UM DELÍRIO CHAMADO “DEUS”: SEUS IMPACTOS NA SOCIEDADE
O Título deste ensaio também poderia ser:
Religião e Racionalidade: Uma Análise Crítica das Fábulas Sagradas e Seus Impactos na Sociedade
O discurso passível de análise lógica chama-se discurso apofântico, isto é, um discurso que pode ser verdadeiro ou falso. A charge acima apresenta duas afirmações opostas, ilustrando um dilema lógico: ou o Papa está correto e o muçulmano está errado, ou o muçulmano está correto e o Papa está errado.
Considere as seguintes afirmações:
Deus disse ao Papa: "Tu podes tomar vinho, mas nunca podes te casar."
Deus disse ao muçulmano: "Tu podes te casar com até quatro mulheres, mas nunca podes tomar vinho."
Ao aplicar a lógica às proposições, podemos concluir que:
1. O Papa teve um delírio e o muçulmano tem razão.
2. O muçulmano teve um delírio e o Papa tem razão.
É lamentável observar que milhares de pessoas seguem essas premissas baseadas em fábulas, fantasias e/ou mero delírio de um guru que alega representar um ser invisível que reside no céu. Não tenho dúvidas: todas as religiões são fundamentadas em delírios ou em mero controle social para obter vantagens.
Cada indivíduo acredita que a religião do outro é mera fantasia. Eu, por outro lado, acredito que todos estão absolutamente corretos: religião é, de fato, um espetáculo de fantasia e delírio. Contudo, respeito o direito de cada um professar a sua fé, exceto quando essa crença afeta os direitos alheios ou interfere no mundo real.
Por exemplo, se você acredita em homem de barro, mulher-costela, cobra falante, dragões de sete cabeças e até carro de fogo que constam na Bíblia, tudo bem! É o seu direito. O que não pode ocorrer é usar esse livro de fábulas chamado Bíblia para decidir questões de leis e direitos na vida real, como o direito de uma mulher abortar em casos específicos ou o direito de pessoas do mesmo sexo se casarem.
O Estado laico significa um Estado neutro em matéria religiosa, não solidário em relação a qualquer atividade religiosa, pois não se fundamenta numa fé, como ocorre em Estados teocráticos, nos quais poder religioso e poder político se fundem. A laicidade obedece à lógica da sabedoria liberal da arte da separação das esferas e da sua autonomia. A separação Igreja-Estado está em consonância com a lição dos Evangelhos: “A César o que é de César, a Deus o que é de Deus”.
A laicidade se contrapõe ao dogmatismo e à intolerância. É uma regra de calibração que permite a gestão pública de diferenças religiosas e de opinião. É a base de uma postura aberta em relação ao diverso e ao diferente, que caracteriza a pluralidade da condição humana. Tem como método o persuadir, e não o coagir. Parte do pressuposto de que a verdade não é una, mas múltipla, e tem várias faces, dada a complexidade ontológica da realidade.