"Feliz Aniversário"
“Quem melhor do que aqueles que têm mais de setenta para expor pontos de vistas relacionados à sua faixa etária, falar de seus anseios e da sua própria percepção sobre a vida ?”
Se o anseio de quem tem mais de setenta é comemorar o aniversário e se esse desejo for genuíno, vá em frente e curta sua festa com tudo a que tem direito bolos, doces e as famosas cantorias “parabéns pra você”, “é big, é big, é big”, “derrama Senhor, derrama”. Se ainda puder, cante, dance, brinque com netos, seja feliz, você merece todas as homenagens.
Mas, se no entanto não desejar essa comemoração, essa opção não deve ser atribuída a tristeza, depressão ou algo similar. É legítimo que não se queira comemorar os muitos anos vividos e nem se queira encarar o paradoxo de celebrar o pouco tempo de vida que resta. Deve ser aceitável que a proximidade de mais um ano de vida venha acompanhada de certa inquietação e de um frio na barriga diferente daquele que se tinha no passado quando a vontade era estar com pessoas e festejar.
Essa nova sensação desperta sentimentos misturados e certa apreensão quanto aos ajustes na forma de viver a partir desse lampejo. Como será a vida a partir de então? Como se enquadrar a essa realidade recém sentida? Como encarar a vulnerabilidade física e mental dessa faixa etária? Como seguir em frente com base nas expectativas dos que lhe cercam? Como continuar como se a finitude não existisse?
Como comemorar “Feliz Aniversário”?