O PECADO MAIS GRAVE É SEMPRE AQUELE QUE RECEBE MENOS ATENÇÃO

O pecado mais perigoso é aquele que se comete sem ter consciência de que se está cometendo. Já ouvi uma vez em algum lugar que é nas pequenas pedras que tropeçamos, porque as grandes montanhas são sempre visíveis. Existem alguns pecados que já foram consagrados como graves e cujo castigo para quem os pratica é terrível, devido a isso as pessoas concentram grande vigilância sobre eles, e porque não é difícil evitá-los, essas pessoas se tornam “heroicas”, religiosamente orgulhosas. Era isso que acontecia no tempo de Jesus. Os fariseus e mestres judaicos não violavam o sábado, não roubavam, não comiam isso ou aquilo, e diziam para si mesmos em suas orações públicas: “Graças te damos, Senhor, por não sermos tão pecadores como essas pessoas que vivem fazendo isso, e isso (e nomeavam os pecados alheios).

Os pecados mais graves são os mais difíceis de evitar. Pergunto-te, caro leitor, com que freqüência vives te esforçando para não teres que matar alguém, ou para não teres que furtar ou roubar um carro, ou esfaquear aquele vizinho chato que te azucrina a paz? Por mais que alguma vez na vida você e eu tenhamos sentido vontade de praticar um ato hediondo, algum pecado mais visível e até mesmo criminoso, isso ocorre com certa raridade, pelo menos se tratando de pessoas cristãs, que foram regeneradas por Deus e estão em novidade de vida. Ou seja, existe certa facilidade em evitar esses pecadões porque eles não se dissimulam como alguns outros e não estão o tempo todo em nosso encalce.

Quais seriam, então, esses pecados graves e difíceis de evitar? No salmo 19.12 o autor pede “Senhor, quem sou eu para conhecer os pecados que existem em meu interior? Perdoa-me os pecados ocultos.” Como em outra parte da Escritura está escrito, o coração do homem é enganoso. Existe uma complexidade interior em cada um de nós que somente Deus sabe decifrar. Interiormente somos formados por vontades, sentimentos e emoções cujas motivações são as mais diversas e sempre carregam consigo alguma forma velada de egoísmo e malevolência. Desse interior egoísta e sempre tendencioso surgem os pecados mais graves, que sempre são também os mais sutis. Tão sutis que mesmo com toda nossa capacidade de racionalizar o mal não somos capazes de não praticá-los. Esses são aqueles pecados que Jesus disse que passam pelo coador. “Vocês, os mestres religiosos, coam o mosquito e engolem o camelo”, disse meu Senhor. Aqueles homens, e talvez até mesmo eu e você, estamos satisfeitos por sabermos onde estão os “camelos” (“pecados grandes”), e ao mesmo tempo em nosso coração fervilham “mosquitos” como quando se retira a tampa de um esgoto.

Os mestres religiosos sabiam que era pecado comer sem lavar as mãos, mas estavam dispostos a com essas mesmas mãos juntarem pedras para matarem a Jesus. Eles eram seletivos ao ponto de evitarem sentar-se com os publicanos por serem consideradas pessoas desonestas e “pecadoras”, mas pecavam no orgulho de se acharem melhores do que eles. Os mestres religiosos do tempo de Jesus conheciam o pecado apenas nas páginas da Lei, contudo não se sabiam concupiscentes e potenciais pecadores como qualquer outra pessoa daquele contexto. Isso pode ser constatado quando Jesus disse o seguinte: “As prostitutas e os publicanos estão na frente de vocês no caminho para o céu.” Essa fala de Jesus é muito bombástica! Aqueles que achavam que eram impecáveis por não cometerem certos tipos de “pecados intoleráveis” eram na verdade piores pecadores do que os que eram rejeitados pela sociedade por serem “imundos.”

Costumo pensar comigo que não é grave matar alguém, grave mesmo é despertar ira e certa animosidade inconseqüente por qualquer coisinha. Não vejo o pecado como o “espirrar” da fonte do mal, e sim como a fonte, que está lá, sempre lá. Destarte, quem nunca matou, nunca roubou, nunca mentiu, não é um homicida, um ladrão ou mentiroso por prática, porém, por natureza é igualzinho a qualquer outro. E se alguém pensa de si mesmo o contrário do que eu estou dizendo aqui, na verdade comete um gravíssimo erro, o de se achar superior aos demais seres humanos. O meio religioso está comichando desse tipo de gente. É na esfera religiosa onde pululam os piores pecados. Embora isso não possa ser generalizado, pois existem muitas pessoas cristãs de fato dotadas pelo espírito santo para compreenderem sua real situação de pecaminosidade e honestamente dependem de Deus para vencerem o orgulho, por sua vez, o pai de todo pecado.

cristaopensador
Enviado por cristaopensador em 23/06/2024
Código do texto: T8092009
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