Olha a língua 

Parte estranha:

Lerinha era muito amiga da tia que estava doente terminal num hospital. Num sábado pela manhã, foi com sua irmã visitá-la, num determinado momento ficaram ela e sua tia sozinhas no leito. Lerinha pegou as duas mãos da tia e delicadamente decretou: "Você vai morrer, tia, mas vai para um lugar muito melhor!" E esta por sua vez se ergueu do leito com cara de desespero e fez que não com a cabeça. Seus batimentos aceleraram e logo o leito ficou repleto de enfermeiros, e Lerinha foi para sua casa. No fim do dia, sua irmã lhe telefonou e perguntou o que ela havia dito para a tia, pois os primos haviam proibido visitas. Lerinha explicou que ao ver a tia tão frágil, tão arruinada, lembrou da obra basilar do espiritismo que ela havia estudado e pensou o quanto a vida além seria melhor para ela.

Final mais ou menos (in)feliz?

Uma semana depois, a tia faleceu, mas Lerinha tinha conseguido mandar uma carta pedindo perdão e dizendo que a amava.

 

Problematização:

- A realização do ser humano se dá no próprio ser humano?

- Não há um plano transcendental, divindade ou conceito metafísico para salvar ninguém?

- Temos que nos realizar por nós mesmos sem auxílio de forças exteriores, até porque elas não existem?

- O inferno está cheio de boas intenções, já que a intenção da Lerinha era "salvar" a tia desse sofrimento?

- Há dois mundos, o inteligível e o sensível, ou o que há é o UNO?

- Há superioridade do mundo inteligível, verdadeiro (relacionado à ideia de razão) sobre o mundo da aparência?

- Lerinha já poderia ter transcendido a oposição de valores?

- A religião oprime a alma humana transformando os instintos vitais em algo negativo, já que aprisiona em propósitos e objetivos metafísicos? É algo ruim a ser superado?

- Lerinha foi ao atendimento fraterno, já que, depois disso, não conseguia parar de chorar. Lá recebeu a seguinte orientação da médium, dona Érika: "Certa vez Jesus estava conversando com um pastor e esse estava se queixando novamente daquela ovelha que sempre fugia. Jesus olhou para ele e disse: 'às vezes temos de mandar o cão'". Lerinha era o cão, no caso?

- Lerinha tinha uma missão de "colaborar com o desencarne da tia"?

- Esse foi um problema das forças e das relações de forças responsáveis pela criação e pela destruição, pela construção e pela demolição dos diferentes valores?

- Ainda é razoável ter fé e basear nossas nisso?

LucianaFranKlin
Enviado por LucianaFranKlin em 19/07/2024
Reeditado em 20/07/2024
Código do texto: T8110349
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