...RETICÊNCIAS
Entre o dito e o não dito, existe um espaço nebuloso onde residem nossas verdades e intenções mais íntimas. As reticências, pontuação que insinua sem concluir, revelam mais sobre a alma humana do que qualquer afirmação categórica. Elas são a pausa que precede o mergulho na profundidade de nossos pensamentos, a hesitação que reflete nossa vulnerabilidade.
Elas representam o reconhecimento dos limites do conhecimento. Nos lembram que, por mais que tentemos compreender o mundo, sempre haverá algo além do alcance de nossa razão. Filósofos antigos sugeriram que o mundo das ideias estava além da percepção sensorial; as reticências são as sombras desse mundo desconhecido, que vislumbramos, mas nunca tocamos. Revelam o não dito, o reprimido. São as lacunas na narrativa que falam mais alto do que as palavras proferidas. Nas pausas e nas omissões reside o inconsciente, esse terreno fértil onde germinam nossos desejos mais profundos e nossos medos mais ancestrais.
As reticências são um ponto de encontro entre o que pensamos saber e o que tememos descobrir. Elas nos convidam a refletir sobre o inacabado, a aceitar a incompletude como parte inerente da existência. E, nesse convite, encontramos a liberdade de ser e de continuar buscando, mesmo sabendo que a busca nunca terá fim.
FIM...