O RIO QUE HÁ EM TI
Nada está destinado. O Futuro não está escrito. Acredite nisso com todas as suas forças. Acredite que há um rio caudaloso que corre dentro de si. Este rio vem de muito longe e, ultrapassa-te de na sua majestosa forma, porém este é o centro das tuas forças. Nunca sabereis pois, qual é a origem deste rios, ou das forças que teimam em nos manter em pé. Todo o deves crer e que; o rio flúi. Nele outros rios flúem. Não deixe morrer este rio que flúi dentro de ti – este é o rio da vida, o rio da tua vida.
De várias cores e formas, suas águas dão-nos as forças de que precisamos para suster o fôlego da vida. Em cada turbilhão que se forma ao lançarmos uma partícula minúscula sólida sobre seu leito, podemos folhear um espectáculo de cores, a que se chama agualusa. Em cada um daqueles traços coloridos, existem impregnados vários sonhos a espera do momento da sua realização. E você e que os deve transportar para o plano da realidade. É preciso que te fortaleças constantemente, a medida dos desgastes. Ache em cada carga negativa de poluente lançando na atmosfera, um punhado de protões no sangue da imensa amazónia.
Não importa se você vive rodeado de barbaridades. O teu rio não é culpado e, certamente não justo negar a passagem para o plano real, a estes lindos traços coloridos que te encantam a vista, os teus sonhos. Eu também já fui incrédulo. Juro. Mas, hoje, sei que as coisas se processam, assim mesmo.
Trate-me por Lazaro. Sou guarda destas florestas há anos. No princípio não havia tudo isto; máquinas arrastando troncos, serras cortando troncos, homens vendendo troncos. Antes não haviam tantos troncos, haviam sim, árvores e, isto era uma floresta e, não um campo em desmatação e, eu era um guarda florestal e, não um guarda de estaleiro em destruição.
Há alguns anos atrás decide que me chamaria Lazaro. Este não o meu nome próprio. Mas, sempre quis que fosse – agora já é.
Sempre que posso, quando por escassos minutos, não há serras cortando tronos, nem máquinas arrastando troncos, deixou-me assaltar por essas ideia de paz. Imagino que estou nesse lugar com você. Recrio a tua presença. Sinto-te ainda, agarrada no meu tronco., como galho firme e dás confiança. Isto é tudo o que mentalizei, ao longo de todos estes anos de desterro, nesta floresta em desmatação. Mentalizei tanto isto, que hoje não há outra realidade mais real, nem presença mais corpórea que essa ilusão imaginativa de possuir-te, mesmo que na distância, também por isso, ainda te amo com mesma intensidade de sempre.
Sempre te amei e, nunca escondi este sentimento de ti e de ninguém, excepto de mim mesmo. A miopia desta devastação deixam nublado o céu por onde me convidas a voar. Tenho Medo. Não me sinto capaz de alcançar o infinito, o infinito real. Creio que, talvez, se não geminássemos de sementes tão distintas, teríamos os mesmos olhos para alancar o além infinito e as mesmas asas para o eterno regresso.
O meu nome próprio é Osvaldo Inácio. Mas, como já disse; quero que me tratam por Lazaro. É nome de um personagem bíblico que muito admirei na minha infância. Afeiçoei-me pelo nome, não sei porque, nunca quis saber. Não costumo, ao contraria da maioria das pessoas, buscar razões especiais, para questões especiais. Para mim, tudo é como o amor. Ama-se porque ama-se. Não há razões especiais para se amar alguém ou, melhor não há razão nenhuma para se amar. Assim como as orquídeas exibem a sua beleza a qualquer um destas operários que passa nesta floresta, independentemente de ele, ser que a vai destruir, e as lianas se agarram fraternas a estas velhas arvores que insistem em viver solitárias, sem nenhuma razão especial. No princípio andei equivocado. Pensei que amava esta paisagem pela sua beleza e ingenuidade, porém, hoje sei que não é por isso. Nem por aquilo também. Apenas as amo. Amo-as assim como respiro. Involuntariamente. Não certo pensar que respiramos para viver, não há nenhuma razão especial para realizarmos esta actividade vital a nossa existência.
Portanto, deixe correr o rio que existe dentro de ti. Pare de tentar explicar as coisas. Use esta tua tensão de descobertas para outras coisas. Por exemplo, até que ponto és estúpido.