O livro que nunca foi escrito
Imagine um livro onde cada página não é preenchida pelas palavras de experiências passadas, mas pelas possibilidades que nunca se concretizaram. Ele é um reflexo das histórias que não vivemos, das escolhas que deixamos de fazer, das aventuras que evitamos por medo, dos amores que não ousamos confessar.
Em suas páginas haveria uma mistura de gêneros, tal como a vida é composta de momentos diversos e contraditórios. Encontraríamos aventuras épicas, onde poderíamos ter explorado terras desconhecidas, enfrentado desafios e superado nossos próprios limites. Em outras páginas, romances profundos nos envolveriam, amores arrebatadores que nunca se realizaram, encontros fortuitos que poderiam ter mudado o curso de nossa existência.
Nas páginas seguintes, veríamos momentos de paixão intensa, cenas de sexo que nunca aconteceram, intimidades não compartilhadas que permaneceram apenas em nossa imaginação. O mistério teria seu lugar, com enredos complexos e intrigas que poderiam ter nos levado a questionar nossas crenças e a buscar verdades ocultas.
O drama seria inevitável, com capítulos dedicados a perdas que não enfrentamos, lágrimas que nunca derramamos e dores que permanecem dormentes em nosso ser. E, claro, o humor não estaria ausente. Situações cômicas e risos que poderiam ter iluminado nossos dias mais sombrios, mas que ficaram apenas no campo das possibilidades.
Este livro, entretanto, nunca foi escrito. Ele reside apenas em nossas mentes, um compêndio de "e se" e "talvez". Representa não apenas as histórias que não vivemos, mas também a vastidão de nosso potencial não realizado. É um lembrete de que a vida é feita tanto das experiências que acumulamos quanto das que deixamos passar.
E assim, folheamos as páginas vazias deste livro inexistente, refletindo sobre as escolhas que moldaram nosso caminho e as que poderíamos ter feito de forma diferente. Mas... este livro nunca foi escrito.
Fim