Mudanças - Parte I
Para começar, vamos deixar bem claro o significado denotativo de certas palavras, que com o decorrer
deste ensaio, serão de suma importância.
Segundo o dicionário:
amar: do Lat. amare
v. tr.,
ter amor a; gostar muito de; desejar; escolher; apreciar; preferir;
v. int.,
estar apaixonado.
ilusão: do Lat. illusione
s. f.,
engano dos sentidos ou da inteligência; errada interpretação de um facto; pensamento quimérico;
coisa efémera; utopia; fantasia; efeito artístico que produz ou procura produzir a impressão da realidade.
ignorância: do Lat. ignorantia
s. f.,
estado de quem ignora; falta de saber, de ciência; desconhecimento; imperícia.
hipocrisia: do Gr. hypocrisia, forma poética de hypócrísis, desempenho de um papel no teatro, dissimulação.
s. f.,
impostura, fingimento; manifestação de virtudes ou sentimentos que realmente não se tem;.
Vamos começar.
Um mero ponto de partida: Não nasci nos anos 50.
Meus pais ainda não existiam quando foram suspensas as relações comerciais entre as Alemanhas Oriental e Ocidental;
Ou quando Harry Truman (que quase foi morto por dois porto-riquenhos, a sorte dele é
que o atentado falha e um dos criminosos é morto) anuncia que os Estados Unidos haviam desenvolvido a bomba de hidrogênio
mais potente do mundo (um ano depois, os Estados Unidos a testaram no arquipélago
Marshall, no Pacífico);
E nem quando acontece a inundação mais trágica da história da Holanda, onde 1.835 pessoas são mortas e 300 mil feridas;
Ou quando Joseph Stalin sofre uma hemorragia cerebral;
Ou até então quando a Radio Rebelde de Cuba difunde a declaração de "guerra total" de Fidel Castro ao regime de
Fulgencio Batista;
Muito menos quando surge na Nicarágua uma revolução contra o presidente Somoza;
Ou quando a Australia, Nova Zelandia e Estados Unidos firmam em São Francisco o Tratado de Segurança do Pacífico;
Não estava no nascimento de Vladimir Putin, presidente de Rússia;
Não assisti inauguração oficial da NASA, a agência espacial dos Estados Unidos;
Não participei do início dos conflitos armados na Argélia contra a colonização francesa no país;
Não presenciei o absurdo em Montgomery, Alabama, onde uma mulher negra, é presa por se recusar a ceder seu lugar no
ônibus a um passageiro branco;
Não vibrei quando inventaram o rock'n'roll.
Desde então, muita coisa aconteceu, e outras, simplesmente não aconteceram.
O que nos interessa neste momento, são as coisas que foram modificadas.
Com o tempo, com as guerras, com os amores ou as dores.
Do nosso passado ficou a história, a arte, os feitos, as mortes.
Eis que tudo nessa vida tem pra si um valor atribuido.
Em outrora, tais valores eram mais simples, porém, essenciais.
E hoje, analizando, talvez esses valores, que por ora eram vitais,
nem existam mais, e se existirem, estão limitados a lembranças, papéis amarelados e traças.
E é nesse exato ponto, que irei "ensaiar".