A Bíblia e a Psicanálise: Um Ensaio sobre Machismo e Submissão
A Bíblia, ao longo dos séculos, tem sido um texto central na formação de valores e normas em várias sociedades. No entanto, um olhar crítico revela suas contradições, incoerências, e um profundo machismo. Este ensaio explora como a Bíblia, um livro escrito por homens tribais de uma época distante, reflete a mentalidade patriarcal e como suas narrativas perpetuaram a submissão feminina.
A Bíblia não é considerada um documento histórico pela comunidade acadêmica devido à presença de seres mágicos e eventos fantásticos. Escrita por homens tribais e rudes, ela reflete a personalidade desses autores: homofóbicos, xenofóbicos, machistas e genocidas. Em particular, o Velho Testamento está repleto de guerras e destruições, todas atribuídas a um deus criado à imagem desses homens.
Desde o Gênesis, onde Eva é culpada pela queda da humanidade, a Bíblia imputa à mulher uma culpa original e fundamental. A narrativa da queda atribui a Eva uma motivação egoísta, reforçada pelo apóstolo Paulo em suas cartas. Nenhuma mulher é autora de textos bíblicos, e os grandes patriarcas, como Abraão e Salomão, tinham múltiplas esposas, refletindo a normalização da poligamia e a objetificação da mulher.
Deus disse à mulher: "Multiplicarei grandemente os
teus sofrimentos e a tua gravidez; darás à luz teus filhos
entre dores; contudo, sentir-te-ás atraída para o teu
marido, e ele te dominará". Gênesis 3:16
A Psicanálise, surgida com Freud, também se desenvolveu em um contexto patriarcal. Freud tentou entender o sofrimento mental das mulheres, mas suas teorias, embora pioneiras, foram criticadas por seu viés falocêntrico. Contudo, ele foi um dos primeiros a legitimar o sofrimento feminino. Hoje, uma Psicanálise Feminista é proposta para continuar e aprimorar as ideias de Freud, focando na emancipação da mulher como sujeito.
Este ensaio explora a relação entre violência simbólica, machismo, e religião cristã, usando a teoria psicanalítica. O sofrimento psíquico das mulheres, causado pelo machismo e suas violências, é um tema central e atual. Simone de Beauvoir ensina que as mulheres historicamente ocupam uma posição de inferioridade no imaginário social, sendo vistas como o "outro" em relação aos homens.
“Se uma mulher der à luz um menino ela ficará impura
por sete dias. Mas se nascer uma menina, então ficará
impura por duas semanas.” Levítico12:2-8
“Se uma jovem é dada por esposa a um homem e este
descobre que ela não é virgem, então será levada para
a entrada da casa de seu pai e a apedrejarão até a
morte.“
Haja pedra! Deuteronômio 22:20-21
A religião tem sido um poderoso instrumento na propagação da ideia de submissão da mulher. Como Marx apontou, a religião pode ser o "ópio do povo", privando os sujeitos de um sentido prático e fazendo-os crer em um paraíso distante. Esta crença tem sido eficaz em acostumar as pessoas às misérias do mundo, prometendo uma recompensa futura.
Em suma, tanto a Bíblia quanto a Psicanálise tradicional refletem e perpetuam estruturas patriarcais. No entanto, há um movimento crescente para reinterpretar e criticar essas narrativas, promovendo a emancipação e igualdade das mulheres. Este ensaio propõe uma continuidade crítica, contextualizada e atualizada, visando expor e superar as desigualdades de gênero profundamente enraizadas em nossa cultura e religião.