ANTIFARISEU — Ensaio Teológico IX(7) "Empatia e Compromisso: Por Que Não Devemos Desistir de Ninguém"

A visão de que algumas pessoas são tão intratáveis que merecem ser deixadas para sofrer em sua rebeldia é, no mínimo, simplista e, no pior cenário, uma desculpa para a omissão e falta de empatia. Refutar essa perspectiva requer uma análise crítica e lógica, fundamentada em argumentos contemporâneos e racionais.

Primeiramente, é fundamental reconhecer a capacidade de mudança e crescimento de cada indivíduo. Carol Dweck, psicóloga e autora do conceito de "mentalidade de crescimento", defende que "a crença de que as qualidades básicas podem ser cultivadas cria uma paixão pelo aprendizado". Rotular alguém como incorrigível e desistir de ajudá-lo impede qualquer oportunidade de desenvolvimento e melhoria.

Além disso, a abordagem de evitar ou rejeitar indivíduos considerados difíceis pode gerar consequências sociais negativas. Paulo Freire, em "Pedagogia do Oprimido", argumenta que "não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão". Ignorar aqueles que necessitam de orientação reforça a exclusão social e perpetua desigualdades.

A ética do cuidado e da responsabilidade social também é crucial. Emmanuel Levinas destaca a importância da responsabilidade pelo outro como essencial para a ética. "A primeira palavra do 'Eu' é 'aqui estou'", escreve Levinas, sugerindo que nossa existência se define pela disposição de atender ao outro. Abandonar alguém em sua dificuldade é, portanto, um ato de negligência moral.

Ademais, evitar repreender ou corrigir alguém com base em seu comportamento presente ignora a complexidade do comportamento humano e as influências contextuais. Estudos como os de Urie Bronfenbrenner mostram que o comportamento é moldado por múltiplos sistemas interligados, desde a família até a sociedade. Abordar comportamentos indesejáveis requer uma compreensão holística e um esforço contínuo para criar ambientes mais favoráveis.

Sendo assim, evitar ajudar alguém por parecer imutável ou rebelde é uma falácia que desconsidera o potencial humano para a mudança, a responsabilidade ética e a necessidade de esforço contínuo para promover uma sociedade justa e inclusiva. Como afirmou Mahatma Gandhi, "A verdadeira medida de uma sociedade é como ela trata seus membros mais vulneráveis." Isso inclui aqueles que, à primeira vista, parecem incorrigíveis.

Refutando a ideia de evitar e rejeitar os escarnecedores e pessoas difíceis de corrigir, podemos nos apoiar nas palavras de Carl Rogers: "A vida é um processo contínuo de ajuste. Dessa forma, o homem e seu ambiente estão envolvidos em constante interação recíproca." Ao entender as raízes do comportamento dos "escarnecedores" e criar um ambiente propício à mudança, aumentamos as chances de sucesso. A empatia, a comunicação assertiva e o cultivo de uma mentalidade de crescimento são ferramentas poderosas nesse processo.

Portanto, a rejeição completa não é a resposta mais sábia ou compassiva. Devemos seguir os ensinamentos de figuras como Carl Rogers, empenhando-nos em semear sementes de compreensão e mudança, com paciência e perseverança.

Questões Discursivas para Reflexão Sociológica:

Questão 1:

O texto argumenta contra a ideia de que algumas pessoas são "incorrigíveis" e merecem ser deixadas para sofrer em sua rebeldia. Com base nos conceitos de "mentalidade de crescimento" de Carol Dweck e "responsabilidade pelo outro" de Emmanuel Levinas, analise criticamente as seguintes questões:

De que forma a rotulação de alguém como "incorrigível" pode limitar seu potencial de mudança e crescimento?

Como a ética do cuidado e a responsabilidade social nos impedem de simplesmente ignorar aqueles que apresentam comportamentos desafiadores?

Questão 2:

Considerando a visão de Urie Bronfenbrenner sobre a influência de múltiplos sistemas interligados no comportamento humano, discuta os seguintes pontos:

Por que é crucial compreender as complexas raízes do comportamento humano, indo além de julgamentos superficiais, antes de tentar corrigi-lo?

Que tipos de ambientes e intervenções podem ser mais eficazes para promover mudanças positivas em indivíduos que apresentam comportamentos indesejáveis?