Penso, logo desisto.

Atire a primeira pedra quem nunca foi questionado sobre a escolha de lecionar ou anos depois cogitou na mudança de área. Mas o que leva as pessoas desistirem da docência ou nem considerá-la? E sobre o desânimo pós-sala? Trata-se de um problema individual ou da educação brasileira? Cabeças a pensar.

Muitos argumentam a desvalorização e os baixos salários como motivos desse não querer, já outros a cansativa rotina que a profissão exige. Posto isso, qual a alternativa correta? Todas elas acrescidas com os ingredientes da falta de empatia e união. A ausência desses “ingredientes” reforça este cenário de mil cobranças e zero reconhecimento salarial e social. Além disso, exponho uma curiosidade: professor também é ator. Sabe aquelas cenas de lágrima enxugada, idas aleatórias ao banheiro, longas respirações e pensamentos ao vento? Provavelmente uma epifania ou tentativas de desistência.

De forma análoga, é um reality com milhões de observadores, críticos, cancelamento à vista e nenhum botão ou sino para decretar “eu desisto”. É válido salientar que após a participação não há prêmio de um milhão ou contratos publicitários como é exibido pelas massas midiáticas, mas sim uma coleção de máscaras felizes - ou que fingem ser - para serem usadas no dia a dia. Sim, professores, o Oscar nos aguarda!

Nesse teatro educacional, existiria uma luz no fim do túnel? Seria distópico comentar que não, uma vez que concordo com Stephen Hawking quando diz que “enquanto há vida ainda há esperança”. Porém, não sejamos ingênuos. Viver não é sinônimo de mudança, mas sim as ações ao longo da vida. Diante deste drama e muitas vezes horror, encenem a união, a discussão e a luta por melhorias. Esse é o roteiro.