đŽ O Homem-FalĂȘncia
ApĂłs um anĂșncio propositadamente esganiçado, gritado com irĂŽnica pompa e circunstĂąncia, um senhor adentra o estĂșdio. Com uma Ăłbvia aparĂȘncia de desempregado, o âHomem-FalĂȘnciaâ nĂŁo se preocupa mais com a barba (por fazer), o semblante (triste) e o paletĂł (amarrotado). Com seu andar lento, tĂpico do desĂąnimo trabalhista, ele abre uma maleta executiva, exibindo o nome da empresa falimentar. Ele Ă© o novo personagem do programa PĂąnico.
Queda do Ăndice da Bolsa de Valores, corrupção, queda da arrecadação, prejuĂzos em estatais e escĂąndalos em qualquer um dos trĂȘs poderes nĂŁo alteram o movimento das ruas. Ou seja, enquanto parece que o governo federal vai cair, as pessoas, alienadas dos acontecimentos e âsem tempoâ para ideologia, seguem suas vidas. Portanto, nĂșmeros e notĂcias ruins nĂŁo mobilizam a massa. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂsticas), muito ligeiro, maquia os nĂșmeros governamentais.
Entretanto, quando a crise chega no supermercado, na feira-livre, no armĂĄrio e geladeira vazios, a percepção muda. Esse termĂŽmetro da temperatura social Ă© visĂvel na quantidade de portas de lojas definitivamente fechadas. Ă isso que estĂĄ começando a acontecer como epidemia. Ă a âbigorna da realidadeâ caindo no governo do PT (Partido dos Trabalhadores).
Lula nĂŁo tem lastro para sustentar a falĂĄcia do bom administrador, o Orçamento estĂĄ quase todo empenhado em apoios, e a equipe ministerial ainda estĂĄ deslumbrada como quem ganhou na âMega-Sena. Sem saber o que fazer, Fernando Haddad, ministro da Economia, aumenta as taxas.
Mas o destaque Ă© este personagem criado pelo programa âPĂąnicoâ da âJovem Panâ: o Homem-FalĂȘncia. Com humor, ele representa a desolação daquele que Ă© vĂtima da onda de empresas fechadas.
A saĂda de emergĂȘncia do desespero Ă© o humor. Com gracejos âold schoolâ (antigos) e piadas de âtiozĂŁoâ, o âPĂąnicoâ mostra a nossa surreal polĂtica e dĂĄ um âchuteâ no politicamente correto, sem derrapar no bom senso.