31 de Março, 60 anos do contragolpe

Pílulas de História:

31 de Março, 60 anos do contragolpe

Fake history e fake news perduram na mídia e nas universidades

Félix Maier

Só houve ditaduras militares na América do Sul porque houve grupos terroristas comunistas que tentaram tomar o poder. Simples assim.

Porém, a reportagem do "Poder 360" (veja link https://www.poder360.com.br/internacional/ha-60-anos-brasil-iniciava-onda-de-ditaduras-na-america-do-sul/), assim como a mídia em geral, apenas relata as "consequências" oriundas do Movimento de 31 de Março de 1964, "esquecendo" marotamente de apresentar as "causas" que levaram àqueles acontecimentos, que são mais do que conhecidas. Para começar, deve-se salientar que havia uma guerra fria em seu auge, do Ocidente democrático tendo que enfrentar o Movimento Comunista Internacional (MCI).

Com a Revolução Cubana, em 1959, houve exportação de guerrilheiros para toda a América Latina. Eram grupos preparados principalmente por Cuba, Moscou, Pequim e Tchecoslováquia, com severa instrução militar, marchas, acampamentos, manuseio de inúmeros tipos de armamento, técnicas para leituras de cartas topográficas, manuseio de explosivos, sabotagem e treinamento guerrilheiro.

Desde 1961, já havia agentes cubanos no Brasil, espalhando o terror no Nordeste junto com as Ligas Camponesas de Francisco Julião, com incêndios de canaviais e destruição de usinas de açúcar, ao mesmo tempo em que compravam fazendas em vários Estados, para instalação de centros de guerrilha. Isso, obviamente os "guerrilheiros da pena" do "Poder 360" fazem questão de esquecer.

O livro histórico de Denise Rollemberg, "O apoio de Cuba à luta armada no Brasil", é autoexplicativo. A revista Veja, de 24/01/2001, sob o título "Qué pasa compañero?", faz uma análise centrada na tese de doutorado da pesquisadora Denise Rollemberg, da UFRJ, a qual afirma que "o primeiro auxílio de Fidel foi no Governo João Goulart, por intermédio do apoio às Ligas Camponesas, lendário movimento rural chefiado por Francisco Julião. (...) O apoio cubano concretizou-se no fornecimento de armas e dinheiro, além da compra de fazendas em Goiás, Acre, Bahia e Pernambuco, para funcionar como campos de treinamento”. Em sua língua de pau, Rollemberg se refere a incêndios a canaviais, verdadeiros atos terroristas, como um “lendário movimento rural”.

Os "guerrilheiros da pena" também esquecem de informar ao respeitável público que havia um golpe de João Goulart em andamento, com ação escancarada de comunistas, sindicalistas, intelectuais e "generais do povo" (melancias) e seu famigerado "esquema militar", com balbúrdia generalizada e quebra da disciplina e da hierarquia militar (Brizola incitava sargentos a matar oficiais), desabastecimento e greves constantes, ocasião em que os fura-greves tinham as pernas quebradas com barras de ferro.

Há inúmeras provas de que o golpe iria ocorrer em 01/05/1964, Dia do Trabalho, com decretação de Estado de Sítio, fechamento do Congresso Nacional e do STF, e criação de uma "República Sindicalista". Há uma manchete no jornal O Globo, de 6/4/1964, de que "A Revolução Democrática Precedeu de um Mês a Revolução Comunista" - cfr. imagem abaixo.

Obviamente, João Goulart não era comunista, mas um estancieiro rico do RS, que se valia dos sindicatos e dos comunistas para tentar se perpetuar no poder. Cria predileta de Getúlio Vargas, o candidato a caudilho, caso a aventura golpista tivesse prosperado, seria apenas o Kerenski brasileiro, pois logo seria substituído por um governo comunista, provavelmente sob a liderança de Luiz Carlos Prestes.

O Movimento Cívico-Militar de 31 de Março de 1964 foi aplaudido pela população brasileira e pela imprensa da época. É só consultar as manchetes dos jornais e das revistas - cfr. em https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/03/as-manchetes-do-contragolpe-de-1964.html.

Será mesmo que os "guerrilheiros da pena" nunca ouviram falar dos montoneros ("soldados de Perón") na Argentina, dos tupamaros no Uruguai, e da Frente Patriótica Manuel Rodriguez (FPMR) e Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR) no Chile? Nem da ALN de Marighella, MR-8 de Gabeira, VPR de Lamarca, VAR-Palmares de Dilma, Molipo de Zé Dirceu? Nem da OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade), criada em 1967 por Fidel Castro, para "criar um Vietnã em cada país latino-americano"? E que todos esses grupos terroristas, segundo falaram Eduardo Jorge e Fernando Gabeira (além de Aarão Reis), não queriam a democracia, mas a "ditadura do proletariado" - leia-se ditadura comunista? (Cfr. em https://www.facebook.com/watch/?v=406479866832043) Fala sério!...

Assim, os militares almoçaram os comunistas em 31 de março, antes que fossem jantados por eles, em 1 de maio. A um golpe em andamento, os militares brasileiros responderam com um contragolpe. O mesmo ocorreu no Chile, com Augusto Pinochet, em 1973. Na época, havia um "Plano Z" para ser desencadeado pelo comunista Salvador Allende, com farto armamento vindo de Cuba, quando em uma data festiva os chefes militares seriam assassinados para a implantação de uma ditadura comunista - a exemplo do que o Paxá Mohammad Ali fez com os remanescentes da antiga dinastia dos mamelucos que ainda o incomodavam no Egito.

Os terroristas deixaram um rasto de mortes em todo nosso continente e hoje têm porta-vozes que os defendem, ao mesmo tempo que demonizam os militares que impediram que a desgraça comunista se espalhasse entre nós. Verdadeiros patifes a soldo de fake history.

Essa é a true history, a única verdade: os militares sul-americanos defenderam seus países contra a sanha da Peste Vermelha. O resto é papo furado de terrorista e seus simpatizantes. Resumir os governos militares como sendo o tridente do diabo (perseguição, tortura e morte) não é próprio de jornalista, muito menos de historiador honesto, mas de patife assumido.

Como todo governo, o dos militares teve acertos e erros, muito mais acertos (cfr. em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/08/acertos-e-erros-da-revolucao-de-1964.html). O problema principal foi ter-se estendido por longos 21 anos (11 anos de ditabranda e 10 anos de ditadura, com o AI-5), sofrendo um desgaste natural. O "regime militar" deveria ter acabado ao fim do Governo Médici, quando os grupos terroristas das cidades e os guerrilheiros do Araguaia estavam desbaratados. Os governos de Ernesto Geisel e João Figueiredo foram desnecessários, apenas prolongaram a longa agonia do "regime militar".

Infelizmente, o que começou como uma grande esperança para o povo brasileiro acabou em um fim triste e melancólico, com os "duros" do regime não querendo "desmontar do tigre".

Fico imaginando se os militares brasileiros tivessem feito uma "limpeza" nos moldes cubanos, onde dezenas de milhares de opositores foram fuzilados no paredón. Che Guevara, na ONU, foi aplaudido freneticamente quando afirmou que a ditadura cubana "seguiria fuzilando". No total, foram menos de 400 mortos e desaparecidos no Brasil. No Chile, foram cerca de 3.000, na Argentina, exatos 5.916 (cfr. verbete, abaixo).

Como o Brasil da redemocratização teria sido muito melhor se não tivéssemos tido a volta dessa montanha de lixo e chorume deixados pelo caminho: Miguel Arraes, Leonel Brizola, Lula da Silva, Dilma Rousseff, José Dirceu, José Genoino, Fernando Gabeira, Bete Mendes, Miriam Leitão e tantos outros que emperram até hoje o desenvolvimento do País.

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Bônus para o leitor:

1. Para conhecer a história dos montoneros na Argentina, clique em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/08/guerrilha-desarmada-por-felix-maier.html

2. Para conhecer o contexto histórico do Chile sob Salvador Allende, que redundou no contragolpe de Pinochet, clique em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/07/allende-e-pinochet-o-mito-e-realidade.html

3. El Monumento a la Memoria - Construído em Buenos Aires, tem 5 paredes com 30.000 placas, que deveriam lembrar os mortos e desaparecidos argentinos durante o governo militar anticomunista. Porém, apenas 8.718 placas têm identificação, ou seja, há 21.282 placas em branco, sem nomes - uma mentira inflada quase 4 vezes. Os esquerdistas argentinos conseguiram ser ainda mais embusteiros que seus kamaradas brasileiros, ao criar a figura do “desaparecido sem nome”. Essa vergonhosa mentira vem sendo repetida há décadas e hoje todo mundo acredita que realmente houve 30.000 desaparecidos na Argentina, número assim redondinho, sem uma placa a mais ou a menos. Ultimamente, descobriu-se o número correto dos mortos e desaparecidos na Argentina: 5.916 - cfr. em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/07/argentina-aparecem-os-desaparecidos-por.html

4. MOVIMENTO 31 DE MARÇO DE 1964: A HISTÓRIA SONEGADA AO POVO BRASILEIRO

https://felixmaier1950.blogspot.com/2024/02/movimento-31-de-marco-de-1964-historia.html

Reportagem de "Poder 360":

Há 60 anos, Brasil iniciava onda de ditaduras na América do Sul Bolívia, Peru, Uruguai, Chile e Argentina também tiveram golpes militares entre as décadas de 1960 e 1990.

https://www.poder360.com.br/internacional/ha-60-anos-brasil-iniciava-onda-de-ditaduras-na-america-do-sul/