Os perigos do parecer: a militância de vitrine
Há quem sinta falta do interesse genuíno ou de quando os problemas sociais eram tratados como questões que afligiam a humanidade, em especial, a life dos vulneráveis. À medida que algumas discussões sociais tornam-se cômicas ao considerarem, por exemplo, o uso do delineado como algo a se debater, pautas relevantes perdem espaço para os militantes de vitrine. Militantes de vitrine? Sim, eles existem e possuem números estratosféricos de seguidores nas suas redes sociais. O problema desses, por sua vez, reside nas falsas preocupações e em narrativas que, a princípio, podem transmitir uma espécie de “cuidado social” ou até mesmo a luta pelos desfavorecidos, mas em sua essência são grupos que almejam visibilidade, contratos publicitários e lucros através de sistemas ideológicos que mantêm o racismo, o machismo e outros “ismos”que matam milhares de pessoas mundialmente. A era dos likes, comentários e compartilhamentos se apresenta como uma moeda de três lados: ser, ter e parecer. É preciso cuidado porque o jogo do ser é gracioso, autêntico, contudo raro. Já o do ter é o típico esforço que muitos têm em querer exibir carros importados e iPhones com valores absurdamente altos. E, por fim, o estilo que infelizmente está caindo na graça popular - a turma do parecer ou vitrine, esses demandam atenção e passos calculados em razão dos seus discursos fraudulentos. Além disso, ser enganado é comum nesta fantástica era, já que a sútil arte de encenar agora também é instrumento de má fé. Todos desse mundo vestem a capa da autoridade e comentam assuntos como cotas raciais, negritude e corpos não padrões, entretanto não possuem vivências, tampouco manifestam a prática “anti”em suas atitudes diárias. Não há fórmula mágica quanto a percepção de tal desonestidade , mas a consciência social sempre será a melhor armadura nesta batalha entre o ser e parecer.