A PEDRA

Não é que eu tenha medo

Tá mais para tímido pavor

A agonia dos dias passando

A mensagem clara no retrovisor:

Está provada minha arrogância

Em demonstrar metas cumpridas

Exaustivamente já alcançadas

Pelos meus iguais em espécie.

Não é que ninguém perceba

Tá mais para nítido descaso

A melhoria do caráter aprimorado

A vingança disfarçada de acaso:

Está obscura minha insatisfação

Ao contabilizar obstáculos vencidos

Festivamente já esperados

E cansativos

E exaustivos

E imbuídos

De caracteres diminutos

Num contrato mal redigido

Com regras mal tabuladas

Que resultam em medo

Pavor, arrogância e vingança

Tudo exatamente nesta ordem

E esperadamente voltado para um fim

Que não será o meu

Nem o seu

Nem o nosso

Talvez das circunstâncias

E seguiremos voltados para ela:

A pedra.