Moby Dick está escrito num dialeto romântico do inglês por Herman Melville, um dialeto veemente, que alterna ou conjuga processos de William Shakespeare e Thomas de Quincey, de Browne e de Carlyle.
Bartleby usa um idioma tranquilo e até jocoso, cuja aplicação deliberada a um tema atroz parece preconizar um Franz Kafka. Há uma afinidade secreta e central entre as duas ficções. Na primeira, a monomania de Ahab transtorna e finalmente aniquila todos os homens do navio; na segunda, o niilismo cândido de Bartleby contagia seus companheiros e também o homem estólido que relata sua história e que abona as suas tarefas imaginárias. É como se Melville houvesse escrito: “Basta que um único homem seja irracional para que os outros também o sejam, e o mesmo aconteça com o universo.” A história universal está repleta de confirmações desse teor.
"A vasta população, as cidades fervilhantes, a publicidade errônea e clamorosa, tudo tem conspirado para que o grande homem secreto seja uma das tradições da América. Edgar Allan Poe foi um deles; Melville foi outro."
Jorge Luis Borges.
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