O MAÇOM É REFÉM DO TEMPLO.
(Desenvolvendo o pensamento do Irmão Joaquim Roberto Pinto Cortez)
O trabalho que agora pretendo desenvolver não é uma crítica, por favor, não o vejam sob esse prisma, ele é tão somente um produto da minha observação; desejando é claro, desenvolver o pensamento do Ir. Joaquim Roberto Pinto Cortez em seu livro “Fundamentos da Maçonaria” editado nas oficinas da Madras Editora Ltda. - ISBN 85-7374-296-8.
Ao longo desses últimos anos e observando algumas Lojas, bem como conversando com alguns Irmãos, tenho observado e feito alguns comentários a respeito da não interação dos Maçons na vida profana, enfim, na sociedade em que estão fixados.
Tem-se a impressão que o Maçom vive alheio à sociedade e, o mais inadmissível, é que a maioria deles nos dá a impressão de não querer aparecer como Maçom.
Parecem não querer se identificar como Maçom, notadamente, assim se comportam como se tivessem vergonha ou medo de pertencer à Arte Real.
Aqui, eu quero fazer uma declaração muito especial: eu não tenho vergonha ou medo de ser Maçom, entretanto, eu tenho muita vergonha do comportamento de certos Maçons que denigrem essa Augusta Irmandade.
Tenho observado também que os Maçons vivem apenas de glórias do passado, não sendo hoje, nem uma pálida sombra de seus antigos dias.
Esta não é uma observação somente minha, pois lendo vários autores, sabidamente de profundos conhecimentos maçônicos, eles nos têm dito que a Maçonaria em diversas partes do mundo se encontra na mesma situação.
Eu quero dizer numa dormência de atos e fatos, preferindo a penumbra reclusa de seus Templos como que querendo se esconder do mundo.
Esse comportamento atípico dos Maçons nos leva ligeiramente a concluir que, a Maçonaria está passando por uma crise de valores, encontrando dificuldades em se adaptar ao mundo moderno.
Talvez, o conservadorismo exagerado não seja um bom “status quo” para a Maçonaria.
Nos dias de hoje, tudo evolui e aquilo que ficar preso às amarras do comportamento histórico (conservadorismo), por certo, definhará e palmilhará tão somente a vereda da inexpressividade – talvez seja este o caso.
Tudo aquilo que não se atualiza, acaba ficando obsoleto.
Uma outra observação diária e que se faz necessário nomear aqui, é que, os recém iniciados (Aprendizes) estão totalmente desiludidos com o que estão presenciando, isto é, apenas uma catequese homeopática de instruções e um rigor excessivo nos rituais, como dizem: ”está faltando algo mais”.
As instruções que aqui me refiro são aquelas ministradas pelos Mestres de uma forma didática sem criatividade e com uma insistência na repetição, que induz a certa lavagem cerebral, eu quero acreditar que esse não é o objetivo primordial da Maçonaria.
Mesmo porque, a repetição sem a devida criatividade, liberdade ou conotação, leva o Aprendiz a um bloqueio cego, não oferecendo condições para inteligir e argumentar o que está sendo introjetado.
Não é intenção minha querer mudar os Landmarks ou os princípios da Arte Real, afinal de contas, quem sou eu para abrigar tamanha pretensão.
O que a maioria dos Maçons deseja é que, não que a Maçonaria mude, muito pelo contrário, quem deve mudar se atualizando e se reciclando são os Maçons.
E não viver como se ainda estivessem trabalhando numa Guilda do século XVIII, ainda sob a influência deletéria da Idade Média.
Talvez, na insipidez árida das reuniões (sessões), na falta de estudo, na carência de cultura maçônica, no desinteresse em geral, devemos ficar em alerta e ver a fonte principal das ausências, das deserções e, afinal, do adormecimento definitivo.
As sessões em Loja não devem ficar tão somente restritas à praxe ordinária, ficando dessa forma, o tempo totalmente tomado pelos rituais e pela leitura dos expedientes, práxis essa que, leva ligeiro ao enfado.
Assim, afasta a possibilidade da apresentação de trabalhos, discussões temáticas, propostas de possíveis atividades no mundo profano, (uma ausência muito grande dos Maçons).
Enfim, fazer das sessões uma verdadeira tribuna para que, os Maçons de qualquer grau, possam expor com espontaneidade seus pensamentos, seus desejos e seus objetivos.
Isso deverá ser feito dentro de uma organização pré-estabelecida em uma outra sessão, obedecendo todos os princípios da Arte Real, como também o comportamento maçônico da tolerância e do respeito mútuo.
Esta afirmação de que as reuniões são insípidas, temos ouvido sempre dos Irmãos, e isso deriva da posição tomada por vários deles em reclamar de leitura de Boletim, de Atos, de Decretos ou Leis, das correspondências recebidas e expedidas e etc.etc.
Se não for possível mudar essa configuração das reuniões ordinárias, que se faça uma reunião exclusivamente para os debates como acima propusemos.
Se assim se procedesse, por certo, as reuniões tornar-se-iam mais agradáveis e não se deixaria os Irmãos à mercê, em busca solitária sem muita propriedade, estando sujeitos a muitas vezes adentrar por veredas não muito recomendáveis.
Eu tenho a certeza de que, o verdadeiro ensinamento maçônico, seria transmitido pelo exemplo e pela sabedoria de cada Irmão e pela atuação conjunta de toda a Loja.
A partir do momento em que ficar entendido que, nenhum Irmão é possuidor da verdade e, por uma dedução lógica, não estaria capacitado para transmitir a Verdade, sozinho.
Se fossem instaladas as sessões de uma forma mais democrática, poderíamos contar com essa práxis inovadora para, transmitir de uma forma mais aberta todos os conhecimentos, fortalecendo maçonicamente ambas as Colunas.
Tendo em vista essa atitude nova em se reunir com o objetivo de assimilar mais conhecimentos, fica claro que é obrigação de todos os Irmãos de um Quadro, trazer suas Luzes para a Loja.
Podendo assim, trilhar com todo o esforço no sentido do aperfeiçoamento de cada um dos Irmãos a um só tempo.
É evidente que se instalassem sessões com esse objetivo, reduziriam a um número mínimo os males que afligem a Maçonaria atual, trazendo, inclusive, benefícios para a Ordem.
Compete a todos os Irmãos mostrar o caminho que a Maçonaria deve trilhar pelos tempos, pois o colegiado de Irmãos é a Maçonaria e ela será sempre o somatório de todas as nossas ações.
Não quero dar continuidade a esse ensaio porque pode parecer uma intromissão, mas que na verdade, eu estou completamente adormecido por vários motivos; e o que mais influenciou para permanecer nesse estado foi esse que acima expus.
Porém, antes de encerrar esse modesto trabalho de observação, eu tenho ainda de fazer uma referência a algo também observado para concluir como desfecho final.
Existe uma grande culpa dos Mestres e também do Generalato que é a seguinte: A cerimônia de Iniciação não é acompanhada de esclarecimentos e estudos que objetivem despertar a verdadeira Maçonaria no Aprendiz.
Simplesmente, eles são colocados no alto da Coluna do Norte, onde assistindo as sessões econômicas, aguardam certo intervalo de tempo para que como Companheiros possam passar à Coluna do Sul, onde tudo se repetirá até se tornarem Mestres sem, contudo, conseguirem ser um verdadeiro Maçom.
Urge que os Maçons estudem com uma maior profundidade a sua própria Tríade: LIBERDADE-IGUALDADE-FRATERNIDADE.