença central.

 

3. Judaísmo:

 

Anjos e Demônios: No Judaísmo, os anjos são geralmente vistos como mensageiros de Deus, sem livre-arbítrio para se rebelar da mesma forma que na tradição cristã. A noção de anjos caídos é menos desenvolvida no Judaísmo tradicional, e os demônios ou espíritos malignos (como Lilith ou Shedim) são tratados de forma diferente.

Possessão: A tradição judaica reconhece a existência de espíritos malignos que podem afetar ou mesmo possuir humanos, mas esses são geralmente vistos como entidades separadas dos anjos. A ideia de anjos caídos que possuem humanos não é uma crença comum. A Cabala e o misticismo judaico, no entanto, abordam mais profundamente as forças espirituais e suas interações com o mundo humano.

Dibbuks: Uma crença específica no Judaísmo é a do dibbuk, um espírito de uma pessoa falecida que pode possuir um corpo vivo. Embora não sejam anjos caídos, esses espíritos malignos são temidos por sua capacidade de incorporar humanos.

 

Conclusão:

 

Nas três principais religiões monoteístas, a ideia de possessão por anjos caídos é geralmente substituída pela crença em demônios ou espíritos malignos que podem incorporar humanos. No Cristianismo, anjos caídos são frequentemente identificados como demônios, que sim, podem possuir pessoas. No Islamismo, a possessão é atribuída aos djinns, e no Judaísmo, há uma crença em espíritos malignos como os dibbuks, mas não especificamente em anjos caídos incorporando humanos.

Portanto, enquanto a incorporação de demônios (ou entidades malignas) é um conceito aceito, a incorporação específica de anjos caídos é menos comum e mais uma área de especulação teológica.

 

Descrições feitas, a partir, dessas três religiões abordadas: Cristianismo, islamismo e judaísmo; sobre tais entidades : Demônios, djinns e dibbuks

 

Demônios (Cristianismo):

 

Muitas vezes, demônios são representados como seres grotescos com formas humanoides, mas distorcidas e assustadoras. Eles podem ter chifres, asas de morcego, olhos vermelhos brilhantes, e corpos cobertos de escamas ou pele queimadas. Frequentemente, têm uma aparência monstruosa com garras afiadas e expressões malévolas.

 

Djinns (Islamismo):

 

Djinns são descritos como seres que podem mudar de forma, mas tradicionalmente são representados como criaturas etéreas ou espirituais, feitas de "fogo sem fumaça". Eles podem aparecer com formas que misturam características humanas e animais, às vezes como figuras imponentes e sombrias com olhos brilhantes e contornos nebulosos ou em chamas.

 

Dibbuks (Judaísmo):

 

Dibbuks são espíritos de pessoas falecidas que não encontraram descanso. Nas representações, podem aparecer como sombras ou figuras fantasmagóricas, às vezes incorporadas em corpos humanos, distorcendo suas características físicas com uma expressão de dor ou tormento, sugerindo a presença do espírito maligno.

 

A VISÃO DO SATANISMO TRADICIONAL ANTIGO, OCULTISMO, GNOSTICISMO E ESOTERISMO SOBRE A SAÍDA, "REBELIÃO" OU EXPULSÃO DOS ANJOS NO CÉU

 

O satanismo tradicional antigo, muitas vezes associado a tradições ocultistas e ocultismo medieval, tem uma visão bastante diferente do satanismo moderno promovido por Anton LaVey. Vamos explorar a teologia e as crenças desse satanismo tradicional.

 

Queda dos Anjos e Motivo

 

No contexto do satanismo tradicional, especialmente em textos e tradições ocultistas antigos, a queda dos anjos é vista de forma complexa. Muitas vezes, a história é baseada em interpretações esotéricas e míticas dos eventos descritos na Bíblia e em textos apócrifos. Aqui estão alguns pontos chave:

 

Motivo da Queda:

 

De acordo com algumas tradições ocultistas e textos antigos, a queda dos anjos, liderada por Lúcifer, não é apenas uma rebelião contra Deus, mas uma busca pela liberdade e conhecimento. Lúcifer e os anjos caídos seriam vistos como figuras que desafiaram a ordem estabelecida para trazer a luz do conhecimento e a liberdade à humanidade. Essa visão é uma reinterpretação que considera a rebelião como um ato de iluminação e libertação, em vez de mera traição.

 

Lúcifer e os Demônios: Na teologia tradicional, Lúcifer é muitas vezes visto não apenas como uma entidade maléfica, mas como uma figura de resistência e iluminação. O nome "Lúcifer" deriva do latim "lucifer", que significa "portador da luz" ou "estrela da manhã", o que pode indicar uma interpretação mais positiva na visão dos demônios. Os demônios são muitas vezes considerados como seres que mantêm a mesma visão de liberdade e conhecimento, sendo opostos ao Deus criador e à ordem celestial estabelecida.

 

Textos e Literaturas

 

Textos Apócrifos e Esotéricos:

 

Muitos dos detalhes sobre a teologia dos demônios e a queda dos anjos podem ser encontrados em textos apócrifos e esotéricos, como o Livro de Enoque. Esses textos fornecem narrativas adicionais que não estão presentes na Bíblia canônica e oferecem uma perspectiva alternativa sobre os anjos caídos e suas motivações.

 

Tradições Ocultistas:

 

Tradições ocultistas, como a tradição de magia cerimonial e o gnosticismo, muitas vezes incorporam essas ideias de forma mais elaborada. A visão gnóstica, por exemplo, pode retratar o Deus do Antigo Testamento como um demiurgo maligno e Lúcifer como um salvador que trouxe conhecimento à humanidade contra a vontade desse demiurgo.

 

Visão do Satanismo Tradicional

 

No satanismo tradicional, Lúcifer e os demônios são frequentemente vistos como símbolos de autonomia, conhecimento e resistência contra a tirania. Eles são considerados os "iluminadores" que desafiaram uma ordem celestial opressiva. Esse satanismo é mais focado em uma visão de mundo onde a rebelião e o conhecimento são valorizados como meios de alcançar um estado mais elevado de consciência e liberdade.

 

Fontes:

 

Bíblia Sagrada

Alcorão

Talmud

O Livro de Enoque

Apócrifos de João

A Doutrina Secreta" por Helena Blavatsky

O Livro de Zohar

 

DengosoRock
Enviado por DengosoRock em 25/08/2024
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