DO LADO DE CÁ
Hoje eu parei para conversar comigo, fechei as portas e as janelas do mundo para não ouvir ruídos externos. E sabe o que eu notei? Que a vida carece desse tempo no off.
Do outro lado das paredes que me cercam, as coisas acontecem de forma tresloucada e atropelam o tempo que poderia ser só meu.
Notei que as amizades me são necessárias, mas também que preciso colocá-las no mute por um tempo e ser eu mesmo a minha própria influência. Se eu errar ou me magoar, que eu aprenda a me curar sozinho; se eu for muito bem e acertar, que eu desfrute também desse meu grande momento sozinho. Porque, afinal, eu mereço e preciso desse cuidado que, muitas vezes, dedico aos outros.
Pode soar como egoísmo. A minha interpretação, no entanto, intitula de autocuidado ou até, como se diz do outro lado das minhas portas e janelas, que agora se encontram fechadas, o tão falado e pouco vivido amor próprio.
E enquanto a desordem reina do lado de lá, permito-me a viver recluso o off do lado de cá.