Materialismo Espontâneo
Claro que temos sempre incertezas e dúvidas a respeito do presente, do passado e do futuro. Afinal! Quem sabe o que nos aguarda?
Contudo nos apegamos a abstrações conscientes e inconscientes para afagar o pensamento e confortar a “alma”. Tememos o desconhecido, isto é um aspecto, aliás, basilar do nosso próprio processo evolutivo enquanto seres humanos. Buscamos então um refúgio aconchegante na Religião, desenvolvendo a fé e uma regra de conduta calcada na moral e ética.
A concepção materialista do mundo deixa um pouco ou muito de lado os aspectos de significância inexoráveis da existência, onde o Mundo, o Cosmo e tudo que nos cerca tem um motivo nato para existir. No materialismo o mundo exterior e interior assume um aspecto de existência independente. Há uma divisão basilar que o mundo exterior é refletido em nossa própria consciência e materializa-se sem levar em conta o ser humano observador por exemplo.
A convicção mesmo que teórica de que o mundo é material, baseia-se num empirismo primitivo e racional. Um mundo material existe independentemente da consciência humana para o cognoscer. E todo o homem de certo senso equilibrado e dentro de um padrão de normalidade tem esta noção de materialismo do mundo.
Personifica-se como um materialismo natural e espontâneo, onde boa parte da ciência, por exemplo, está ancorada. Porém este materialismo espontâneo pode inevitavelmente nos arremessar diretamente para um empirismo vulgar e franco, o que inadvertidamente desaguará no positivismo total. Estas debilidades do materialismo espontâneo são o seu “tendão de Aquiles”, o que abre brecha para refutações inevitáveis e certos graus de ceticismo.
É preciso ter um salutar relativismo a respeito de verdades absolutas e dogmas imóveis. A verdade se é que ela existe não reside nas antípodas das conceituações teóricas e práticas.