Alzheimer
Outro dia me peguei parado,
Pensando no nada,
Apenas meu eu e o vazio,
Duas companhias estranhas;
E foi nesse estopim de sensações,
Que me vi desmontado de meus barulhos internos,
Das vozes ,
Do ego;
Outro dia,quando me vi sozinho pensado,
Foi estranho.
Pela primeira vez,
Fiz jejum de palavras,
Nenhuma sílaba saia,
A garganta seca,
O olhar lacrimejava;
Outro dia, quando me vi pensando sozinho,
Que triste destino,
É que agora sou velho,
A memória costuma falhar,
Não sei se jantei,
Não lembro meu nome,
Nem meu sobrenome sei!
Outro dia,
Ao me ver sozinho parado,
Esqueci,
Eu simplesmente esqueci quem eu era
Ou quem já fui...
O Alzheimer insiste em mim,
Como quando eu insistia em guardar muitas lembranças,
Só que, dessa vez ,
Ele faz o trabalho fácil,
Ele as apaga.