Enquanto a mão amiga acolhe, a mão invisível das “elites” despreza.

“Tive fome e me deste de comer; tive frio e me vestistes”.

Essas foram as palavras de Jesus quando falava em particular com os seus discípulos. Numa conversa entre amigos, Jesus afirma a importância da caridade, colocando-a como uma marca daqueles que realmente amam.

Seguindo os ensinamentos do mestre, existem ONGS e voluntários que trabalham para amenizar o sofrimento de pessoas que vivem na rua. Em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, o projeto Fraternidade na Rua, que faz parte da Organização Humanitária Fraternidade Sem Fronteiras, presta assistência aos moradores de rua e distribui cobertores; um trabalho que aquece o corpo e a alma de muita gente.

Ao ler a respeito do trabalho realizado por esses cidadãos (do) bem, lembrei do Padre Júlio Lancellotti que, de forma semelhante aos nossos anjos da capital morena, cumpre o principal mandamento bíblico que é amar ao próximo.

Nos tempos do revolucionário de Nazaré havia uma população de rua miserável e oprimida, formada por cegos, coxos, leprosos; pessoas de todo tipo que viviam às margens da sociedade judaica da época.

Cristo deu o exemplo e fazia um trabalho maravilhoso; aliviava o sofrimento e transformava a vida de muitos que viviam em situação de abandono. Foi assim com o cego Bartimeu, morador das ruas de Jericó – lembra? Bartimeu tinha como único patrimônio uma velha capa para se proteger do frio. Quando soube que o messias passava pela rua onde pedia esmolas, o cego de Jericó deixou para trás a sua “coruja”(capa) e pediu socorro à única pessoa que poderia estender-lhe a mão.

Ninguém olhava para aquelas pessoas, eram desprezíveis aos olhos dos chamados “cidadãos de bem”. Acredito que naquele tempo havia muitas pessoas vivendo nas ruas. Será que naquele momento alguém inescrupuloso teria chamado Jesus de cafetão da miséria, como algumas pessoas tem feito com o Padre Júlio Lancellotti em São Paulo? É possível que sim.

Naquela época, existiam alguns fariseus ultraconservadores que se consideravam guardiões da moral e dos bons costumes, a nata da sociedade judaica – Alguma semelhança? Aquelas pessoas odiavam a Jesus, mas se diziam fazedores do bem. Devido a isso, merecidamente, receberam do mestre a alcunha de “sepulcros caiados” – limpos por fora, mas imundos por dentro.

Esse modo de agir ainda está presente nos dias de hoje. Em um Brasil que flerta com o fascismo, temos visto muita gente que procura destruir a integridade do outro através de mentiras e ofensas. A maioria confessa uma fé cega e exclusiva na mão invisível do mercado. Segundo essa “elite”, só o mercado, com os seus ritos, possui o “caminho das pedras”, basta que todos se curvem à sua liturgia quase religiosa.

Recentemente em São Paulo, o vereador Rubinho, um dos fundadores do MBL, tentou aprovar uma Lei que impedia que os moradores de rua recebessem alimentos. Graças ao bom Deus, a gritaria foi geral contra esse absurdo, o que fez o vereador fascista desistir da ideia.

Terminando, amigo leitor, a caridade é uma das expressões mais verdadeiras do amor; não se trata de farsa. Farsa é dizer que a pobreza se resolve aumentando as posses dos ricos avarentos – disse avarentos, pois nem todos são - e esperar que eles pensem no bem-estar da população; isso não vai acontecer.

Albertino Ribeiro
Enviado por Albertino Ribeiro em 05/07/2024
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