🔴 O corrimão do sucesso

Durante uma homenagem a Michel Temer na Câmara Legislativa do Distrito Federal, anunciou-se a presença de Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Entre aplausos e vaias, o presidente da Câmara do DF, deputado Wellington Luiz, entrou em cena e marcou território, ou seja, praticou, com muito empenho e destaque, a pura bajulação.

Sem a intervenção, os apupos, que já haviam cessado, teriam passado em vão. No entanto Wellington fez questão de destacar a vaia. Ele interrompeu os apupos: “Só um minutinho, por favor, gostaria, gentilmente, de pedir para que respeitem o ministro Alexandre de Moraes, pessoa que é muito bem recebida nesta casa”. E continuou: “Não existe ninguém nesta mesa que não mereça aplausos”. Completou: “Eu quero deixar bem claro, nosso carinho por Vossa Excelência, ministro, por tudo que o senhor tem feito pelo povo brasileiro”. Alexandre adotou uma postura de quem queria sumir e embrulhou a cara, como quem murmurava: “Fica” quieto.

Wellington Luiz demonstrou que é um excelente candidato a: perder no golfe pro patrão, lustrar seus sapatos, apanhar um cafezinho, manobrar o carro, dizer “desculpa qualquer coisa”, desejar saúde sem espirro e elogiar qualquer coisa de quem possa significar uma fonte de benefícios.

Antigamente, os aduladores tinham vergonha de ser identificados. É bom que se diga, quem exercia esse ofício, visando ao benefício pessoal e intransferível, não tinha nenhuma objeção em praticá-lo e sim o constrangimento de ser flagrado, sob pena da execração pública.

O puxa-saco profissional sabe a hora de entrar em evidência. E nosso herói, embora inconveniente, soube se impor: antes de todos, ele se apresentou para defender o ministro. Lógico, o presidente da Casa do DF tomou a atitude pensando em ter seu nome jamais lembrado no STF.

O presidente da Câmara deve ter aguardado o dia inteiro aquela oportunidade. Quando chegou o esperado momento, a ansiedade fê-lo “meter os pés pelas mãos”. Mas a atitude exagerada, se foi bem recebida, renderá frutos.

RRRafael
Enviado por RRRafael em 12/04/2024
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